O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). A cirurgia robótica tem ganhado espaço e evidência no tratamento da doença por oferecer maior precisão e recuperação mais rápida.Em agosto, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) no Sistema Único de Saúde (SUS) aprovou a inclusão da cirurgia robótica para tratamento do câncer de próstata na rede pública de saúde, aumentando o acesso a tratamentos inovadores para o tumor. Leia Mais Câncer é a principal causa de morte em 670 cidades do Brasil, diz estudo Anvisa aprova novo tratamento para câncer no sangue; entenda Cura de câncer de próstata pode chegar a até 98%; entenda Além disso, neste ano chegou ao Brasil uma tecnologia chinesa que promete acelerar o acesso à cirurgia robótica. O robô cirúrgico TOUMAI, desenvolvido pela empresa chinesa Medbot, pertencente ao grupo Microport, foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2024 e já está presente em duas instituições brasileiras: o Hospital 9 de Julho, em São Paulo, e o Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre.O TOUMAI foi criado em 2014 e realizou a primeira cirurgia robótica em Xangai, na China, em 2019, tornando-se o principal concorrente do Da Vinci, sistema que, até o momento, domina o campo de cirurgia robótica.“Os chineses, praticamente, fizeram um robô que é uma cópia do robô americano [Da Vinci], mas com algumas melhorias, como maior definição de imagem e o fato de ser o primeiro console que já vem programado para fazer telecirurgias”, explica Bruno Benigno, urologista e oncologista do Hospital Oswaldo Cruz e diretor da Clínica Uro Onco, à CNN Brasil. O especialista teve a oportunidade de testar a tecnologia aqui no Brasil.“Além dessas melhorias, o robô tem uma proposta de diminuição de custos. Os chineses tiraram alguns gadgets, que eu diria que são ‘perfumarias’ do console, e isso diminui o custo sem comprometer a usabilidade e a segurança”, explica.O robô TOUMAI possui uma torre única de onde saem os braços cirúrgicos. Para o cirurgião, ele oferece visão tridimensional e em alta definição, além de vir integrado à funcionalidade de telecirurgia, para cirurgias à distância, e um software para aumentar a sensibilidade tátil do profissional.Além da tecnologia chinesa, outras técnicas estão ganhando espaço na cirurgia robótica para o câncer de próstata. Uma delas é a Retzius Sparing — uma variação da prostatectomia radical robótica —, realizada pela primeira vez há nove anos no Brasil. O procedimento proporciona recuperação funcional mais rápida e preservação das estruturas responsáveis pelo controle urinário e pela função sexual.Na prostatectomia robótica tradicional, o acesso à próstata é feito pela região anterior, entre a bexiga e a parede abdominal, com maior manipulação dos tecidos e estruturas próximas à bexiga. Já na técnica Retzius Sparing, o cirurgião aborda a próstata por via posterior, entre a bexiga e o reto, evitando o descolamento de ligamentos e vasos importantes para a recuperação funcional.Em quais casos a cirurgia robótica é indicada?Segundo Benigno, a cirurgia robótica é indicada para casos de câncer de próstata em que a doença está localizada, ou seja, ainda não se espalhou para os gânglios e para outros órgãos próximos. “Nesses cenários, aumenta a chance de o paciente combinar os tratamentos. Então, por exemplo, ele pode fazer a cirurgia e complementar com radioterapia”, afirma.Quando o paciente sofre metástase, ou seja, já está localizada em outros órgãos além da próstata, a cirurgia não é recomendada. “Quando a doença é descoberta no início, há mais chance de cura e maior probabilidade de cirurgia. Por isso, fazemos a campanha de diagnóstico precoce”, reforça o especialista.Segundo o especialista, a cirurgia robótica apresenta a mesma chance de cura da cirurgia tradicional, mas oferece alguns benefícios a mais para o paciente. “Os homens que fazem a robótica têm menos taxa de incontinência urinária. Eles recuperam o controle da urina mais rápido”, afirma Benigno. “Eles também têm maior taxa de preservação da ereção e a recuperam mais rápido”, completa.Além disso, a cirurgia robótica está associada a menor sangramento e menos dor no pós-operatório, segundo o especialista.*Com informações do urologista Marcos Tobias Machado, membro da Brazil HealthNovembro Azul: veja 5 sintomas do câncer de próstata