A soja brasileira está mais barata que a norte-americana apesar da redução da tarifa anunciada por Pequim na véspera, e mesmo sem a taxa chinesa remanescente de 13% para o produto dos Estados Unidos estaria mais competitiva, avaliaram analistas.A situação acontece em plena entressafra no Brasil e após o país ter consumido e exportado grande parte de sua safra recorde de 2025.Leia tambémHaddad nega em entrevista que fiscal vá explodir em 2027“É como se as pessoas dissessem: ‘Olha, se continuar fazendo essa trajetória vai bater no muro’. Mas não é assim. Tem um piloto ali”, falou Igualar facção a terrorismo pode inibir investidores, mostram casos no exteriorDiscussão no Congresso para enquadrar facções na Lei Antiterrorismo pode gerar efeito dominó, dizem especialistasSegundo especialistas, isso ressalta a competitividade do maior produtor e exportador global de soja frente ao seu principal concorrente, os EUA, que têm perdido mercado para os brasileiros em meio a disputas comerciais com a China.De todas as exportações de soja do Brasil de janeiro a outubro, a China, maior importador global, foi destino de 79,9%, uma máxima que supera até mesmo o índice de 2019 (78%), após a primeira guerra comercial entre Pequim e Washington, de acordo com dados publicados nesta quinta-feira pela associação de exportadores Anec.Nos últimos três meses, com os EUA fora do mercado chinês em função das tarifas mais altas, de 88% a 94% (em outubro) do total exportado de soja pelo Brasil foi para o país asiático, segundo a Anec.‘O preço brasileiro hoje está melhor que americano sem tarifa, e o Brasil está vindo com uma safra maior do que a do ano passado, e a própria tarifa de 13% também faz o Brasil ficar mais competitivo’, afirmou o Head de Commodities da América Latina da Barchart, Fernando Berardo, à Reuters.As projeções são de um novo recorde para a produção brasileira de soja em 2026, superando a máxima histórica de pouco mais de 170 milhões de toneladas em 2025. Volumes mais relevantes da safra nova começam a chegar aos portos exportadores em fevereiro, com a colheita começando em janeiro.A soja brasileira colocada em porto na China, incluindo custo e frete (CNF), está cotada em US$29,10 por saca de 60 kg, enquanto a norte-americana vale US$30,70/saca, de acordo com a Barchart, empresa especializada em dados e informações com sede em Chicago.A China iniciou nesta semana algumas compras modestas de produtos agrícolas dos EUA depois que os líderes dos dois países se reuniram na semana passada, mas traders ainda aguardavam compras significativas de soja depois que a Casa Branca disse que Pequim se comprometeu a comprar 12 milhões de toneladas de soja até o final do ano.Enquanto os detalhes do acordo EUA-China não são divulgados, Berardo disse que é preciso se ater aos fatos: ‘a soja americana é mais cara que a brasileira sem os 13%’.Os analistas ouvidos pela Reuters comentaram que, embora o preço na bolsa de referência de Chicago tenha subido com o anúncio do acordo entre China e EUA, os prêmios para a soja nos portos do Brasil recuaram valores proporcionais, mantendo a competitividade brasileira.‘Fica esse ponto crucial: do ponto de vista econômico não faz sentido (compras da China nos EUA). O preço hoje já está mais caro sem a tarifa, a safra (nova) brasileira entrando, o prêmio vai arrefecer’, disse ele, avaliando que entre os fatores para o preço mais alto nos EUA estão as lentas vendas pelos produtores norte-americanos.Positivo para mercadoPara Luiz Fernando Roque, coordenador de Inteligência de Mercado na Hedgepoint Global Markets, ainda que a soja brasileira siga mais competitiva, o acordo que reduziu a tarifa para o produto dos EUA é positivo para o mercado em geral, na medida em que reduz incertezas, e também favorece o Brasil.‘Isso torna a soja americana mais competitiva do que estava antes. Mas ainda assim, nesse momento, com os ajustes que o mercado está tendo… o preço da soja brasileira está melhor para o chinês ainda’, afirmou.Segundo ele, ‘independentemente’ do acordo, a soja brasileira vai continuar competitiva, embora os EUA possam atender parte da demanda chinesa entre novembro e janeiro, antes da entrada da nova safra no Brasil, período no qual o país não teria volumes suficientes para atender a China após exportações recordes de janeiro a outubro.Os prêmios para embarque em dezembro no porto de Paranaguá estão em cerca de US$1,20 por bushel, segundo dados do centro de estudos Cepea, enquanto para exportação em março estão negativos em US$0,10, demonstrando uma escassez no Brasil no período da entressafra, no primeiro caso, e a expectativa com a grande safra em 2026, no segundo.‘Não muda muito o nosso quadro, o Brasil segue como a preferência da importação de soja durante o próximo ano, sobretudo no primeiro semestre. E isso só vai mudar se tiver alguma quebra muito forte (de safra), que deixaria o nosso mercado com escassez de produto, o que não é o caso’, afirmou o especialista da consultoria Safras & Mercados, Rafael Silveira.Ele comentou que as projeções para a safra nova seguem indicando um aumento na produção, deixando os prêmios nos portos negativos para a safra nova.The post Soja do Brasil seria competitiva mesmo sem tarifas da China para EUA, dizem analistas appeared first on InfoMoney.