Tenho muita dificuldade, e tenho-o escrito aqui, em ter “clube” no conflito Israel-Palestina. Quem hoje diz isto é conotado como pró-israelita. Não tenho, todavia, nenhuma razão para defender Israel. Ao contrário: é óbvio que a ação de militar, chamemos-lhe genocida ou outra coisa qualquer, tem sido horrível. Mas a ação do Hamas não é melhor. Continua a mostrar desprezo pelo povo, a esconder reféns e obviamente não se arrependeu da barbárie de há dois anos.O que se passa é um combate entre duas ideologias extremistas: aquilo que Goldhagen chama de islamismo político do Hamas e o que Jorge Almeida Fernandes qualificou como sionismo messiânico do governo israelita. Entre os dois venha o diabo e escolha. Não consigo fazer uma escolha simples nesta situação tão complexa.É por isso que me parece difícil criticar um sem atacar o outro. Também por isso defender os palestinianos implicará, creio, exigir a retirada do Hamas da vida pública da Palestina. Netanyahu, esse, deverá ser arrumado pelos tribunais ou pelo povo de Israel em eleições livres. Veremos se as eleições voltarão a acontecer na Palestina. Até lá, e independentemente de acordos, sigamos São Tomé: desejar a paz e esperar para ver. E sejamos capazes de pôr em causa as nossas convicções. Esse é o caminho para despolarizar num mundo de cabeças demasiado quentes.O conteúdo Os extremos no Médio Oriente aparece primeiro em Revista Líder.