Cinturão do crime: como o CV se organiza para proteger território

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Mensagens obtidas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro durante a investigação que resultou na megaoperação de terça-feira (28/10) nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, revelam uma das táticas de segurança do Comando Vermelho: manter ocupadas pela quadrilha as casas localizadas no cinturão do crime.Em uma das comunicações incluídas em relatório, a Polícia descreve uma conversa mantida no grupo “Plantão marcação pai Urso”, referência ao líder da facção, Doca, também chamado de Urso, em que um dos integrantes da facção questiona sobre casas para alugar na região.“Quem já soube de casa alugando pelo quadrado aqui já me falar [sic]. Pra alugar”, enviou o contato “Deus”, como é conhecido Carlos da Costa Neves, vulgo “Gardenal”.O grupo era utilizado pela facção, segundo as apurações, para marcar plantões em boca de fumo, determinar ordens a subordinados e organizar o tráfico de drogas nas comunidades.Na comunicação, Gardenal estava falando com os membros do grupo sobre suas respectivas pausas para o almoço, dizendo que deveriam ir “naquele pike, só em casa comer uma parada, bater o cartão e volta vlw”.Nesse momento, também aproveitou para questionar os subordinados sobre eventuais casas para alugar. Para as autoridades, tal comunicação revela uma das táticas do CV para manter a segurança de seus membros e negócios.“Mensagem de Gardenal determinando que os subordinados não demorem durante o horário de almoço, e solicita que informem quem souber de casas para alugar na região, o que revela mais uma tática defensiva e inteligente, com objetivo de não deixar casas vazias dentro do cinturão de segurança da facção”, diz o documento.Print de conversa entre membros do CV obtido pela Polícia Civil Leia também Brasil RJ: membro do CV tinha controle de câmeras de segurança na Penha Brasil O que falta esclarecer sobre a megaoperação contra o CV no Rio Brasil Polícia alegou “complexidade” para justificar demora de operação no RJ Brasil Megaoperação no RJ: juiz disse que crime não cessa “por encanto” Gardenal, é tido pela investigação como “gerente geral operacional”. Ele é apontado como homem de confiança do líder, Doca, de quem faz a segurança.“Gardenal é responsável por definir as estratégias de ‘guerra’ contra facções rivais, e pelas táticas de enfrentamento às forças de segurança do Estado. Também é responsável por coordenar as guerras expansionistas da Facção”, diz a PC.Megaoperação no RJA investigação, que se estende desde 2024, resultou na deflagração da Operação Contenção, na última terça-feira. A ação mobilizou cerca de 2,5 mil policiais civis e militares, com o objetivo de conter a expansão territorial do Comando Vermelho e cumprir cerca de 100 mandados de prisão.Gardenal foi um dos que teve mandado de prisão expedido pela 42ª Vara Criminal da Capital, junto com outras dezenas de investigados.O número de mortos, que subiu para 121, foi atualizado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro na manhã de quinta-feira (30). A revisão foi feita após novos registros de entrada de corpos no Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, no centro da cidade.Os dados consolidam a operação como a mais letal da história do estado.