Entenda o racha entre apoiadores de Bolsonaro na disputa pelo Senado em SC

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A disputa pelo Senado em Santa Catarina se tornou um problema e provocou um racha entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). No ano que vem, a Casa renova 2/3 das suas cadeiras, elegendo dois senadores por estado.O vereador Carlos Bolsonaro (PL) anunciou no final de outubro sua pré-candidatura. Para isso, ele terá que trocar seu domicílio eleitoral do Rio de Janeiro para o estado do Sul.Seu irmão Flávio Bolsonaro (PL) deve disputar a reeleição ao Senado pelo estado fluminense, o que poderia ocasionar conflito com a candidatura de Carlos, o levando a procurar outra unidade federativa.Algo parecido já aconteceu na família Bolsonaro, quando Jair e Eduardo disputaram uma vaga na Câmara dos Deputados, em 2014. Um concorreu pelo Rio o e outro por São Paulo. Ambos foram eleitos na ocasião. Leia Mais: Família Bolsonaro poderá ter até três senadores em 2026; entenda Bolsonaro ainda aposta em candidatura de Eduardo em 2026 Análise: Aliados admitem possível prisão em regime fechado de Bolsonaro Disputa localAgora, a questão avança para uma disputa local.A deputada federal Carol de Toni (PL-SC) pretende disputar uma vaga no Senado por seu estado em 2026.O governador Jorginho Mello (PL) tinha intenção de lançar a chapa com Carol e o senador Esperidião Amin (PP-SC), que disputa a reeleição. Mas optou por Amin e Carlos Bolsonaro, diante da determinação de Jair Bolsonaro de que seu filho “zero dois” concorresse a uma das duas vagas da Casa Alta.Com isso, a deputada passou a articular uma possível migração para o Novo para que possa viabilizar sua candidatura. Ela relatou ter recebido convites de outros partidos, como União Brasil, Republicanos, MDB e a Missão, sigla do MBL (Movimento Brasil Livre).Em entrevista a rádio da Rede Princesa, de Xanxerê (SC), no dia 23 de outubro, ela afirmou que Jorginho Mello “não gostaria de abrir mão do tempo de TV do Amin”, motivo pelo qual o prefere na composição da chapa.“O Jorginho comentou que o Bolsonaro insiste no Carlos e ele [Jorginho] insiste que precisa do Amin. Só que a posição do Bolsonaro pelo que me foi passada é que ele vai me apoiar independente de onde eu estiver, então mesmo que eu tenha que mudar de partido eu o farei para concorrer ao Senado”, afirmou.Segundo De Toni, a candidatura “não é um desejo seu, mas dos catarinenses”. “Se eu devo a minha primeira eleição é ao Bolsonaro, mas em Santa Catarina eu não sou subordinada a nenhuma outra liderança política que não minha própria consciência e meu temor a Deus”, disse.A partir disso, Carlos passou a defender uma chapa com a parlamentar.“Conversei há pouco novamente com Carol de Toni e seguimos unidos pelo mesmo propósito, conforme determina minha consciência e com apoio do meu pai preso e impossibilitado de se expressar e de se comunicar. Seguimos todos de acordo com o que acreditamos ser o melhor para o Brasil”, escreveu nas redes sociais.Anteriormente, o vereador atribuiu as informações sobre a eventual mudança de partido da parlamentar como “um plano cristalino e diário para desconstruir Jair Bolsonaro” e afirmou que os dois devem disputar as duas vagas em uma “chapa puro-sangue” do PL.Análise: Postagem de Carlos Bolsonaro acirra divisão da direita | LIVE CNNDeputada estadual contra CarlosA deputada estadual Ana Campagnolo (PL-SC) disse nas redes sociais no fim do último mês que a disputa ao Senado tem “duas vagas que o partido dividiu entre PL e PP”.“O PP vai manter a candidatura do Amin como sempre foi. A vaga do nosso PL era da deputada Carol, agora será dada ao Carlos”, prosseguiu.Carlos, por sua vez, reagiu contra a deputada.