As pessoas ocupadas na América Latina e no Caribe trabalham em média 40,2 horas efetivas por semana, o que equivale a cinco horas a mais que a média de 19 países de alta renda que fazem parte da OCDE (35 horas). Entre os assalariados, a média sobe para 42 horas semanais, posicionando a região entre as que registram maior número de horas trabalhadas a nível global. A conclusão está no recente estudo “Quantas horas se trabalha na América Latina? Indicadores do tempo de trabalho e sua organização”, da Organização Internacional do Trabalho (OIT).O indicador foi considerado particularmente alto na Colômbia (46,6 horas), Guatemala, El Salvador e Honduras (cerca de 45 horas) e consideravelmente mais baixo na Argentina e Uruguai (37 horas). No Brasil, o dado disponível mostra uma jornada de 38,8 horas semanais.Média de horas efetivas trabalhadas pro semana por pessoa ocupada (2023)(Fonte: OIT)Segundo a OIT, em todos os países, as horas efetivas trabalhadas pelos assalariados são inferiores à jornada de trabalho estabelecida por lei.A nota técnica foi elaborada pela especialista em salários e tempo de trabalho da OIT Cone Sul, Sonia Gontero, a partir de dados harmonizados até 2023 disponíveis no portal de estatísticas da organização (ILOSTAT).“O tempo de trabalho é um elemento central da qualidade do emprego e do bem-estar das pessoas. Sua medição permite compreender melhor como se distribui a carga laboral entre homens e mulheres e entre diferentes grupos ocupacionais”, disse a especialista em nota.O estudo mostra ainda que um em cada cinco trabalhadores na América Latina trabalha mais de 48 horas semanais, número superior ao observado na Europa e na América do Norte. Essa situação, segundo a OIT, pode ter efeitos negativos na saúde dos trabalhadores e na produtividade das empresas, ao aumentar os níveis de fadiga, erros e absenteísmo.“As jornadas excessivas afetam o bem-estar das pessoas e podem repercutir também na eficiência empresarial. Promover um equilíbrio adequado entre trabalho e vida pessoal é chave para o desenvolvimento sustentável”, explicou Gontero.O texto, no entanto, cita uma evolução histórica positiva do indicador: nos últimos 20 anos, a média de horas efetivamente trabalhadas por pessoa na América Latina caiu em aproximadamente duas horas semanais.Essa tendência já havia começado no início dos anos noventa em países de alta renda, onde a redução da jornada legal de trabalho foi acompanhada por uma diminuição das horas efetivamente trabalhadas. Nos últimos 30 anos, a média para 19 países da OCDE passou de 37,8 para 35 horas de trabalho semanais. Essa redução foi mais evidente no caso dos homens, com uma queda de quase 4 horas, em comparação com 1,4 horas para as mulheres.Desigualdade de gêneroSobre a persistência da desigualdade de gênero: a nota mostra também que, em média, os homens trabalham 42,7 horas efetivas por semana ante 36,9 horas no caso das mulheres. No entanto, ao considerar o tempo dedicado ao trabalho doméstico e de cuidados não remunerados, a carga global de trabalho é maior para as mulheres, evidenciando a necessidade de avançar em políticas de corresponsabilidade e conciliação.The post Jornada de trabalho semanal na América Latina é cinco horas mais alta que na OCDE appeared first on InfoMoney.