Acima de 35°C, corpo humano não funciona como deveria

Wait 5 sec.

Uma onda de calor elevou as temperaturas na semana do Natal, no Rio de Janeiro, São Paulo e em outros seis estados ao redor, no Sudeste, Centro-Oeste e Sul, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Para essas áreas, o órgão emitiu aviso vermelho, de grande perigo, o que significa temperaturas 5º C acima da média por mais de 5 dias e alta probabilidade de risco à vida, danos e acidentes.Com aumento do calor extremo, resultado especialmente das mudanças climáticas induzidas pelo homem, uma série de medidas são necessárias para diminuir o impacto na saúde. De acordo com o clínico geral e coordenador do Pronto Atendimento dos Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, Luiz Fernando Penna, esse quadro tem potencial de gerar a falência térmica do corpo humano.“Essa é uma emergência médica caracterizada pela confusão mental, pele quente e seca e temperatura corporal acima de 40º C”, explicou o profissional de saúde.Se o corpo apresentar esses sinais e sintomas, é necessário buscar atendimento médico de imediato, advertiu o médico.Na avaliação do médico do Sírio, o impacto do calor na saúde é subestimado. “Muitas pessoas acreditam que causa apenas mal-estar, mas estamos falando de riscos reais, que incluem desde quedas de pressão até falência térmica”, alertou.Pessoas se protegem do sol no centro da cidade em dia de calor no Rio de Janeiro. Foto: Fernando Frazão/Agência BrasilQuando está muito quente, Penna explica que o corpo humano trabalha no limite. O organismo aumenta a sudorese, o que faz acelerar os batimentos cardíacos e dilata os vasos sanguíneos. “Esses mecanismos, porém, têm limite. E, quando falham, instala-se a falência térmica”, explicou.O calor extremo também agrava o quadro de quem convive com doenças crônicas, tais como hipertensão, insuficiência cardíaca, diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica (Dpoc) e doença renal crônica.Pessoas que fazem uso de diuréticos, anti-hipertensivos, antidepressivos, anticolinérgicos e antipsicóticos também precisam redobrar a atenção. Os medicamentos podem aumentar a dilatação ou descontrolar a regulação térmica natural do corpo. Leia também: 1.6 em cada 10 escolas brasileiras estão em ilhas de calor 2.Como resfriar as cidades para reduzir o calor urbano “Para quem já tem uma condição de base, o calor impõe uma sobrecarga perigosa”, acrescentou o médico.As altas temperaturas interferem ainda no sono, prejudicando o humor, aumentando a irritabilidade e reduzindo a produtividade, já que afetam o tempo de descanso, a memória e a tomada rápida de decisões.Para essas situações, não basta se hidratar, é preciso se proteger, evitar a exposição entre 10h e 16h, usar roupas leves e claras, priorizar ambientes ventilados e não fazer exercícios físicos. Aqueles trabalhadores que não podem evitar sair no calor extremo, como profissionais da construção civil, de entregas e da coleta de lixo, devem fazer pausas frequentes nas horas mais quentes, recomenda.“Não existe adaptação completa para ondas de calor extremas e repetidas”, explica Fernando Penna. “Acima de 35°C com alta umidade, o corpo humano simplesmente não consegue funcionar como deveria”.A recomendação do coordenador de pronto-socorro é evitar situações de riscos e reconhecer sinais precoces de falência térmica para evitar o colapso.Calor em SP. Foto: Paulo Pinto/Agencia BrasilNo Rio de Janeiro, já foi comprovado por pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz, de fevereiro de 2025, que as altas temperaturas estão relacionadas ao aumento da mortalidade. O risco é maior para idosos e pessoas com alguma doença, como diabetes e hipertensão, além de Alzheimer, insuficiência renal e infecções urinárias. O trabalho da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp) analisou mais de 800 mil mortes entre 2012 e 2024.“A maioria dos estudos sobre calor e mortalidade concentra suas análises em doenças cardiovasculares e respiratórias”, disse, em nota, o pesquisador João Henrique de Araujo. “Todavia, há estudos que relatam esses efeitos também para doenças metabólicas, do trato urinário e doenças como Alzheimer, sobre as quais dissertamos”, acrescenta.O que fazer em casos de calor *Antes de planejar suas atividades, procure saber quão quente e úmido será o dia;Saiba como obter ajuda, anote telefones e informações sobre o serviço de saúde ou de ambulância – para acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), ligue 192;Mantenha sua casa frescaSempre que possível, proteja a casa da entrada de calor, feche portas, janelas e cortinas durante as  horas mais quentes e abra de noite para refrescar;Use ventiladores e aparelhos de ar-condicionado, se disponíveis; mas sem exagerar na regulagem do frio para não causar choque térmicoProteja-se do calor Não saia durante os horários mais quentes; quando estiver ao livre, use protetor solar, chapéus e guarda-chuvas; evite permanecer em ambientes fechados e sem circulação de ar, onde o calor se acumula e pode ser mais intenso do que ao ar livre.Mantenha-se fresco e hidratadoBeba mais água, recuse bebidas alcoólicas acreditando que vai relaxar, o álcool acelera a desidratação;Use tecidos respiráveis, roupas escuras e pesadas retêm calor e dificultam a ventilação; Cuidado com banhos gelados, que provocam efeito rebote e fazem o corpo humano aumentar a produção de calor.* Fonte: Unicef e Hospital Sírio-LibanêsPor Isabela Vieira | Agência BrasilThe post Acima de 35°C, corpo humano não funciona como deveria appeared first on CicloVivo.