Um artigo publicado este mês na revista Nature Communications relata a primeira observação clara de Calisto, o segundo maior satélite natural de Júpiter, emitindo sinais de aurora. Com isso, os cientistas completam o registro das chamadas “pegadas aurorais” das quatro luas galileanas do planeta, que também incluem Io, Europa e Ganimedes.Segundo a NASA, as luas galileanas são assim chamadas em referência a Galileu Galilei, que foi quem as descobriu em 1610. Cada uma delas se destaca por suas características únicas: Io é vulcanicamente ativa, Europa possui uma superfície de gelo com um possível oceano subterrâneo, Ganimedes é a maior lua do Sistema Solar, e Calisto, a mais distante, é coberta por crateras antigas.Calisto é o segundo maior satélite natural de Júpiter e o mais distante do planeta, além de ser a terceira maior lua do Sistema Solar. Crédito: JPL/NasaEm poucas palavras:Cientistas observaram pela primeira vez a lua Calisto, de Júpiter, emitindo sinais aurorais;De acordo com os dados da sonda Juno, da NASA, ela exibe padrões semelhantes aos das luas irmãs;A interação entre Calisto e Júpiter gera partículas e ondas magnéticas;As medições foram possíveis durante evento solar que deslocou as luzes dos polos do planeta;Missões como Europa Clipper e JUICE podem aprofundar a investigação magnética de Júpiter.Assim como a Terra, Júpiter apresenta auroras brilhantes em seus polos. No entanto, algo peculiar acontece com as luas galileanas, que não se observa no satélite natural do nosso planeta: elas interagem com o campo magnético do gigante gasoso, criando emissões únicas. Essas “pegadas aurorais” aparecem em diferentes comprimentos de onda, como ultravioleta, rádio e ondas de plasma, permitindo que os cientistas estudem como cada lua influencia a magnetosfera de Júpiter.Combinação estratégica de fatores permitiu visualizar assinaturas aurorais de CalistoDe acordo com um comunicado, o Telescópio Espacial Hubble, da NASA, já havia identificado sinais aurorais em Io, Europa e Ganimedes. A lua Calisto, porém, apresentava apenas indícios fracos. Sua emissão era muito tênue e, na maioria das vezes, se misturava à intensa aurora de Júpiter, o que dificultava a análise e impossibilitava caracterizar suas propriedades de forma completa.Sonda Juno capturou as marcas em Júpiter de todas as quatro luas galileanas. As auroras relacionadas a cada uma delas são identificadas no quadro por Io, Eur (de Europa), Gan (de Ganimedes) e Cal (de Calisto). Crédito: NASA/JPL-Caltech/SwRI/Equipe UVS/MSSS/Gill/Jónsson/Perry/Hue/RabiaEm órbita de Júpiter desde 2016, a missão Juno, também da NASA, oferece imagens sem precedentes das luzes polares do gigante gasoso. Para registrar as assinaturas aurorais de Calisto, a principal aurora oval do planeta deve se deslocar enquanto a sonda fotografa os polos. Além disso, os instrumentos da espaçonave precisam que ela passe pela linha do campo magnético que liga Calisto a Júpiter, para conseguirem observar partículas, ondas e variações magnéticas geradas pela interação entre os dois corpos.Essa combinação de fatores ocorreu durante a 22ª órbita, em setembro de 2019, quando um vento solar de alta densidade atingiu Júpiter e deslocou sua aurora oval em direção ao equador. Pela primeira vez, o evento revelou a “pegada auroral” de Calisto à sonda, que estava na posição exata e pôde ainda obter dados valiosos sobre a interação entre a lua e o campo magnético do planeta.Sonda Juno capturou as marcas em Júpiter de todas as quatro luas galileanas. As auroras relacionadas a cada uma delas são identificadas como Io, Eur (de Europa), Gan (de Ganimedes) e Cal (de Calisto). Crédito: NASA/JPL-Caltech/SwRI/Equipe UVS/MSSS/Gill/Jónsson/Perry/Hue/RabiaAs medições permitiram aos pesquisadores mapear com precisão as assinaturas aurorais em diferentes tipos de radiação e ondas. Os resultados mostraram que Calisto compartilha padrões semelhantes aos de suas irmãs galileanas, confirmando teorias sobre as interações entre os satélites e a magnetosfera de Júpiter.Leia mais:Sonda da NASA revela segredos de Júpiter e da lua vulcânica IoSonda da NASA registra lua em forma de batata e tempestades de JúpiterPossíveis “movimentações” em lua de Júpiter intrigam cientistasÓrbita de Júpiter recebe novas espaçonaves na próxima décadaA sonda Juno segue investigando as luas de Júpiter, mas novas missões devem aprofundar o conhecimento sobre elas. Lançada em 14 de outubro, do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, a bordo de um foguete SpaceX Falcon Heavy, a missão Europa Clipper, da NASA, está prevista para chegar ao sistema joviano em 2030. No ano seguinte, quem alcança a órbita do planeta é a sonda JUICE, da Agência Espacial Europeia (ESA). Juntas, essas espaçonaves devem esclarecer mais sobre os fenômenos aurorais, a dinâmica magnética de Júpiter e o comportamento das luas galileanas.O post NASA encontra ‘pegadas aurorais’ nunca antes vistas em uma das luas de Júpiter apareceu primeiro em Olhar Digital.