O coordenador-geral de análise de conjuntura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Pedro de Souza Mesquita, afirmou que o Comando Vermelho (CV) está envolvido em todos os confrontos entre facções criminosas no país.A declaração foi feita durante reunião interna da agência no Senado Federal, que discutiu o crescimento do crime organizado em diferentes regiões do Brasil.“A gente tem confronto de grupos organizados no Brasil e todos eles envolvem o Comando Vermelho. Não há confronto de organizações criminosas hoje que não envolva o CV”, disse Mesquita. Leia Mais Suspeito de aplicar golpe “Boa noite, Cinderela” em turistas é preso no Rio Megaoperação: Theatro Municipal recebe missa de sétimo dia para policiais Túnel Rebouças é liberado após sete horas fechado por incêndio em ônibus Segundo a Abin, o processo de expansão do Comando Vermelho teve início em 2013 e se consolidou em 2024, tornando-se um dos principais desafios à segurança nacional.O diretor de inteligência interna da agência, Esaú Feitosa, afirmou que o problema já extrapola o campo das forças de segurança.“O crime organizado deixou há muito tempo de ser um problema somente policial. A compreensão de como essa ameaça intervém na estabilidade do Estado perpassa quaisquer tipos de abordagens policiais”, destacou.Avanço do Terceiro Comando PuroUm relatório recente da Abin mostra que o TCP já opera em nove estados além do Rio de Janeiro: Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Ceará, Amapá, Acre, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul.Os dados apresentados pela Abin apontam que o CV ofereceu redes de logística para compra de drogas e armas a facções locais, ampliando sua influência em estados que tradicionalmente resistiam à presença do PCC (Primeiro Comando da Capital).Mesquita observou que, enquanto o PCC desloca parte de suas operações para o exterior, o TCP (Terceiro Comando Puro) amplia sua atuação no Brasil.Ainda segundo o coordenador, o TCP passou a disputar territórios diretamente com o CV, oferecendo estrutura semelhante de fornecimento de armas e drogas, além de abrigo em comunidades sob sua influência.“Ele foi ocupando, mas em vez de oferecer resistência ao PCC, oferece resistência ao CV. Ofereceu a mesma rede de fornecimento de fuzil, a mesma rede de fornecimento de drogas e o mesmo pretenso homizio em comunidades da facção no Rio de Janeiro”, explicou Mesquita.Sinal de alerta nacionalA Abin avalia que o avanço simultâneo de CV e TCP acende um sinal de preocupação em todo o país, ao espalhar a lógica de confrontos violentos típica do Rio de Janeiro para outras regiões.Segundo a agência, a expansão dessas organizações criminosas representa um desafio crescente à estabilidade e à segurança nacional, exigindo novas estratégias de enfrentamento e monitoramento integrado entre os órgãos de Estado. *Sob supervisão de Pedro Osorio