Uma destas sextas-feiras, creio ter ficado com a ideia de que o nosso Estado se mexe a duas velocidades. De manhã passei em frente a uma escola no exato momento em que os alunos eram informados de que, por motivo de greve, não haveria aulas. Percebi-o mesmo à distância, pelos gritos de júbilo. À noite, no noticiário, um jovem expressava a sua felicidade porque, explicava, o ano letivo já vai longo (em outubro) e um dia livre ajuda a amenizar as agruras do trabalho. Feliz o discente, que vai ter mais oportunidades deste tipo.Nesse mesmo dia, ao fim da tarde e já fora do horário de expediente, ligaram-me do meu centro de saúde (Carnaxide) em resposta a um mail que eu mandara nesse mesmo dia! Já não era a primeira vez que tal acontecia e, para minha surpresa, percebi, já a caminho da terceira idade, para que serve um médico de família e um bom serviço de saúde. Mais vale tarde do que nunca! Abençoados e obrigado.Este parece ser o retrato de um Estado em que algumas coisas continuam a funcionar mal, mas outras visivelmente melhoram. Se a escola pública definha e alguns serviços de saúde não se conseguem reinventar, há coisas que progridem. Como diria Galileu E pur se muove. Pelo menos em Carnaxide.O conteúdo O Estado a duas velocidades aparece primeiro em Revista Líder.