De uma pequena fábrica de garrafas PET em Manaus ao comando de uma das maiores companhias de galpões logísticos do Brasil, a Fulwood nasceu da ousadia de seu fundador, Gilson Schilis. Visionário, ele deixou para trás uma empresa rentável no setor de embalagens para apostar em um modelo inédito de condomínios industriais de alto padrão, mudando a cara do mercado imobiliário corporativo no país.Schilis começou sua carreira como executivo em companhias como Alpargatas (ALPA4) e Ernest Young, até decidir empreender nos anos 1990 em plena Zona Franca de Manaus. Lá, montou uma fábrica de garrafas PET que logo se tornou fornecedora da Coca-Cola, abrindo caminho para o capital que mais tarde seria destinado ao setor logístico.“Eu aprendi desde cedo que não existe não. O segredo é insistir, não largar o osso”— Gilson Schilis, empresário.A estratégia ousada de erguer uma fábrica ao lado da Coca-Cola em Jundiaí, em São Paulo, e colocar um outdoor gigante anunciando a “melhor fábrica de embalagens do Brasil” virou um ‘divisor de águas’.A provocação deu certo: a gigante entrou em contato e o contrato foi fechado. O sucesso levou a empresa à capa da revista Exame e a um EBITDA impressionante, resultado raro para uma fornecedora industrial.A trajetória foi contada no programa FurlaCast, comandado por Rafael Furlanetti, sócio-diretor institucional da XP Inc., que recebeu Gilson Schilis para revisitar essa história de reinvenção empresarial.Leia mais: XP lança graduação pioneira no Brasil e vai formar talentos para o mercado financeiroE também: Entusiasmo e boas equipes: a receita de Rubens Menin para liderar múltiplos negóciosDo private equity aos primeiros galpõesO primeiro passo para sair do setor de embalagens veio com a entrada de um fundo de private equity e uma parceria estratégica com uma empresa canadense. A operação internacional revelou o potencial dos espaços de armazenagem e levou Schilis a olhar para o setor de galpões logísticos, ainda incipiente no Brasil.Na virada dos anos 2000, ele percebeu a carência de estruturas modernas no país.“Naquela época, não existia galpão do jeito que eu precisava. Foi quando começamos a desenvolver ativos de padrão triple A, bem construídos, funcionais e com gestão profissional”— Gilson Schilis, empresário.A visão deu origem a um novo modelo de condomínios industriais, rompendo com a prática caseira de donos que controlavam a entrada e a saída de inquilinos. A Fulwood criou regras de condomínio, serviços de apoio e gestão centralizada, transformando o setor.Esse movimento abriu espaço para os “super galpões”, empreendimentos de mais de 100 mil metros quadrados. “Abaixo de 35 mil metros, não compensa. A escala é fundamental para manter custos competitivos e eficiência operacional”, destacou Schilis.O nascimento dos fundos imobiliáriosCom a consolidação do negócio, a Fulwood se aproximou do mercado de capitais. A parceria com a Vinci Partners possibilitou a estruturação de fundos imobiliários, abrindo uma nova frente de crescimento.O primeiro fundo nasceu em Extrema (MG), um polo que se tornaria símbolo da expansão logística no Brasil.“Quase que o fundo não saiu do papel, mas batemos o martelo com investidores estratégicos e ele nasceu com dois ativos em Extrema. A partir daí, passamos a vender ativos para eles”— Gilson Schilis, empresário.A escolha da cidade não foi por acaso. Extrema oferece vantagens fiscais, energia mais barata e logística privilegiada por estar a apenas 90 quilômetros de São Paulo. Hoje, mais de 1,6 milhão de metros quadrados de galpões AAA estão concentrados ali.Mesmo com a Reforma Tributária em discussão, Schilis vê a região como competitiva. “Extrema mudou com os condomínios logísticos. A vacância hoje é zero e, mesmo que os incentivos caiam, a cidade continua sendo estratégica”, afirmou.Lições de empreendedorismo e futuro da FulwoodAo longo de 31 anos, a Fulwood desenvolveu mais de 1,5 milhão de metros quadrados de galpões e se consolidou como referência no setor. Entre os clientes, está a Foxconn, fabricante do iPhone, que mantém contrato de locação com a empresa desde 2005.Para Schilis, a base de sua jornada está na resiliência e na consistência. “O Brasil é um país de empreendedores. Para quem está começando, o mais importante é não desistir do sonho, mas ele precisa ser consistente. Cada tombo deve virar aprendizado.”— Gilson Schilis, empresário.Aposta de longo prazo é a marca de sua estratégia. “Se eu estivesse começando hoje, faria o mesmo: comprar terrenos, desenvolver, aprovar e montar um land bank sólido. É isso que sustenta o futuro da empresa”, reforçou.Schilis, por fim, deixou uma mensagem de otimismo aos empreendedores: “Eu vim de família pobre, fui bolsista, sei o que é não ter nada. Por isso, acredito que com disciplina, insistência e visão de longo prazo é possível construir negócios duradouros”.The post Fulwood e o boom dos galpões logísticos: a trajetória ousada de Gilson Schilis appeared first on InfoMoney.