O mercado de escritórios corporativos em São Paulo (SP) vive, ao mesmo tempo, dois ciclos completamente distintos. Enquanto a Faria Lima segue com vacância mínima e aluguel forte, a Marginal do Pinheiros — especialmente o eixo Chucri Zaidan — enfrenta uma combinação desafiadora de alta oferta e dificuldade de repasse de preço.Esse descompasso, afirmam executivos da RBR Asset e do Patria, não só explica a escalada recente dos valores na região mais nobre da cidade como também afasta, por ora, a possibilidade de um “aluguel teto” que force uma correção para baixo.Ricardo Almendra, CEO e sócio-fundador da RBR, resume o diagnóstico com um contraste simples. Na Faria Lima, a dinâmica é de competição por espaço; na Chucri, a pressão vem do lado da oferta. Segundo ele, os novos empreendimentos previstos para a Marginal — como o Esther Towers e o Alto das Nações — devem adicionar algo entre 200 mil m² e 500 mil m² ao estoque nos próximos anos. “É justamente a região com maior vacância e desafios de preço”, afirmou no Superclássicos de FIIs, promovido no Canal da XP.O movimento oposto ocorreu no principal eixo corporativo da capital. Almendra lembra que, apesar da percepção de que a Faria Lima ficou “cara demais”, os aluguéis basicamente seguiram a inflação desde 2015. “Quando o [prédio] Faria Lima 4440 foi entregue, falávamos em R$ 150/m². Corrigido pela inflação, chega-se muito próximo dos números atuais de R$ 250, R$ 300, R$ 350, dependendo do ativo. O que destoou foi a Chucri, que há mais de uma década fala os mesmos preços nominais.”A composição da vacância também importa — e muito. Almendra usa um exemplo ilustrativo: dois prédios completamente vazios têm impacto maior no mercado do que dez prédios com mesma proporção em pequenas áreas ociosas. “Quem entrega um prédio grande fica queimando caixa. O proprietário vai oferecer carência gigante, pagar reforma do inquilino, tudo para encher rápido. Isso pressiona o mercado local.”Rodrigo Abbud, head de Real Estate Brasil do Patria, reforça que o ciclo atual impede a retomada da atividade construtiva fora dos eixos premium. Com vacância alta e Selic a 15%, novos empreendimentos só se viabilizam em cenários muito específicos. “O custo de construção está entre R$ 12 mil e R$ 15 mil por m². Mesmo se o terreno fosse de graça, muitos projetos não fechariam conta com os aluguéis atuais”, afirma.Leia Mais: FII PVBI11 mantém padrão top, mas cotas seguem em liquidação; o que acontece?The post Vacância, Selic a 15% e aluguel expõem “duas São Paulos” no mercado de escritórios appeared first on InfoMoney.