Cientistas chegam mais perto de confirmar existência da matéria escura

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Por Will DunhamWASHINGTON (Reuters) – Os cientistas podem estar chegando mais perto de confirmar a existência da matéria escura — material invisível que se acredita constituir mais de um quarto do cosmos — ao estudarem um brilho difuso de raios gama próximo ao centro de nossa galáxia.Tudo o que é visível no universo é feito de matéria comum: de estrelas e planetas a pessoas, calotas de carros e tacos. A matéria comum pode ser vista em comprimentos de onda que vão do infravermelho à luz visível e aos raios gama, mas compreende apenas cerca de 5% do universo. A matéria escura, que não absorve, não reflete e não emite nenhuma luz, parece compreender cerca de 27% do universo, com outro componente misterioso chamado energia escura, responsável pelos 68% restantes.Cientistas estão confiantes de que a matéria escura existe por causa dos seus efeitos gravitacionais em grande escala no universo. Devido à sua própria natureza, sua existência tem sido difícil de provar. Mas pesquisas sobre um excesso de raios gama observados e mapeados pelo telescópio Fermi Gamma-ray Space em uma vasta extensão próxima ao coração da Via Láctea prometem fornecer uma confirmação há muito procurada.Leia tambémSupertempestade solar: missão simula fenômeno que pode desligar a tecnologia da TerraEm uma experiência recente, engenheiros e outros especialistas mostraram o efeito catastrófico que o evento causaria no planeta Terra atual, repleto de satélites, ligações elétricas e internetTerras raras: atuação da China dá chance para Trump reconquistar aliados para os EUAO ministro das Finanças do Japão, Katsunobu Kato, pediu que os países do G7 “se unam e respondam” às ações da China, enquanto seu homólogo alemão defendeu uma possível resposta conjunta do blocoCientistas apresentaram duas explicações concorrentes para as emissões de raios gama. Uma delas é que elas são causadas pela colisão de partículas de matéria escura reunidas nessa região galáctica. A outra é que elas são causadas por uma classe de estrelas de nêutrons — densos núcleos colapsados de estrelas massivas após suas mortes — chamadas de pulsares de milissegundos, que emitem luz em todo o espectro eletromagnético à medida que giram centenas de vezes por segundo.Uma nova análise abrangente, incluindo simulações avançadas, ponderou os méritos dessas hipóteses concorrentes, considerando-as igualmente prováveis. Os raios gama gerados por colisões de partículas de matéria escura, segundo o estudo, produziriam o mesmo sinal de raios gama observado pelo satélite Fermi.“Compreender a natureza da matéria escura que permeia nossa galáxia e todo o universo é um dos maiores problemas da física”, disse o cosmólogo Joseph Silk, da Universidade Johns Hopkins, em Maryland, e do Instituto de Astrofísica da Universidade de Paris/Sorbonne, um dos autores do estudo publicado na quinta-feira na revista Physical Review Letters.“Nosso novo e importante resultado é que a matéria escura se encaixa nos dados de raios gama pelo menos tão bem quanto a hipótese rival da estrela de nêutrons. Aumentamos as chances de que a matéria escura tenha sido indiretamente detectada”, acrescentou Silk.Segundo os pesquisadores, o mais poderoso telescópio terrestre de raios gama do mundo — o Cherenkov Telescope Array Observatory, atualmente em construção no Chile — pode ser capaz de fornecer uma resposta diferenciando as emissões de raios gama dessas duas fontes. Ele poderá entrar em operação já em 2026.“Como a matéria escura não emite nem bloqueia a luz, só podemos detectá-la por meio de seus efeitos gravitacionais sobre a matéria visível. Apesar de décadas de busca, nenhum experimento ainda detectou partículas de matéria escura diretamente”, disse o astrofísico e principal autor do estudo, Moorits Mihkel Muru, da Universidade de Tartu e do Instituto Leibniz de Astrofísica de Potsdam.O excesso de raios gama foi observado em uma região que se estende pelos 7.000 anos-luz mais internos da galáxia. Um ano-luz é a distância que a luz percorre em um ano, 9,5 trilhões de quilômetros. Essa região fica a cerca de 26.000 anos-luz da Terra.Os raios gama apresentam os menores comprimentos de onda e a maior energia de todas as ondas do espectro eletromagnético. Por que os raios gama podem ser evidência de matéria escura? Suspeita-se que as partículas de matéria escura se aniquilam completamente quando colidem, e essas colisões geram raios gama como subproduto.Acredita-se que a Via Láctea tenha se formado pelo colapso, sob a força da gravidade, de uma vasta nuvem de matéria escura e matéria comum.“A matéria comum esfriou e caiu nas regiões centrais, arrastando consigo um pouco de matéria escura para o passeio”, disse Silk. “A única característica da hipótese mais simples da matéria escura é o fato de que se acredita que as partículas de matéria escura são suas próprias antipartículas e se aniquilam completamente quando colidem. Somente os prótons e os antiprótons fazem algo semelhante para produzir raios gama energéticos, e os antiprótons são extremamente raros.”Mas o brilho também poderia ser produzido pela emissão coletiva de muitos milhares de pulsares de milissegundos até então não observados. O satélite Fermi confirmou que esses objetos são fontes de raios gama que poderiam explicar o brilho nessa região.(Reportagem de Will DunhamThe post Cientistas chegam mais perto de confirmar existência da matéria escura appeared first on InfoMoney.