Em um feito histórico para o futebol mundial, Cabo Verde garantiu na última terça-feira (14) sua vaga inédita na Copa do Mundo de 2026, tornando-se o menor país em extensão territorial a disputar o torneio.Da independência ao MundialCom aproximadamente 600 mil habitantes e pouco mais de 50 anos de independência de Portugal (1975), o arquipélago africano pisa pela primeira vez no palco mais prestigiado do futebol.Com 4 mil km² de extensão, Cabo Verde tem um território equivalente a um quarto do tamanho de Sergipe, o menor estado do Brasil.A classificação veio com autoridade: uma goleada por 3 a 0 sobre Essuatíni, a última colocada do grupo D das eliminatórias africanas, selou o passaporte histórico para o Mundial.CONFIRA: Veja os ativos mais recomendados por grandes bancos e descubra como diversificar sua carteira com as escolhas favoritas do mercado; acesse gratuitamentea Cidade da Praia (e todo o CV) está em festa com o histórico apuramento dos #TubarõesAzuis para o Mundial 2026.desde da realização das primeiras eleições multipartidárias que os caboverdianos não saiam às ruas em massa para demonstrarem a sua alegria.um dia histórico! pic.twitter.com/UyFdlVI43c— 𝐊𝐞́𝐯𝐢𝐧 𝐓𝐚𝐯𝐚𝐫𝐞𝐬 (@EmiKevin) October 13, 2025Metade da seleção nasceu fora do paísO grande símbolo da campanha está no DNA da diáspora cabo-verdiana. Para alcançar o feito inédito, a federação cruzou o Atlântico em busca de jogadores com raízes no país — e o resultado impressiona: metade da equipe titular na partida decisiva nasceu no exterior.Entre eles estão:Roberto “Pico” Lopes, zagueiro nascido na Irlanda;Steven Moreira, lateral com raízes na França;Willy Semedo, meio-campista francês por nascimento;Jamiro Monteiro e Dailon Livramento, ambos nascidos em Roterdã, na Holanda.Além desses nomes, a seleção costuma convocar atletas vindos de Portugal, Holanda, França, Suíça, Suécia e Noruega, reforçando a ligação do país com sua comunidade espalhada pelo mundo.Um jogador convocado pelo LinkedInUm dos episódios mais curiosos dessa história é o do zagueiro Roberto “Pico” Lopes.Filho de pai cabo-verdiano e mãe irlandesa, ele chegou a defender seleções de base da Irlanda, seu país de nascimento.Mas quando recebeu uma mensagem do então técnico da seleção de Cabo Verde pelo LinkedIn, em 2018, simplesmente ignorou o convite — afinal, não falava português e achou que se tratava de spam.Um ano depois, o treinador insistiu, entrou novamente em contato e conseguiu convencê-lo a representar o país de origem de seu pai.“Achei que a mensagem era um spam. Eu deveria ter usado o Google Tradutor antes”, brincou o zagueiro, em entrevista ao site da Fifa.Brasil distante, inspiração próximaMesmo distante 2,6 mil quilômetros da costa brasileira, Cabo Verde tem laços profundos com o futebol nacional.Vários clubes do arquipélago foram inspirados em times brasileiros, adotando nomes, escudos e cores semelhantes.Entre eles estão:Sport Club Corinthians de São Vicente (ilhas cabo-verdianas)Inspirado no Corinthians paulista, com presença ativa em categorias de base e projetos sociais.Bandeira do Corinthians de São Vicente – Cabo Verde — Foto Reprodução – GloboplayBotafogo de Cabo Verde (Ilha do Fogo)Mescla identidade com o Botafogo carioca e inspiração no Botafogo de Ribeirão Preto.Botafogo Cabo Verde — Foto Reprodução Redes SociaisASC Figueirense (Ilha do Maio)Fundado em 2010, faz clara homenagem ao Figueirense de Florianópolis.ASC Figueirense, de Cabo Verde, na Primeira Divisão Regional do Maio em 2020 — Foto Reprodução Redes sociaisCruzeiro Calheta do Maio (Ilha do maio)Fundado na Ilha do Maio, em agosto de 2000, faz referência ao clube mineiro.Cruzeiro Calheta de Maio – Elenco — Foto Reprodução Redes Sociais