Ficar longos períodos sem comer pode parecer uma forma rápida de perder peso ou compensar exageros alimentares. Porém, o jejum prolongado, especialmente quando feito sem orientação, pode provocar desequilíbrios metabólicos e prejudicar o funcionamento do organismo.Mais do que apenas lidar com a fome, ficar muito tempo sem se alimentar altera o metabolismo, afeta o humor, reduz a concentração e pode comprometer a saúde a longo prazo. A seguir os principais sintomas que o corpo apresenta em diferentes estágios de privação alimentar.O que acontece no corpo durante o jejumFome intensa e irritabilidade(Imagem: Stock-Asso/Shutterstock)Nas primeiras horas sem comer, o corpo libera mais grelina, o “hormônio da fome”. Isso causa apetite exagerado, irritabilidade e alterações de humor, um estado popularmente conhecido como “hangry” (fome + raiva).É uma reação natural do organismo, que tenta incentivar a busca por alimento para restaurar os níveis de energia.Alterações na ação da insulina e risco de diabetesUma das formas de acompanhar o nível de açúcar no sangue é pelos monitores contínuos conectados a aplicativos de celular. Imagem: Andrey_Popov / ShutterstockUm dos efeitos mais preocupantes do jejum prolongado é o impacto sobre a ação da insulina, hormônio responsável por controlar os níveis de glicose no sangue.Mesmo que o corpo continue produzindo insulina, sua eficácia diminui quando há excesso de radicais livres gerados durante a privação alimentar. Isso dificulta a entrada da glicose nas células, reduzindo a energia disponível para o funcionamento do organismo.Com o tempo, esse processo pode levar a um quadro semelhante à resistência à insulina, condição que antecede o diabetes tipo 2.Fadiga, tontura e dor de cabeçaJovem asiática com dor de cabeça ou enxaqueca, sofrendo de vertigem / Crédito: Kmpzzz (Shutterstock)Com a queda da glicose no sangue, o cérebro e os músculos recebem menos energia. O resultado é cansaço, fraqueza, tremores e dificuldade de concentração.As dores de cabeça tornam-se comuns, muitas vezes associadas à desidratação e à falta de nutrientes. A sensação de tontura ou visão turva também pode aparecer, especialmente se o jejum se estender por mais de 12 horas.Dificuldade de concentração e “nevoeiro mental”Imagem: fizkes – ShutterstockQuando a glicose acaba, o corpo prioriza funções vitais e reduz o gasto de energia no cérebro. O resultado é um raciocínio mais lento, dificuldade de lembrar informações e sensação de “mente nublada”.Esse quadro, conhecido como brain fog (ou nevoeiro mental), é comum em jejuns longos e indica que o sistema nervoso está trabalhando com menos combustível do que precisa.Hálito cetônicoTem mau hálito? (Imagem: PeopleImages.com – Yuri A/Shutterstock)A partir de alguns dias de jejum, o corpo entra em cetose intensa e passa a liberar cetonas, subprodutos da queima de gordura. Essas substâncias saem pelo hálito e conferem um cheiro adocicado ou semelhante à acetona.Embora seja um sinal de que o corpo está usando gordura como energia, o hálito cetônico revela que o organismo está em estado de privação prolongada.Leia maisComo o jejum intermitente afeta o seu cérebro?Jejum pode estar ligado a um maior risco de morte precoceJejum intermitente não é mais eficaz do que dieta normalConstipação e queda de pressão(Imagem: Shutterstock)A falta de ingestão regular de alimentos pode reduzir o estímulo intestinal e desacelerar o funcionamento do intestino, resultando em constipação, caracterizada por dificuldade para evacuar, fezes ressecadas e sensação de esvaziamento incompleto.Além disso, a redução no consumo de líquidos e sais minerais pode levar à queda da pressão arterial, causando tontura e fraqueza ao se levantar. Esses sinais indicam desidratação e desequilíbrio eletrolítico, condições que exigem atenção e reposição adequada de líquidos e nutrientes.Sensação de frio constante e distúrbios do sonoImagem: Tero Vesalainen (iStock) O metabolismo desacelera para conservar energia, o que reduz a produção de calor corporal. Assim, é comum sentir frio excessivo, mesmo em temperaturas amenas.Além disso, a baixa energia e o aumento do cortisol (o hormônio do estresse) atrapalham o sono reparador, causando insônia e cansaço durante o dia.Perda de massa muscularImagem: Liudmila Chernetska/iStockCom o passar dos dias, o corpo começa a quebrar proteínas dos músculos para obter energia, já que as reservas de gordura se tornam insuficientes.Isso leva à perda de massa magra, diminuição da força física e maior sensação de fraqueza, além de desacelerar o metabolismo e dificultar a recuperação depois do jejum.Diante de todos esses efeitos, fica evidente que o jejum prolongado não deve ser feito de forma improvisada ou para “compensar” excessos. Cada organismo reage de um jeito, e o que pode funcionar para uma pessoa pode ser prejudicial para outra. Por isso, antes de iniciar qualquer estratégia de jejum (seja intermitente ou por longos períodos) é essencial buscar orientação de um médico ou nutricionista. São esses profissionais que poderão avaliar seu estado de saúde, solicitar exames quando necessário e indicar a melhor abordagem para o seu caso.O post Muito tempo sem comer? Veja sintomas do jejum prolongado e os riscos para o corpo apareceu primeiro em Olhar Digital.