“Não sejam mentirosos! Absolutamente nada do que essa menina está falando é verdade. Quanta baixaria! Lamentável!”, comentou. Em seu perfil no X, antigo Twitter, repetiu na segunda-feira (3) que “os pré-candidatos de Jair Bolsonaro ao Senado Federal são Carol e Carlos Bolsonaro”. Ele já havia feito postagem semelhante.Campagnolo voltou a falar sobre o assunto em uma postagem na terça-feira (4).“Fui acusada de mentirosa pelo meu colega Carlos por anunciar que a chegada dele tiraria a Carol do partido. Carlos publicou afirmando que Carol De Toni continua sendo candidata bolsonarista mesmo fora do PL. A realidade bate à porta: a deputada Carol já está conversando e recebendo convites de outros partidos”, afirmou.Segundo a deputada estadual, a estratégia “bagunça” o movimento do partido em SC.“Dito isso, finco meu pé no partido do Bolsonaro, sou leal ao projeto, já dei mil provas da minha competência e da minha dedicação. Espero que Carlos Bolsonaro reveja a forma que está me tratando, porque eu não pretendo abandonar a minha missão e o motivo que me trouxe para perto de Jair Bolsonaro em 2014 quando nos conhecemos em Brasília”, disse.Ela ainda acrescentou que “esse não era o cartão de visitas que a maioria dos catarinenses esperava de alguém que vem de fora almejando nos representar”.Posteriormente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) saiu em defesa do irmão Carlos.Segundo Eduardo, a “insurgência” de Ana Campagnolo “nada tem a ver com valores morais, mas apenas com conveniência e tática política”, e suas críticas são inaceitáveis na forma e no conteúdo.“Na forma, por terem sido feitas em público. No conteúdo, por se insurgirem contra a liderança política que a projetou e, pior, por representarem uma tremenda injustiça, já que ela usa uma régua contra meu irmão que jamais aplicou a si mesma”, escreveu.Eduardo defendeu a candidatura do irmão e afirmou que “a ideia de que uma deputada estadual, cuja carreira política foi viabilizada pela liderança nacional, tenha o direito de se insurgir publicamente contra essa mesma liderança é absurda”. “Essa turbulência passou dos limites e não agrega a ninguém”, finalizou.Quem aparece à frente nas pesquisas?Segundo pesquisa do instituto Real Time Big Data divulgada em setembro, Carlos Bolsonaro conta com 45% das intenções de voto para ocupar uma cadeira no Senado por SC, contra 33% de Carol de Toni. Na sequência, o levantamento mostra o senador Esperidião Amin, com 21%, e o ex-deputado federal Décio Lima (PT), com 19%. Em seguida, o prefeito de Joinville (SC), Adriano Silva (Novo), conta com 17%.O ex-deputado federal Carlos Chiodini (MDB) e Paulo Alceu (sem partido) têm 7% cada.Votos em branco e nulo também somam 7%. Os que não souberam responder ou não opinaram, 4%.A pesquisa, encomendada pela Record, ouviu 1.200 pessoas entre os dias 2 e 3 de setembro por consultas telefônicas. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.Pesquisa para o Senado Federal | Santa CatarinaCarlos Bolsonaro (PL): 45%Caroline de Toni (PL): 33%Esperidião Amin (PP): 21%Décio Lima (PT): 19%Adriano Silva (Novo): 17%Carlos Chiodini (MDB): 7%Paulo Alceu (sem partido): 7%Nulo/branco: 7%Não sabem/não responderam: 4%Sem Carlos Bolsonaro e com a deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC), o cenário é o seguinte:Caroline de Toni (PL): 36%Esperidião Amin (PP): 27%Adriano Silva (Novo): 22%Júlia Zanatta (PL): 19%Décio Lima (PT): 19%Paulo Alceu (sem partido): 9%Antídio Lunelli (MDB): 9%Nulo/branco: 8%Não sabe/não respondeu: 5%*Publicado por Douglas Porto, com informações do Estadão Conteúdo