Lupi sobre fraudes no INSS: “Minha falha foi não ter dado dimensão”

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O ex-ministro da Previdência Carlos Lupi disse, durante a oitiva na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre os descontos indevidos no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) nesta segunda-feira (8/9), que tomou conhecimento sobre as denúnias em março de 2023 e que a sua “falha maior” foi não ter percebido a dimensão do rombo causado pelo esquema.O escândalo do INSS foi revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens publicadas a partir de dezembro de 2023. Três meses depois, o portal mostrou que a arrecadação das entidades com descontos de mensalidade de aposentados havia disparado, chegando a R$ 2 bilhões em um ano, enquanto as associações respondiam a milhares de processos por fraude nas filiações de segurados. Leia também São Paulo CPMI do INSS: advogado de Lupi atuou pela inelegibilidade de Bolsonaro Brasil CPMI do INSS ouve ex-ministro Carlos Lupi. Siga ao vivo Paulo Cappelli PT recua em tentativa de manter descontos associativos no INSS Brasil Vice-presidente de CPMI espera que Careca do INSS saia preso de oitiva As reportagens do Metrópoles levaram à abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF) e abasteceram as apurações da Controladoria-Geral da União (CGU). Ao todo, 38 matérias do portal foram listadas pela PF na representação que deu origem à Operação Sem Desconto, deflagrada no dia 23/4 e que culminou nas demissões do presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.Lupi afirmou que a pasta demorou cerca de um ano para tomar medidas em 2024 porque só souberam da dimensão do esquema com as investigações da Polícia Federal: “Infelizmente não temos o poder da adivinhação”.O ex-ministro disse que o ministério e o INSS se reuniram com a PF no início do governo Lula após receberem as primeiras denúncias, e que a operação Sem Desconto, deflagrada cerca de um ano depois, começaram a partir de então. Classificou os desvios como uma “ação criminosa dentro do INSS”.“A gente infelizmente não tem o poder da adivinhação. Nunca tivemos capacidade de dimensionar o tamanho ou volume do que esses criminosos fizeram no INSS. Só foi possível depois da investigação da Polícia Federal. Agora sim a gente tem a dimensão que eu não tinha na época, Não tinha mesmo. Talvez a minha maior falha tenha sido essa, de não ter dado dimensão ao rombo”, disse.Oitiva de Carlos LupiCarlos Lupi é o primeiro ex-ministro da Previdência a prestar esclarecimentos à CPMI do INSS. O presidente do PDT chefiava a pasta desde o início do governo Lula 3 e deixou a gestão sob pressão depois da Polícia Federal deflagrar a operação Sem Desconto, afastar servidores do INSS e colocar em dúvida a anuência do ministério a respeito dos descontos.A saída de Lupi do governo representou um racha no posicionamento do PDT no Congresso Nacional. A bancada da Câmara decidiu deixar a base do governo, enquanto a do Senado permaneceu aliado ao Planalto.Por acordo entre a cúpula da CPMI, que é da oposição, e a base do governo, os ex-ministros foram convidados e não convocados, como havia sido requerido inicialmente. A mudança representa uma atenuação no peso do requerimento, já que convidados não são obrigados a se apresentar ao colegiado, enquanto convocados, são. Também foi convidado o atual titular da pasta, Wolney Queiroz.Por outro lado, 12 ex-presidentes do INSS foram convocados a depor. Entre eles, o presidente do INSS durante a gestão Lupi, Alessandro Steffanutto, que foi afastado durante a operação da PF e foi posteriormente demitido por Lula.