“Planejar herança é construir pontes entre gerações”, diz Amy Osborne, da Franklin

Wait 5 sec.

Planejar o futuro financeiro de uma família nunca foi apenas uma questão de planilhas. Para Amy Osborne, executiva da Franklin Templeton Academy, o verdadeiro desafio do planejamento sucessório está em algo mais profundo: construir pontes entre gerações. Em um mundo que vive a maior transferência de riqueza da história, estimada em mais de US$ 100 trilhões nas próximas décadas, o papel do planejador financeiro se amplia — e se humaniza.“Herança é sobre amor e propósito, não apenas dinheiro”, resume Amy, que há mais de 15 anos desenvolve programas globais de capacitação para consultores e planejadores financeiros. Em sua visão, a sucessão patrimonial é também uma sucessão de valores — de como cada geração enxerga o trabalho, a segurança e o legado que deseja deixar.De baby boomers focados em estabilidade e performance a millennials e geração Z guiados por propósito e impacto, Amy destaca que cada geração fala uma língua diferente sobre dinheiro. O desafio, segundo ela, é traduzir essas linguagens e promover o diálogo dentro das famílias antes que o patrimônio mude de mãos — algo que, muitas vezes, os próprios clientes evitam por desconforto ou falta de orientação.Em suas palestras e treinamentos, a executiva defende que o planejador financeiro do futuro precisa ser mais do que um especialista em finanças: deve atuar como educador e mediador de relacionamentos familiares. Isso significa facilitar conversas difíceis, alinhar expectativas e preparar emocionalmente os herdeiros para o que está por vir.Amy Osborne será uma das palestrantes do Congresso Internacional Planejar 2025, que acontece nesta terça-feira (4), em São Paulo (SP), onde apresentará a sessão “A conexão entre gerações: construindo pontes para o planejamento financeiro”.No encontro, ela pretende compartilhar ferramentas práticas para ajudar planejadores e famílias a transformarem a herança em diálogo — e o patrimônio, em legado. Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista que ela concedeu, por e-mail, ao InfoMoney.Entrevista: Amy Osborne, executiva da Franklin TempletonInfoMoney: Você costuma dizer que a transferência de riqueza é tão emocional quanto financeira. O que as famílias — e às vezes até os planejadores — tendem a subestimar sobre o lado humano desse processo?Amy Osborne: Na Franklin Templeton, descobrimos que as famílias e os profissionais financeiros frequentemente subestimam a complexidade emocional envolvida na transferência de riqueza.O processo não se trata apenas de transferir ativos, mas também de lidar com dinâmicas familiares complexas, valores e expectativas. Por exemplo, diferentes gerações têm prioridades distintas: os baby boomers se concentram na alocação de ativos e no desempenho dos investimentos, enquanto os millennials podem priorizar o investimento de impacto e o alinhamento de suas carteiras com seus valores.IM: Quando você observa as gerações que hoje coexistem — dos baby boomers à geração Z —, quais são as maiores diferenças de mentalidade que você enxerga em relação a dinheiro, propósito e legado?Amy: As maiores diferenças de mentalidade entre as gerações estão relacionadas às suas visões sobre dinheiro, propósito e legado.“Descobrimos que os baby boomers tendem a ser mais conservadores e focados em segurança financeira, enquanto os millennials e a geração Z estão mais inclinados ao investimento de impacto e ao alinhamento de suas decisões financeiras com seus valores pessoais.”Compreender essas diferenças é crucial para que os profissionais financeiros ofereçam conselhos personalizados.Essas são tendências amplas nos dados, e as prioridades individuais geralmente divergem. Por essa razão, o componente prático do programa enfatiza o conhecimento de cada família de clientes.IM: Em termos práticos, o que realmente significa “construir pontes”? Como os planejadores financeiros podem criar conexões genuínas entre pais, filhos e herdeiros?Amy: “Construir pontes” envolve criar conexões genuínas entre pais, filhos e herdeiros por meio de comunicação aberta e reuniões familiares.“Os profissionais financeiros podem facilitar isso organizando reuniões com pautas específicas, como discutir filosofia de investimento, planos para envelhecimento e moradia, e elaborar uma declaração de missão familiar.”Essas reuniões ajudam a alinhar expectativas e promovem um senso de unidade entre os membros da família. Na Franklin Templeton, fornecemos recursos que ajudam os consultores a abrir esses diálogos e orientá-los com propósito.IM: Você já mencionou que os planejadores devem atuar quase como “defensores da família”. Como um profissional encontra o equilíbrio entre ser um consultor técnico e um mediador emocional?Amy: O equilíbrio certo vem da fluência tanto nos números quanto nas nuances.Os consultores ainda oferecem alocação disciplinada de ativos e planejamento, mas cada vez mais também orientam as famílias em decisões sobre propósito, cuidados, moradia e legado, e coordenam os recursos que apoiam essas escolhas. Essa combinação de orientação técnica e facilitação emocionalmente consciente ajuda cada voz a ser ouvida. Esperamos discutir isso no Congresso Planejar.IM: Você costuma destacar o valor das reuniões familiares. Pela sua experiência, o que acontece quando as famílias realmente se reúnem para discutir dinheiro — e o que muda quando isso não acontece?Amy: As reuniões familiares são inestimáveis para discutir dinheiro e transferência de riqueza. Elas fornecem uma plataforma para o diálogo aberto, ajudam a definir expectativas claras e garantem que todos os membros da família estejam alinhados em relação às decisões financeiras e ao legado.“Quando as famílias não têm essas discussões (sobre dinheiro), isso pode levar a mal-entendidos e conflitos. ”IM: Por fim, à medida que avançamos para um mundo mais digital e impulsionado pela inteligência artificial, o que continuará sendo exclusivamente humano — e insubstituível — no trabalho de um planejador financeiro?Amy: À medida que avançamos para um mundo mais digital e orientado por IA, o elemento humano do planejamento financeiro continuará sendo insubstituível.“Os profissionais (planejadores) financeiros trazem empatia, compreensão e conexão pessoal para seu trabalho, o que é essencial para navegar no complexo cenário emocional da transferência de riqueza.”Sua capacidade de facilitar discussões familiares, compreender necessidades individuais e oferecer conselhos personalizados continuará sendo inestimável. The post “Planejar herança é construir pontes entre gerações”, diz Amy Osborne, da Franklin appeared first on InfoMoney.