O dólar ronda, nas últimas semanas, os R$ 5,40. Enquanto muita gente se preocupa com inflação e taxa de juros, quem está de olho nas férias e pensa em viajar já tem outra questão na cabeça: será que está na hora de correr para comprar a moeda? Afinal, ninguém quer chegar em solo internacional e descobrir que o dinheiro não rende nem para um café com croissant.Mas antes de entrar em desespero é preciso entender que vários fatores são responsáveis por fazer o dólar subir ou cair. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) decide os juros de lá. Se eles estão altos, muita gente prefere investir por lá mesmo, e a moeda americana fica mais cara para todo mundo.Acompanhe as principais notícias sobre o dólar hoje!Aqui no Brasil, o Banco Central (BC) também mexe na taxa Selic (juros básicos da economia). Quando está alta, pode segurar mais dólares no país. Parece simples, mas a verdade é que qualquer burburinho político, notícia de economia mundial ou até o preço da soja pode bagunçar essa lógica.Então, qual a dica de quem entende? Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, explica que esperar o dólar baixar de repente pode ser uma jogada perigosa. A moeda muda de valor por diversos motivos diferentes, que vão desde fluxos cambiais, sentimento de mercado, diferencial de juros até cenário político e fiscal.Entenda como o dólar impacta a economiaÉ por isso que o professor da FIA Business School, Carlos Honorato, diz que comprar tudo de uma vez pode ser arriscado. Existe uma estratégia chamada “preço médio”. Em vez de gastar toda a grana hoje, a ideia é ir comprando aos poucos, semana a semana. Assim, se o dólar subir num dia e cair no outro, o comprador equilibra a conta e não fica preso em um único valor.“Tem até aquela brincadeira que diz: ‘quem converte não se diverte’. Muitas vezes, logo depois que a pessoa viaja, o dólar acaba subindo. É sempre assim, parece uma regra. De toda forma, se você tem uma viagem planejada, o ideal é se organizar com antecedência, até mesmo para aproveitar os melhores preços. A recomendação é comprar a moeda aos poucos, garantindo no final uma cotação média daquele período. Mas é importante ter em mente: não espere ganhar dinheiro comprando dólar para viajar”, orienta o professor.Leia tambémDólar: existe um preço ideal para a moeda americana?Comportamento do câmbio segue condicionado a fatores internos e externos, tornando o debate sobre o valor do dólar ainda mais complexo — e não há santo que faça mudarPontos de atençãoZogbi explica que, mesmo que hoje o real esteja com uma forcinha extra, já que os juros por aqui continuam altos e a bolsa brasileira anda chamando atenção de investidores, não dá para esquecer que o dólar pode voltar a subir. A discussão sobre as contas públicas do Brasil deve voltar com força no fim do ano, e ainda tem eleição se aproximando, o que sempre traz mais incerteza e deixa o câmbio ainda mais agitado.O que é taxa de câmbio e como ela afeta os investimentos“Com isso, é difícil cravar movimentos de curto prazo, mas nos parece arriscado assumir maiores quedas do dólar, especialmente pensando no contexto de investimentos: o mais atraente em um cenário de investimentos continua sendo aplicar com recorrência para navegar os benefícios da geração de retornos dos ativos no longo prazo, sem depender de plays de câmbio ou quedas de preço de curto prazo”, diz a estrategista-chefe da Nomad.Cartão de crédito, IOF e disparadas no câmbio: o que ficar de olhoE sobre os gastos do dia a dia na viagem? O mestre em finanças pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e especialista em economia e política internacional, Paulo Godoi Filho, dá a dica: se o dólar começar a subir ou oscilar demais, pode ser hora de rever o orçamento da viagem e pensar direitinho quanto levar de moeda americana para não se enrolar. Ainda não reservou o hotel? Então vale procurar opções mais baratas ou reorganizar o roteiro, incluindo passeios grátis e rolês que não pesem no bolso.Paulo também alerta: o cartão de crédito não é o melhor jeito de pagar os gastos do dia a dia da viagem. Ele serve só para emergências ou para pagar a caução do hotel. Cada transação internacional tem 3,5% de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), e isso deixa o orçamento mais caro.Os cartões que acumulam pontos podem até ser legais, mas só se a pontuação for boa de verdade, acima de três pontos por dólar gasto. Se não, as taxas cobradas pelos bancos, que vão de 2% a 7%, somadas ao IOF e à cotação definida só na data do fechamento da fatura, podem bagunçar totalmente o orçamento.E se o dólar disparar de repente (e ainda tiver um tempinho para a viagem), não precisa atropelar o tempo. “Em geral, o mercado precisa de dois a três dias para ‘se acalmar’. Nesses períodos, o dólar pode até voltar a cair, mas é normal que essas subidas e descidas sigam os valores máximos já registrados”, ensina Filho.The post Dólar na casa dos R$ 5,40: é hora de comprar para férias? appeared first on InfoMoney.