Trading: “Dia de fúria” no mercado é causado por gatilhos, não pela emoção em si

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Conteúdo ClearEspecialista em neurociência e Programação Neurolinguística (PNL), Thamara Di Lauro descobriu na dor o ponto de virada para evoluir no mercado. Após sucessivos episódios de descontrole emocional diante da tela, ela entendeu que apenas técnica e gerenciamento não seriam suficientes para alcançar a consistência nas operações.Antes de se tornar trader, Thamara construiu carreira como dentista. Ao entrar no mercado, estudou diversas metodologias até se encontrar definitivamente na análise gráfica clássica. Mesmo com uma técnica definida e um gerenciamento sólido, ela ainda enfrentava sucessivos dias de fúria. “Fiz 78 operações em um único dia e saí do mercado vomitando.”A partir daquele momento, entendeu que precisava estudar o comportamento por trás da tela. Decidiu, então, se aprofundar em neurociência e PNL para compreender o funcionamento do cérebro sob pressão. Ela falou durante o ChurrasKyn, evento promovido pela Clear Corretora, que reuniu influenciadores, traders e clientes em torno de debates sobre mercado e, claro, um bom churrasco.Emoção não se controla“Todo dia de fúria carrega um comportamento repetitivo”, afirma. Esse padrão, segundo ela, é conhecido na neurociência como o estado de luta e fuga, no qual o cérebro desativa a racionalidade e entra em modo de sobrevivência. “O trader entra em campo emocional total. Ele perde completamente o raciocínio lógico e começa a operar com base em impulsos”, afirma.A solução não está em controlar as emoções, até porque, cientificamente, isso não é possível. “Você não controla a emoção, porque a emoção é uma descarga elétrica cerebral. O que você faz é cortar os gatilhos que te levam à fúria.”É nessa antecipação que está o verdadeiro poder. Em vez de tentar corrigir o colapso emocional quando ele já se instalou, o trader precisa investigar o que o leva a esse estado. “O segredo está em identificar os comportamentos que se repetem antes do estouro e eliminá-los na raiz”, reforça.Um dos gatilhos mais comuns é a devolução de lucro. “O trader faz um bom lucro, depois devolve, e quando volta pro zero, cai na fúria. O problema não é o zero a zero, o problema foi ele ter admitido devolver o lucro sem racionalizar. Aí está o gatilho.”Para Thamara, a fúria começa muito antes da explosão emocional e, só a vigilância constante é capaz de impedir que ela se repita.Dia de fúria no day trade: após 78 operações seguidas, ela passou mal e mudou posturaAutossabotagem: do iniciante ao experienteNa visão de Thamara Di Lauro, a autossabotagem no trading não desaparece com o tempo, ela apenas muda de forma. O trader iniciante, por exemplo, costuma comprometer sua evolução ao abandonar a técnica diante das primeiras perdas.“A maior autossabotagem do iniciante é trocar de técnica toda vez que enfrenta um período ruim. Ele foge do loss, não entende que todo operacional tem sua curva de drawdown.”Ao fazer isso, interrompe o ciclo de aprendizado e nunca se torna íntimo da metodologia que escolheu.Para Thamara, esse grau de intimidade com o operacional é essencial para identificar seus ciclos. “Você sabe quando seu parceiro ou parceira não está em um bom dia. No mercado é a mesma coisa. Quando você realmente domina uma técnica, reconhece quando ela está fora de fase e não abandona por impulso”, ensina.Já entre os traders mais experientes, com três, quatro ou até oito anos de mercado, o cenário muda, mas o efeito é o mesmo: inconsistência. “Eles sofrem de obesidade mental. Estudaram tudo, fizeram dezenas de cursos, mas não estruturaram um plano de trade de verdade. Dizem que têm um plano, mas quando a gente olha, é algo genérico. E no campo de batalha, isso não sustenta ninguém”, afirma.O problema, segundo ela, é que mesmo depois de anos, esses traders continuam vulneráveis ao emocional. “No dia ruim, eles desviam do plano, porque nunca tiveram um plano sólido. E o pior, acreditam que o problema é emocional, quando, muitas vezes, é técnico. Se a base está mal construída, a mente entra em conflito, e a autossabotagem se instala”, alerta.Psicóloga dá dicas de 6 pilares fundamentais para a saúde mental do traderA escolha é sempre suaMesmo com anos de experiência e domínio técnico, Thamara admite que os dias difíceis continuam existindo e que o excesso de expectativa ainda pode sabotar os resultados. “Somos humanos. Todos temos zonas vermelhas. A diferença é que hoje eu sei lidar com as minhas”, afirma.Ela classifica os tipos de dia em quatro categorias: dia bom (tudo tranquilo, foi fácil), dia difícil (sai cansado, mas no positivo), dia ruim (quase beira a fúria) e o dia de fúria em si. “A decisão de deixar um dia ruim virar um dia de fúria é nossa. Hoje, eu paro no dia ruim.”O problema, segundo ela, é que muitos traders, inclusive os mais experientes, continuam sendo traídos pela expectativa. “Você analisou, fez a melhor operação, mas o mercado não correspondeu aquilo que você esperava. É porque você se alimentou de expectativa”, alerta.A chave, segundo ela, está na autovigilância: “Controle emocional não existe. O que existe é vigilância. Você precisa estar atento aos sinais e respeitar seus próprios limites. A decisão de deixar um dia ruim virar dia de fúria é sua”, concluiu.Confira mais conteúdos sobre análise técnica no IM Trader. Diariamente, o InfoMoney publica o que esperar dos minicontratos de dólar e índice. The post Trading: “Dia de fúria” no mercado é causado por gatilhos, não pela emoção em si appeared first on InfoMoney.