BCA: Vitória da direita não é o suficiente para solucionar fiscal do Brasil

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O cenário político brasileiro tem desmotivado investidores estrangeiros, sobretudo com o crônico problema fiscal, e a vitória de um nome da direita na disputa presidencial de 2026 não seria o suficiente para solucionar o problema. É o que disse a consultoria canadense BCA Research, em relatório distribuído aos clientes nesta quinta-feira (6).No documento, a consultoria desaconselha a compra de ações e ativos brasileiros, citando entraves estruturais que limitam qualquer melhora econômica sustentável.A BCA reconhece que uma eventual vitória de um candidato de direita pró-mercado poderia beneficiar o ambiente no curto prazo, mas não resolveria os problemas fiscais e políticos do país.“Os ativos de risco do país provavelmente sofreriam pressão de venda à medida que os mercados percebessem que um governo de direita só pode melhorar marginalmente ou temporariamente, mas não resolver, a insustentável situação fiscal do Brasil”, resume o relatório.“A única maneira de romper esse ciclo pernicioso é um profundo comprometimento com o sofrimento”.  Leia Mais Governo pagou quase R$ 1,5 trilhão em auxílios sociais desde a pandemia Ibovespa perde fôlego, mas renova recorde pelo 9º dia seguido; dólar cai Pesquisa: 75% defendem que próximo presidente mude forma de governar o país Segundo a BCA, todo presidente precisa governar por meio do Centrão, independentemente de sua ideologia. Esse modelo, afirma a consultoria, é o principal obstáculo à consolidação fiscal e à aprovação de reformas estruturais.“O Centrão é o verdadeiro árbitro das políticas públicas. Sem ele, nenhum governo aprova leis; com ele, nenhum governo mantém disciplina fiscal”, afirma o relatório.Com apenas 10% do orçamento sendo discricionário, o espaço de manobra é mínimo. O bloco, segundo a BCA, perpetua a fragilidade fiscal ao trocar apoio político por aumento de gastos, priorizar projetos locais e diluir reformas como as da Previdência, tributária e trabalhista.“O Centrão estabiliza a governabilidade, mas compromete a credibilidade fiscal. Os presidentes precisam trocar disciplina fiscal por apoio legislativo”, avalia a consultoria.A análise cita nomes prováveis para a eleição presidencial em 2026, como Lula, Michelle Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, Romeu Zema, Ronaldo Caiado e Tarcísio de Freitas, este último apontado como favorito do mercado, embora tenha negado interesse em disputar a presidência.“Um risco de alta para nossa visão pessimista seria a união da direita em torno de um candidato moderado, especialmente o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas”, diz o documento.Mesmo nesse cenário, a consultoria acredita que a melhora seria apenas marginal e temporária, pois “um governo de direita não resolveria a insustentável equação fiscal do Brasil”.“A única forma de romper esse ciclo vicioso seria um compromisso profundo com o sacrifício e o ajuste real”, conclui a BCA.Diante do fraco cenário macroeconômico cíclico, a consultoria recomenda que investidores estrangeiros evitem ações brasileiras, títulos locais e crédito soberano. Para quem busca exposição a emergentes, a BCA indica México, Chile, Peru e Argentina.Análise: Lula lidera contra candidatos da direita | BASTIDORES CNN