Quando o assunto é investir, a regra dos 72 pode ser um bom ponto de partida para quem quer entender melhor o impacto dos juros compostos sobre o patrimônio.Trata-se de um cálculo rápido que estima quantos anos um valor aplicado leva para dobrar de tamanho, bastando dividir o número 72 pela sua taxa anual. Por exemplo, a 9% ao ano, seria preciso cerca de oito anos para o dinheiro duplicar.Por trás da simplicidade, a metodologia dá um recado importante: no longo prazo, mesmo as pequenas variações de taxa podem fazer diferença nos rendimentos. Mas não adianta aplicá-la sozinha, sem considerar fatores que mudam tudo – como riscos, inflação e impostos.Para que a regra dos 72 possa ser uma aliada nas escolhas financeiras inteligentes, é preciso saber em que situações faz sentido utilizá-la ou não. A seguir, o InfoMoney mostra como ela ajuda a compreender o poder do tempo, comparar investimentos e planejar o longo prazo – e os seus limites quando o cenário muda, os juros variam ou o retorno aparente esconde perdas reais. Enxergar o efeito dos juros compostos no tempoPossivelmente, ver o efeito “bola de neve” dos juros compostos seja o uso mais valioso da regra dos 72, e isso fica ainda mais visível quando se começa a investir cedo. A cada ano, os juros aumentam o montante investido, que passa a render somado aos novos juros, e assim sucessivamente. Pela regra, um papel que rende 9% ao ano, por exemplo, dobraria em cerca de oito anos; mas se a taxa anual for 7%, seria preciso esperar 10 anos para obter o mesmo resultado.Perceba que a diferença aparentemente pequena, de dois pontos percentuais, aumenta em dois anos o planejamento financeiro. Ao visualizar esse horizonte, o investidor percebe que disciplina e tempo são os maiores aliados de sua carteira, e que quanto antes começar a fazer aportes, maior será o impacto dos juros compostos.Comparar investimentos de forma simplificadaA regra dos 72 funciona como um filtro inicial para comparar investimentos, principalmente quando a intenção é manter o dinheiro aplicado por vários anos. Com ela, pode-se ter uma ideia do tempo que cada ativo precisa para dobrar o capital sem recorrer a simuladores ou planilhas de cálculos. Mas é importante lembrar sempre da relação entre risco e retorno: normalmente, o potencial de rentabilidade é proporcional ao risco do investimento. Pode ser que o Tesouro Direto, por exemplo, pague menos do que o CDB de um banco médio pelo mesmo prazo, mas é uma opção mais segura, pois conta com a garantia do governo federal.Projetar metas financeiras de longo prazoNa hora de planejar a aposentadoria, a sucessão patrimonial ou programar as reservas para os estudos dos filhos, a regra dos 72 pode servir como uma bússola inicial.Dependendo do tempo que falta, pode ser difícil estimar o valor a poupar todo mês para chegar no capital desejado lá na frente. Ao utilizar a ferramenta, o investidor consegue definir metas mais realistas e visualizar quantas “dobras” são necessárias para formar o patrimônio que projetou.Por exemplo, quem tem uma carteira que rende, em média, 10% ao ano, pode esperar que os recursos dobrem a cada sete anos aproximadamente. Logo, em cerca de 14 anos, o montante inicial pode quadruplicar – considerando somente os rendimentos, sem aportes adicionais ao longo do tempo.Além de dimensionar o tempo, esse tipo de projeção ajuda a manter a motivação para investir, pois mostra que o dinheiro cresce mesmo enquanto se dorme. Porém, como em qualquer planejamento financeiro, é preciso agregar variáveis que mexem com a economia para não distorcer os resultados, como veremos no próximo item.Cuidados necessários com a regra dos 72Ao mesmo tempo que a regra dos 72 pode dar um impulso às projeções financeiras, ela pode se tornar enganosa se não tivermos alguns cuidados.Primeiro, porque o seu cálculo parte da ideia de que o retorno é sempre o mesmo ao longo do tempo – algo que quase nunca acontece na prática. Segundo, porque considera somente o valor nominal do investimento, sem os efeitos da inflação, impostos e qualquer outra perda do mundo real. Por exemplo, um investimento que rende 10% ao ano em cenário de inflação de 8% e com Imposto de Renda de 15% cresce bem menos do que o cálculo mostra.Além disso, a regra faz parecer que é fácil dobrar o dinheiro, mas boa parte dos ganhos pode ser consumida pelo aumento do custo de vida. Já em momentos de juros baixos, o cálculo mostra prazos muito longos, que podem desanimar o investidor e levá-lo a correr riscos desnecessários em busca de ganhos mais rápidos.Em outras palavras, a regra serve basicamente como uma bússola inicial, e não como um parâmetro exato de rentabilidade líquida. Ela é eficaz para despertar consciência sobre o impacto dos juros compostos ao longo do tempo, mas deve ser acompanhada de uma visão realista sobre o cenário econômico.The post Regra dos 72: saiba como funciona, como pode ser útil – e os alertas para não errar appeared first on InfoMoney.