Dezembro

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Coisas do último mês do ano. Escolho temas recentes nos quais ressoa o ano inteiro.Este foi mais um ano de guerras e sinais de guerra: na Ucrânia, na Palestina, no Sudão, na Venezuela. Homo homini lupus. Nada aprendemos.Na Austrália mais um atentado terrorista contra judeus. O antissemitismo anda à solta. Repito: ser a favor da Palestina não pode ser contra os judeus. Isto não é um jogo de futebol. Podemos ser a favor de ambos e contra Netanyhau e o Hamas.Nada de novo para quem já me leu: a guerra que Trump ia acabar em três dias ainda não acabou. A fanfarronice do homem também não. Está à altura da de Putin. Aliás quando a guerra acabar vai ser interessante conhecer os termos ditados por estes dois personagens.O governo Trump quer vasculhar as redes sociais de quem visitar os EUA. Salvo melhor opinião, o melhor é tentar não ir.O embaixador João Vale de Almeida explica em O divórcio das nações (Dom Quixote) como o século XXI desconstrói o século XX. Importante leitura para melhor compreender este mundo em que vivemos.2025 foi, previsivelmente, mais um ano de greves. 2026 também vai ser. Algumas justas outras habituais.Como recentemente explicou Simon Baron-Cohen, Hans Asperger, o homem que deu o nome à conhecida síndrome, foi um colaborador dos nazis. Asperger terá enviado algumas crianças com autismo para uma ala hospitalar em Viena conhecida pelas suas práticas de eutanásia compulsiva. A polémica ativada por Donald Trump em 2025 sobre as causas da doença mostra como o autismo continua a ser usado com finalidades políticas. Triste.O mesmo Baron-Cohen recomenda que nos casos de autismo tipo 2, o importante é proporcionar vidas normais aos portadores da síndrome. Noto com orgulho que, neste sentido, o primeiro Café Joyeux numa escola, em todo o mundo, abriu na Nova SBE em Carcavelos. A escola inclusiva passa por aqui.Philippe Aghion, Nobel da economia deste ano, explicou que enquanto a esquerda francesa anda obcecada com os ricos ele prefere pensar nos pobres. Em Portugal também andamos nesse carril que Otelo tão bem explicou a Palme. Em 50 anos não aprendemos muito.Na Turquia, Erdogan mandou prender Ekrem Imamoglu, presidente da câmara de Istambul e seu rival político. O homem forte mostrou a sua fraqueza. O segredo de Imamoglu: escutar as pessoas e contrariar o populismo com “pessoismo”.Uma frase para fazer pensar: “os partidos portugueses, em linha com a tradição latina do Sul, vivem afogados em ideologia” (Sérgio Sousa Pinto). A ideologia, como qualquer crença, só é boa em doses moderadas.Quarenta e cinco anos depois é reeditado Francisco Sá Carneiro: Solidão e poder, de Maria João Avillez. Uma biografia para ajudar a conhecer um dos personagens-chave da nossa democracia.Na música descobri agora Le cri du Caire, de Abdullah Miniawy. Magnífico. Igualmente belo: Andrea Laszlo de Simone: Una longhissima ombra. Recomendado pela musa Zaho de Sagazan como podia não ser bom? E pronto. Bom ano, com menos guerras, menos populismo e mais pessoismo.O conteúdo Dezembro aparece primeiro em Revista Líder.