O presidente de Madagascar, Andry Rajoelina, declarou, neste domingo (12/10), que estava em curso uma “tentativa ilegal e pela força de tomada do poder”.“A presidência da República deseja informar a nação e a comunidade internacional de que uma tentativa ilegal e pela força de assumir o poder, contrária à Constituição e aos princípios democráticos, está atualmente em curso no território nacional”, afirmou Andry Rajoelina em comunicado. “O diálogo é o único caminho a seguir e a única solução para a crise que o país enfrenta”, acrescentou, apelando à “unidade”.Por seu lado, um contingente do exército malgaxe afirmou ter assumido o controle das forças armadas do país, depois de, na véspera, se ter juntado aos milhares de manifestantes anti-governamentais na capital, Antananarivo, e apelado às forças de segurança para que “recusassem as ordens de disparar” sobre a população.Numa declaração em vídeo, os oficiais declararam que “a partir de agora, todas as ordens do exército malgaxe, sejam terrestres, aéreas ou marítimas, emanarão do quartel-general do CAPSAT (Corpo do Exército do Pessoal e dos Serviços Administrativos e Técnicos)”. Leia também Mundo Protestos em Madagascar: geração Z exige saída do presidente Mundo França devolve 3 crânios humanos a Madagascar em ato de reparação Mundo Argentina é palco de protestos contra austeridade do governo Milei Mundo Após protestos pelos EUA, Trump defende agentes anti-imigratórios Em 2009, esta base, situada na periferia da capital, conduziu um motim durante o levantamento popular que levou ao poder o atual presidente.Oficiais da guarda nacional, acusados de violência contra os manifestantes, publicaram na manhã deste domingo, uma declaração, em vídeo, na qual reconhecem “faltas e excessos nas intervenções”, todavia apelam à “fraternidade” entre o exército e a guarda. “Estamos aqui para proteger, não para aterrorizar”, declararam.MobilizaçãoA manifestação de sábado (11/10), em Antananarivo, foi uma das maiores desde o início da contestação, a 25 de Setembro, lançada pelo movimento Gen Z. No início, as manifestações serviram para protestar contra os cortes de água e de eletricidade, mas rapidamente evoluíram para uma contestação aos dirigentes políticos no poder, a começar pelo presidente Andry Rajoelina.Na noite de sábado, o primeiro-ministro nomeado há cinco dias, Ruphin Zafisambo, garantiu que o governo “se mantém firme” e “pronto a colaborar e a ouvir todas as forças: os jovens, os sindicatos e o exército”.A presidência assegura que Andry Rajoelina “permanece no país” e “continua a gerir os assuntos nacionais”.Pelo menos 22 pessoas foram mortas desde o início das manifestações e mais de uma centena ficaram feridas, segundo um balanço das Nações Unidas. Números contestados por Rajoelina, que fala em dados “errados”, avançando com 12 mortos, segundo ele, todos “vândalos”.PobrezaMadagascar é um dos países mais pobres do mundo, foi palco de frequentes levantes populares desde a independência da França, em 1960, nomeadamente as manifestações de 2009 que forçaram o presidente Marc Ravalomanana a abandonar o poder e abriram caminho para o primeiro mandato de Rajoelina. Reeleito posteriormente em 2018 e em 2023, em eleições contestadas e boicotadas pela oposição.Leia outras reportagens em RFI Brasil, parceiro do Metrópoles.