O motociclista Nayan José Sales, que atropelou a triatleta Luisa Baptista em 2023, foi condenado a nove anos e quatro meses de prisão em regime inicial fechado pelo crime de homicídio com dolo eventual, ou seja, quando se assume o risco de matar.A decisão veio nessa quarta-feira (15/10), após Nayan ser levado a júri popular no Forúm de São Carlos, interior de São Paulo. A pena deve ser cumprida imediatamente e ele será encaminhado à penitenciária da região. Leia também São Paulo Cadeia do metanol: usinas e destilarias são alvos de operação em SP São Paulo Acordo de R$ 41,2 milhões encerra investigação de falhas no monotrilho São Paulo Caso de transplante de fígado com câncer é bastante raro, diz médica São Paulo Rodovia dos Bandeirantes terá novo nome em tributo a ex-governador O crime aconteceu em dezembro de 2023, enquanto Luisa treinava para as Olímpiadas de Paris na Estrada Municipal Abel Terrugi, em São Carlos. Ela estava na bicicleta quando foi atingida de frente pela motocicleta de Nayan, que não possuía CNH na época.Além disso, ele saía de uma festa open bar, apesar de o teste de bafômetro ter resultado negativo, e fugiu do local sem prestar socorro. Por conta destes fatos, o tribunal do júri entendeu que o réu “assumiu o risco de produzir o resultado morte”.Luisa Baptista ficou 100 dias internada e 60 deles em coma, sofrendo ferimentos em quase todo o lado direito de seu corpo, fraturas expostas e perfurações em órgãos.“Considerando as consequências graves do fato que atingiram a vítima, que permaneceu semanas em coma, se submeteu a fisioterapia, perdeu rendimentos financeiros, rendimento físico e desempenho enquanto atleta profissional do mais alto padrão, considerando ainda que perdeu mobilidade de ao menos um dos dedos, considerando ainda o grau de reprovabilidade da conduta do acusado, consistente em transitar pela contramão de direção, em rodovia que sabia ser muito utilizada por atletas do ciclismo, fixo a pena base em 12 anos de reclusão”, determinou a Justiça.A pena foi reduzida em 1/3, finalizando em 9 anos e 4 meses de reclusão. Em seu perfil nas redes sociais, a triatleta comemorou a decisão. “Na verdade no dia de hoje eu não brigo tanto por mim, mas por todos os ciclistas que acabam falecendo no trânsito por conta de motoristas imprudentes. A partir do momento que você atropela alguém, você assume o risco de lesão corporal por dolo eventual. Você pode não ter a intenção de matar alguém, mas existe esse risco”, declara.A decisão fixou ainda uma indenização mínima à vítima no valor de R$ 3o mil, que deve ser corrigido e acrescido de juros. A reportagem não conseguiu localizar a defesa, e o espaço permanece aberto para eventuais manifestações.Primeira mulher ouro no triatloLuisa Baptista, de 30 anos, foi a primeira mulher a conquistar medalha de ouro no triatlo, que envolve as modalidades de nadar, pedalar e correr. Ela foi campeã na categoria individual e na mista, ao lado de Manoel Messias, nos Jogos Pan-Americanos de Lima em 2019.3 imagensFechar modal.1 de 3Luisa Baptista foi atropelada durante treino em dezembro do ano passadoGaspar Nobrega/COB2 de 3Ela teve ferimentos em quase todo o lado direito do corpo, fraturas expostas e seu coração chegou a parar por 8 minutosWander Roberto/COB3 de 3O júri popular do motociclista acontecerá nesta quarta (15/10) em São Carlos, inteiror de São Paulo.Reprodução/ InstagramA triatleta também representou o Brasil nos Jogos Pan-Americanos de Santiago, em 2023. Ela estava escalada para participar das Olímpiadas de Paris em 2024, mas por conta do acidente foi apenas como espectadora.