Lavar o arroz faz diferença ou não? Nutricionista esclarece

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Um hábito quase automático nas cozinhas brasileiras, lavar o arroz antes de cozinhar ainda levanta dúvidas — inclusive entre especialistas. “É um gesto que parece simples, mas pode ter implicações nutricionais importantes”, explica a nutricionista Larissa Luna, especialistas em nutrição funcional e saúde da mulher. Leia também Vida & Estilo Ajuda a emagrecer: 5 razões para incluir o arroz integral na dieta Saúde Arroz e feijão na dieta: conheça benefícios para quem pratica esportes Gastronomia Arroz integral mais rápido: chef ensina preparo prático e saboroso Gastronomia Como fazer arroz soltinho e saboroso: chef ensina técnica infalível Segundo estudos científicos recentes analisados pela profissional, a lavagem do carboidrato não é um procedimento neutro. Pode remover algumas impurezas, sim — mas também leva embora nutrientes essenciais, especialmente quando se trata de arroz polido e enriquecido.Estudo recente contesta práticas tradicionais e revela quando enxaguar os grãos realmente faz diferençaNutrientes podem ir embora na água“A variação branca que passa por enriquecimento recebe nutrientes como ferro, ácido fólico, tiamina e niacina na superfície do grão”, destaca Larissa. A lavagem pode remover parte significativa desses compostos, reduzindo o valor nutricional da porção final.Além disso, Larissa explica que a água leva consigo minerais como potássio e vitaminas do complexo B — todas solúveis em água. Quanto mais demorada e intensa for a lavagem, maiores as perdas. “É um ponto que muita gente ignora, porque acredita que está apenas limpando o grão”, afirma a nutricionista.E quanto aos contaminantes?A principal justificativa para lavar o arroz, além da higiene, é tentar reduzir contaminantes como o arsênio — metal pesado que pode estar presente em solos onde o arroz é cultivado. Só que, segundo os estudos analisados por Larissa, esse efeito é bem limitado.“A simples lavagem tem impacto pequeno em remoção de arsênio”, aponta. Já métodos como o cozimento com água em excesso (e posterior descarte da água) demonstram maior eficácia na redução desse contaminante, embora também provoquem mais perdas de micronutrientes.5 imagensFechar modal.1 de 5Adicionar vinagre pode evitar que o alimento estrague rapidamenteGetty Images2 de 5O nutricionista indica trocar o arroz branco pelo integral, por ser mais rico em fibrasvm2002/Getty Images3 de 5Resfriar arroz branco aumenta a proporção do amido resistente, evitando picos de glicose no sangue Gettyimages4 de 5O grão tem alto teor de carboidratosGetty Images5 de 5O arroz requentado não apresenta perigo por si só, mas pode causar intoxicação alimentar se não for mantido refrigerado ou se ficar durante muito tempo na geladeiraGetty Images Lavagem e textura: efeito menor do que parecePara quem lava o arroz na tentativa de deixá-lo mais soltinho, uma ressalva: a diferença pode não ser tão perceptível assim. Estudos mostraram que o número de lavagens não altera  significativamente a textura do arroz cozido — especialmente em variedades já processadas.Como preparar seu arroz com mais consciênciaO ideal, segundo Larissa Luna, é adotar um equilíbrio entre sabor, segurança e nutrição. Algumas orientações práticas ajudam a tomar decisões melhores sem cair em extremismos.Prefira arroz integral ou menos processado: em grãos menos refinados, os nutrientes estão “embutidos” no grão, menos suscetíveis à lavagem superficial.Modere a lavagem – enxágue rápido e leve: se for lavar, basta enxaguar com água fria até que fique quase clara, evitando esfregar ou imersão longa.Adote métodos de cozimento que ajudem a reduzir contaminantes: métodos como cozinhar com água em excesso (e descartar o excesso) ou pré-fervura + absorção (“parboiling + absorção”) têm sido apontados como eficazes para remover arsênico com perdas menores.Varie os cereais da dieta: não consuma arroz em todas as refeições. Inserir quinoa, cevada, trigo sarraceno, milho, etc., para diversificar a ingestão de nutrientes e reduzir a exposição acumulativa.Fortaleça a dieta ao redor do arroz: se houver pequenas perdas de vitaminas e minerais no preparo, isso pode ser “compensado” com escolhas ao longo do dia: legumes, verduras, proteínas de boa qualidade, alimentos fontes de vitamina B, etc.O arroz é uma ótima opção de carboidrato pós-treinoSem drama: o arroz pode e deve continuar no pratoLavar o arroz não é um gesto “tudo ou nada” – e sim “Uma escolha que deve ser feita com consciência. Não se trata de demonizar ou idealizar o alimento: o arroz pode (e deve) coexistir dentro de uma alimentação equilibrada, onde o cuidado no preparo é só mais um detalhe de uma nutrição de qualidade”, finaliza a nutricionista.