Acordo de Paris: como as metas evoluíram nos últimos 10 anos

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Há 10 anos, durante a COP21, o Acordo de Paris foi assinado por 195 países com o objetivo de fortalecer a resposta global às mudanças climáticas e reforçar o compromisso dos países para lidar e mitigar os impactos dessa ameaça.A meta específica definido pelo Acordo de Paris é limitar o aumento da temperatura a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais, número considerado pela ciência o máximo aceitável para evitar os impactos mais devastadores e extremos da mudança climática, mesmo que alguma adaptação ainda seja necessária.No entanto, em 2024, o planeta ultrapassou, pela primeira vez, esse limiar: a temperatura global no ano passado foi 1,6 °C mais quente do que o período antes da queima de combustíveis fósseis em grande escala. Leia mais Tributos sobre multinacionais e super-ricos podem financiar clima, diz Lula Alemanha confirma investimento "considerável" no TFFF À CNN Brasil, Amanpour diz que crise climática é "ameaça existencial" Ter atingido este limite em um único ano não é o suficiente para afirmar que já chegamos no patamar de 1,5 °C de aumento a longo prazo, mas é um sinal preocupante.Segundo relatório divulgado pela ONU nesta semana, parece inevitável que ultrapassemos esse limite imposto pelo Acordo de Paris nos próximos anos – pelo menos temporariamente. O documento aponta que, mesmo que os últimos compromissos dos governos para reduzir as emissões no futuro sejam cumpridos, o mundo ainda teria entre 2,3 e 2,5 °C de aquecimento.O climatologista, professor e co-presidente do Painel Científico para a Amazônia, Carlos Nobre, explica: “Não é que nós falhamos em cumprir a meta, é que a ciência não conseguiu prever que [a temperatura] subiria tão rápido assim.”Avanços e desafiosMesmo que a meta de limitar o aquecimento global a 1,5 °C pareça difícil de ser cumprida, o Acordo de Paris foi responsável por promover um maior engajamento dos países com o compromisso de mitigar o aquecimento global e enfrentar a crise climática.No entanto, como as metas de cada país para diminuir suas emissões são voluntárias – as chamadas NDCs (contribuições nacionalmente determinadas) –, não há como obrigá-los a cumprir com suas promessas.O desafio se tornou ainda maior no início deste ano, com a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris logo após o presidente Donald Trump tomar posse em seu segundo mandato. A decisão colocou os EUA ao lado do Irã, Líbia e Iêmen como os únicos países do mundo fora do acordo de 2015.Os Estados Unidos ocupam o segundo lugar no ranking de países que mais emitem gases de efeito estufa, atrás apenas da China.Para Carlos Nobre, é difícil imaginar que o planeta se manterá dentro do limite do Acordo de Paris: “Nós não estamos no caminho para conseguir a meta de 1,5 °C. Entre 5 e 10 anos, no máximo, nós vamos passar. E se a gente atingir 1,5 °C até 2035, nós vamos passar de 2 °C até 2050 e podemos chegar a 2,5 °C [de aumento]. Isso é muito grave.”Crise climática pode provocar nova extinção em massa, diz pesquisador