Ser um investidor-anjo no Brasil não é simples. Embora o ambiente de inovação seja dinâmico, com 3 em cada 4 investidores recebendo oportunidades com frequência mensal ou superior, mais de 59% dos potenciais investidores relatam dificuldades em acessas as boas oportunidades, o que mostra uma falha de conexão entre startups qualificadas e capital disponível. “O Brasil ainda investe muito menos em startups do que seria compatível com o tamanho da nossa economia”, aponta Cassio Spina, fundador e Presidente da Anjos do Brasil, entidade que traçou o panorama inédito sobre perfis, motivações e desafios enfrentados por investidores de startups em conjunto com o Sebrae. Os dados foram revelados em painel do Startup Summit, evento que reúne participantes do ecossistema em Florianópolis entre os dias 27 e 29 de agosto. Leia também: Ecossistema de startups em Santa Catarina amadureceu, indica levantamentoAinda segundo o levantamento, os principais desafios para a expansão do investimento-anjo no Brasil são incerteza econômica e risco elevado (67,32%), dificuldade em encontrar boas oportunidades (33,17%), e falta de incentivos fiscais (41,46%). Tributação sobre ganho de capital, burocracia e insegurança jurídica também aparecem com destaque. Além disso, 92% dos investidores relatam dificuldade em localizar startups qualificadas, apontando falhas estruturais no acesso e na maturidade das empresas.Para Spina, a forma de mudar esse cenário passa pela adoção de políticas de estímulo ao investimento-anjo, como já fazem diversos países.” Esses incentivos não significam perda de arrecadação, mas sim ganho, pois fortalecem o empreendedorismo inovador, aumentam a competitividade e geram desenvolvimento econômico e social”, defende. Entender o comportamento dos investidores é uma etapa estratégica para o fortalecimento do ecossistema de inovação no país. Essa é a conclusão de Décio Lima, Presidente do Sebrae. “Com base nesses dados, é possível orientar políticas públicas, programas de formação e estratégias de conexão mais eficazes entre startups e investidores”, afirma. Quem são os investidores-anjo no BrasilOs anjos brasileiros são, em sua maioria, homens (81,5%) com idades entre 41 e 50 anos (32,4%), com uma certa experiência em empreendedorismo. Entre as principais motivações para os investimentos estão retorno financeiro (40,84%), impacto/legado (32,42%) e mentoria/aprendizado (26,74%). Essas informações mostram que o investimento-anjo no Brasil é impulsionado por profissionais experientes em busca de diversificação de portfólio e impacto.Na carteira desse tipo de investidor predomina a renda fixa, mas há também ações (diretas e via fundos), fundos imobiliários e previdência privada. E mais: cerca de 49% dos investidores aplicam menos de R$ 250 mil em startups, enquanto 14,5% aportam valores superiores a R$ 1 milhão. O número de startups por portfólio também reflete certo nível de diversificação: 59,3% investem em até cinco negócios, enquanto 12,7% ultrapassam 20 startups, indicando uma estratégia de acompanhamento próximo e análise aprofundada. Os aportes são direcionados principalmente aos estágios Seed (53,3%) e Pré-Seed (40,6%), considerados momentos críticos para alavancagem e escalabilidade das startups.Quase metade dos investidores (47%) ainda não sabe avaliar o retorno sobre o investimento (ROI), o que pode indicar a recente entrada nesse mercado ou a dificuldade de mensuração no curto prazo. Entre os que já mensuraram, 40,7% relataram retornos positivos, com 6,8% alcançando mais de 5 vezes o capital investido. Esses resultados estão mais presentes entre investidores individuais com portfólios diversificados.E, finalmente, quem costuma levar os cheques são empresas de Tecnologia da Informação (27,3%), Gestão e Consultoria (22,2%), Capital e Investimentos (17,1%), Serviços Profissionais (13,33%) e Finanças (12,70%). Também há destaque para Agronegócio (10,16%) e Saúde e Bem-estar (9,52%).Como ter mais anjosPara Décio Lima, do Sebrae, “é essencial criar incentivos fiscais que atraiam mais investidores dispostos a fomentar a nova economia”, diz. E afirma ainda que o investimento-anjo precisa deixar de ser exceção e se tornar regra em um país com vocação para inovação. “O resultado será mais oportunidades, inclusão, geração de empregos e renda.”The post Investidores-anjo no Brasil: quem são e quais obstáculos enfrentam? appeared first on InfoMoney.