O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a preservação e a documentação integral de todos os elementos materiais relacionados à operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro, que deixou ao menos 121 mortos na última terça-feira. Moraes estipulou ainda a conservação das perícias e a manutenção das respectivas cadeias de custódia. A medida atendeu a uma solicitação da Defensoria Pública da União (DPU).O ministro estará com o governador Cláudio Castro e outras autoridades locais hoje no Rio. A audiência ocorre no âmbito da ADPF das Favelas, que monitora a letalidade policial no estado. Na avaliação de integrantes do Supremo, a reunião servirá para cobrar o cumprimento das diretrizes estabelecidas pelo Corte quanto às ações policiais.Leia tambémCorpos dos 117 mortos em megaoperação no Rio estão liberados, diz defensoria PúblicaA perícia concluiu os exames nos corpos dos suspeitos mortos pela polícia no complexo da Penha e do Alemão Moraes determina que governo de Castro preserve elementos da megaoperação do RioSegundo Moraes, o Ministério Público ficará a cargo do controle e da averiguação das provasMoraes destacou que o procedimento está em conformidade com o que foi definido pelo plenário do STF no julgamento do mérito da ação da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 635, a ADPF das Favelas, que estabelece a necessidade de preservar vestígios de crimes e de garantir a independência técnica das perícias em casos de crimes contra a vida.A expectativa é que, na sequência, o ministro já deve avaliar quais serão os desdobramentos e as medidas que serão adotadas no caso.Em decisão na última semana, Moraes exigiu que Castro apresente informações detalhadas sobre a operação, incluindo a justificativa formal para o grau de força empregado, o número de agentes envolvidos, os armamentos utilizados, e o total de mortos, feridos e detidos. Também foi cobrada a adoção de medidas de responsabilização por eventuais abusos, a atuação da perícia, o uso de câmeras corporais e a assistência às vítimas.‘Parcial e insustentável’Já o ministro Gilmar Mendes disse ontem que, enquanto o Rio não apresentar um plano de reocupação dos territórios dominados por facções e milícias, o resultado das operações policiais no estado “continuará sendo parcial e insustentável”. O comentário foi publicado em seu perfil no X.O magistrado também respondeu a críticas feitas por Cláudio Castro à ADPF das Favelas. Castro descreveu a decisão como “maldita”, e atribuiu a ela a dificuldade de policiais para acessar vias do Alemão e da Penha, como “muitas barricadas” pelo caminho.“Ao julgar a ADPF das Favelas, o Supremo Tribunal Federal não proibiu operações policiais. O Tribunal apenas estabeleceu parâmetros para que essas ações sejam planejadas, proporcionais e transparentes, com o objetivo de reduzir mortes e proteger vidas, tanto de civis quanto de agentes públicos”, respondeu Mendes.O ministro destacou que, em abril, o STF determinou que o estado apresentasse um plano de recuperação de territórios, com a presença de serviços públicos. “Enquanto esse plano não sair do papel, e as incursões forem pontuais, o resultado dessas operações continuará sendo parcial e insustentável”, acrescentou.The post Moraes vai ao Rio para reunião sobre megaoperação com Castro appeared first on InfoMoney.