EUA realizam maior apreensão de criptomoedas e apontam líder de esquema global

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StartupiEUA realizam maior apreensão de criptomoedas e apontam líder de esquema globalO Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) anunciou nesta semana o maior confisco de criptomoedas já realizado, com apreensão de mais de US$ 14 bilhões em bitcoins, o equivalente a R$ 76 bilhões. As autoridades acusam o empresário Chen Zhi, fundador do conglomerado Prince Group, sediado no Camboja, de liderar uma rede internacional de fraudes financeiras, lavagem de dinheiro e tráfico de pessoas.O DOJ afirma que Zhi comandava um esquema conhecido como “pig butchering”, termo usado para descrever golpes em que criminosos conquistam a confiança de vítimas antes de convencê-las a investir em plataformas falsas de criptomoedas. As investigações indicam que o grupo movimentava ativos digitais oriundos de golpes aplicados em diversos países e utilizava mineradoras e redes de transação para mascarar a origem dos fundos.Segundo o governo americano, os recursos foram usados para financiar viagens particulares, obras de arte, imóveis e jatos corporativos. Parte do dinheiro teria circulado por empresas de fachada registradas em paraísos fiscais, como as Ilhas Virgens Britânicas. O DOJ classificou o caso como a maior operação de confisco de ativos digitais da história dos EUA, superando apreensões anteriores ligadas ao mercado Silk Road.Chen, que possui cidadanias cambojana e britânica, foi indiciado em Nova York por conspiração, fraude eletrônica e lavagem de dinheiro. Ele está foragido. As autoridades também impuseram sanções conjuntas com o Reino Unido, que anunciou o congelamento de 19 propriedades em Londres, avaliadas em mais de £ 100 milhões.O Departamento de Justiça informou que o Prince Group atuava como fachada para dez complexos fraudulentos instalados no Camboja. Trabalhadores estrangeiros eram traficados, confinados e forçados a operar “fazendas telefônicas”, centros equipados com milhares de celulares que controlavam perfis falsos em redes sociais para aplicar golpes em massa. Documentos judiciais mostram que duas dessas instalações possuíam 1.250 telefones operando cerca de 76 mil contas fraudulentas.O procurador-assistente de Segurança Nacional dos EUA, John A. Eisenberg, declarou que o Prince Group era “uma estrutura criminosa baseada na exploração humana”. O DOJ cita também quatro empresas vinculadas ao grupo — Jin Bei Group, Golden Fortune Resorts World, Byex Exchange e o próprio Prince Group —, todas sancionadas por envolvimento direto na operação. Duas delas já haviam sido citadas em relatórios da Anistia Internacional por práticas de trabalho forçado e tortura.Rastreamento de criptomoedas levanta suspeita de ligação com ataque hacker na ÁsiaA operação gerou questionamentos entre analistas por causa da coincidência entre o volume de bitcoins apreendidos e os 127.426 BTC roubados no ataque à mineradora chinesa LuBian, em 2020. Desde o incidente, a maior parte desses ativos permanecia parada em carteiras públicas. Na véspera do anúncio do DOJ, uma das carteiras associadas ao caso movimentou 9.757 BTC, valor próximo ao transferido pelo governo americano no mesmo dia.A empresa de análise de blockchain Elliptic publicou relatório sugerindo que os bitcoins confiscados podem estar relacionados ao episódio LuBian, indicando que parte dos fundos passou por mineradoras com presença na China e no Irã. O documento observa que criminosos frequentemente utilizam pools de mineração para misturar ativos digitais e dificultar rastreamento de origem.Apesar das coincidências, as autoridades não confirmaram ligação direta entre o hack da LuBian e a apreensão atual. A Elliptic destacou que, em junho de 2024, uma carteira vinculada ao roubo também havia sido movimentada, possivelmente já sob controle governamental.Com o confisco, os EUA ampliam suas reservas federais de bitcoin, estimadas agora em torno de US$ 36 bilhões. O destino final dos recursos permanece indefinido. Debates no Congresso discutem se parte dos fundos deve indenizar vítimas de fraudes digitais ou integrar reserva estratégica nacional de criptoativos.Especialistas em regulação avaliam que a operação marca um novo estágio de cooperação internacional contra crimes financeiros digitais. O trabalho conjunto entre EUA e Reino Unido reforça a capacidade de rastrear transações descentralizadas e de aplicar sanções extraterritoriais.O episódio também reacende discussões sobre transparência e governança em redes blockchain. O bloqueio de ativos em escala global evidencia que, apesar da natureza descentralizada das criptomoedas, autoridades conseguem rastrear fluxos e responsabilizar indivíduos quando há colaboração entre países.O processo contra Chen Zhi segue em curso. Se condenado, ele pode receber pena de até 40 anos de prisão. O caso se tornou referência para políticas de combate a fraudes digitais, expondo como estruturas empresariais, tecnologia financeira e crimes transnacionais podem se entrelaçar em escala global.A apreensão dos US$ 14 bilhões marca um divisor de águas na relação entre governos e ativos digitais, mostrando que o poder de investigação estatal se adapta rapidamente a novas formas de criminalidade econômica que surgem com o avanço da tecnologia financeira.Aproveite e junte-se ao nosso canal no WhatsApp para receber conteúdos exclusivos em primeira mão. Clique aqui para participar. Startupi | Jornalismo para quem lidera inovação!O post EUA realizam maior apreensão de criptomoedas e apontam líder de esquema global aparece primeiro em Startupi e foi escrito por Tiago Souza