Governo do Rio identifica 99 mortos em operação; 42 eram alvos de mandados de prisão

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O governo do Rio de Janeiro identificou 99 dos 117 suspeitos mortos na megaoperação policial da última terça-feira, sendo que 42 deles tinham mandados de prisão em aberto, disse nesta sexta-feira (31) o secretário da Polícia Civil do Estado, Felipe Curi, em entrevista coletiva após a mais letal ação policial da história do Brasil.O secretário afirmou que 78 dos mortos identificados tinham “relevante histórico criminal”, embora nem todos tivessem mandados de prisão para serem cumpridos. Ele disse ainda que 40 dos mortos com histórico criminal eram de outros Estados, apontando Pará, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Espírito Santo, Paraíba e Mato Grosso como locais de origem desses suspeitos.Como “relevante histórico criminal”, disse Curi, estão pessoas envolvidas com tráfico de drogas, roubo e assassinato.Leia tambémTuristas argentinos mantêm viagens ao Rio mesmo com tensão após megaoperaçãoMesmo após o confronto que deixou 121 mortos na Zona Norte, visitantes mantiveram planos na ‘Cidade Maravilhosa’, mas admitem medo e cancelam parte dos roteirosGovernadores de direita rechaçam PEC da Segurança Pública após operação no RioCastro afirmou na reunião que o ponto principal rechaçado pelos governadores é a remoção da autonomia dos Estados na segurança públicaAlém dos 117 suspeitos mortos, também morreram quatro policiais na operação realizada nos complexos de favelas do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio, que visava a facção criminosa Comando Vermelho.Na coletiva, Curi ressaltou que restrições impostas à atuação policial atraíram criminosos de outros Estados para o Rio de Janeiro. Ele disse que anos atrás a Polícia Civil alertou em relatórios que essas determinações iriam fortalecer o crime organizado.A crítica indireta se refere a uma decisão do Supremo Tribunal Federal tomada na época da pandemia de Covid-19 na chamada ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) das favelas que proíbe, por exemplo, sobrevoo em comunidades de helicópteros com policiais com fuzis empunhados, exceto se forem justificadas.“Os complexos da Penha e do Alemão passaram a ser o quartel-general do Comando Vermelho em nível nacional”, afirmou Curi, chamando os criminosos da facção de “narcoterroristas” e defendendo mudanças na legislação para endurecer o combate a essas facções.Pelas contas do governo estadual, chegam mensalmente aos complexos 10 toneladas de drogas e são negociados de 50 a 70 fuzis no período.O secretário disse que a chamada Operação Contenção, como foi batizada a ação de terça, é contínua e que a atuação de terça-feira foi apenas mais uma fase dessa operação.Na ação de terça, 113 pessoas foram presas, incluindo 33 de outros Estados, como Amazonas, Ceará, Pará e Pernambuco, e 10 menores de idade apreendidos.Embora o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), tenha tratado a operação como um “sucesso”, o elevado número de mortes tem sido alvo de críticas e o principal alvo da operação e maior líder do Comando Vermelho fora da prisão, Edgar Alves de Andrade, o Doca, continua foragido.Em postagem nesta manhã em uma rede social ao lado de Curi, o governador do Rio defendeu novamente a operação. “O nosso trabalho é livrar a sociedade do tráfico, da milícia e de todo aquele que queira tirar o nosso direito de ir e vir”, disse.Na coletiva, Curi também voltou a defender a operação, dizendo que foi um duro baque na facção criminosa e que Doca será preso, o que não ocorreu nesta operação por um triz, segundo o secretário. “Prender o Doca é questão de tempo”, disse. “A hora dele vai chegar”, ressaltou.DenúnciaSegundo a denúncia do Ministério Público estadual que embasou a operação de terça, o Comando Vermelho consolidou uma estrutura de comando militarizada no Complexo da Penha em que a facção criminosa utiliza drones para monitorar ações policiais, ordena execuções de rivais e se vale de armamento de guerra para controlar e expandir o tráfico de drogas na comunidade e em outras regiões do Rio de Janeiro.O MP fluminense denunciou 68 pessoas por ligações com a facção criminosa, tendo como base principalmente a interceptação de conversas de WhatsApp de lideranças do Comando Vermelho com autorização judicial.Em uma das conversas interceptadas em que discutem uso de drones, um dos suspeitos disse a outro que era preciso o grupo se adequar à tecnologia. “O BX vai comprar o noturno. Estamos esperando aí comprar (sic)”, disse.“O meu não é noturno não, cara. Nós temos que comprar o noturno”, respondeu o comparsa.Na megaoperação de terça, policiais que tentavam avançar na comunidade durante a operação foram alvejados por granadas lançadas por drones.A denúncia do MP do Rio é de 26 de maio deste ano, mas a operação só foi deflagrada cinco meses depois.The post Governo do Rio identifica 99 mortos em operação; 42 eram alvos de mandados de prisão appeared first on InfoMoney.