O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta quarta-feira (5) que a radicalização política se aprofundou no Congresso Nacional e que a divisão entre governo e oposição tem dificultado a construção de consensos em torno das principais pautas do país. A declaração foi feita durante o Fórum de Buenos Aires, evento promovido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, que reuniu autoridades da América Latina para discutir democracia e Estado de Direito.“A Câmara tem essa divisão muito latente no dia a dia. Quando chegamos ao segundo biênio dessa legislatura, a radicalização se torna ainda mais forte. A antecipação do debate eleitoral interfere diariamente no nosso trabalho”, afirmou Motta, ao citar a disputa antecipada pela sucessão presidencial de 2026.O presidente da Câmara destacou que a tensão política é alimentada pela relação entre os dois principais polos da política nacional — o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que deve disputar a reeleição, e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu no Supremo. “Temos o presidente Lula, já se preparando para a próxima eleição, e o Supremo julgando o ex-presidente Bolsonaro, o maior líder da direita no Brasil. Isso interfere completamente no dia a dia da Casa”, disse.Motta reconheceu que a falta de consenso tem impacto direto sobre a tramitação de projetos e defendeu que o Parlamento volte a se concentrar em pautas de interesse concreto da população. “Tenho procurado sair um pouco dessa radicalização para que possamos tratar do Brasil real e fazer as mudanças esperadas de nós”, declarou.Ele também mencionou o cenário externo e as novas tensões internacionais, citando as sanções impostas por decisões judiciais e medidas econômicas recentes, como fatores adicionais de instabilidade. “Temos agora um arranjo internacional que não imaginávamos, com as recentes decisões sobre tarifas e sanções agrícolas do governo americano, que interferem completamente no dia a dia da Casa”, afirmou.O deputado defendeu que o Parlamento se mantenha sintonizado com os novos tempos, com foco em projetos estruturantes e em uma atuação mais pragmática. Entre as prioridades, ele citou o novo marco das concessões e parcerias público-privadas, a nova lei do licenciamento ambiental, a regulamentação da inteligência artificial e a agenda de segurança pública, que inclui a votação da PEC da Segurança e o projeto que equipara facções criminosas ao terrorismo.“O Parlamento tem de se sintonizar com os novos tempos para ser mais eficaz e atender aos desejos da sociedade. Nosso compromisso é com o desenvolvimento do país, mas também com a estabilidade democrática”, concluiu.The post Hugo Motta: Radicalização no Congresso se intensificou e pede foco no “Brasil real” appeared first on InfoMoney.