Em julho de 2010 Alexsandro Nogueira, jornalista e músico de Campo Grande (MS), rabiscou os primeiros versos de uma canção inspirada na maior estreia da sua vida: o papel de pai, com o nascimento da filha, Maitê. No caminho para o trabalho, ele moldou melodia e letra movido pela emoção da paternidade. Assim nasceu a música Cada Instante, uma canção feita sob medida para embalar a infância da menina e que agora, 15 anos depois, ganhou um novo significado. Confira a música. Leia também Brasil Irmãos com doença renal recebem rins do mesmo doador Viralizou Irmãos separados em orfanato se emocionam em reencontro após 80 anos Vida & Estilo Após transplante, mulher gera bebê no útero da própria mãe Música Vitor Kley relembra pai em fala emocionante: “Me acompanhando” “Esperei 15 anos para ouvi-la cantar. É uma declaração de amor de um pai para uma filha”, resume Alexsandro. A gravação não foi planejada por ele, mas sim por quem mais tinha o direito de reescrever essa história: Maitê. Perto de completar 15 anos, foi ela quem olhou para o pai e perguntou, como quem traz um segredo antigo nos olhos: “Pai, quando vamos gravar a música?” Clique aqui para seguir o canal do Metrópoles Vida&Estilo no WhatsAppO músico não pensou duas vezes. Viajou até São Paulo, reuniu uma equipe e levou a filha para o estúdio. Com a participação do tio dela e a produção de Sandro Haick — que já trabalhou com nomes como Dominguinhos e Ivete Sangalo — a música ganhou corpo. Com influências da MPB, de George Benson e dos Beatles, Cada Instante finalmente encontrou a voz da homenageada.A conexão da menina com a música começou ainda na infância; um amor que passou de pai para filha“No início, eu fiquei com um pouco de vergonha, mas quando parei para prestar atenção na letra, fiquei muito emocionada. Fiquei muito feliz, porque eu amo muito meu pai. Ele é muito importante para mim”, conta Maitê, emocionada.A canção sempre fez parte do cotidiano da família. “Eu sempre escutei a música. Minhas primas gravaram um vídeo cantando para mim quando eu ainda era bebê, e eu sempre assisto”, relembra. Mesmo sem formação em canto, Maitê cresceu cercada de música. O pai toca contrabaixo na igreja que frequentam, a mãe e a filha participam do vocal, e a trilha sonora da casa vai de Marisa Monte a Djavan, passando por Beatles, Toto e Bruno Mars.“Ela é uma adolescente que nunca fez aula de canto, mas sempre levamos música a sério em casa”, explica o pai. E não foi só a música que moldou Maitê: fã de C.S. Lewis, apaixonada por leitura e estudando piano, ela sonha em ser cirurgiã pediátrica. “Ela não pensa em seguir carreira artística. O sonho da vida dela é outro, mas a música segue como um hobby levado com dedicação.”Além da canção, o que se eternizou foi o vínculo. Pai e filha dividem muito mais que genes: o amor pelo Corinthians, conversas sobre história, passeios gastronômicos e a afinidade que não cabe só na palavra “família”. “Ela é minha filha, mas também minha amiga, meu maior tesouro”, diz Alexsandro.Pai e filha dividem muito mais que genes: o amor pelo CorinthiansPara ele, ver Maitê cantar a música escrita em sua homenagem foi mais do que um momento musical. Foi um reencontro com o passado, um presente de amor. “Eu já fiz canções para outras pessoas: meu pai, minha esposa, até um amigo querido que gravou no hospital antes de falecer. Mas a Maitê era a minha homenagem mais esperada. Esperei 15 anos para viver esse momento.”O nome dela, aliás, nunca foi por acaso. “Escolhi Maitê porque significa ‘amável’. E ela é exatamente isso. Doce e amável.”