Parlamentares da oposição criticaram a rejeição do requerimento que pedia a convocação de José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), para depor na CPMI do INSS. A votação ocorreu nesta quinta-feira (16/10) e o pedido foi barrado por 19 votos a 11 na comissão.Em publicação no X (antigo Twitter), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) questionou os votos de parlamentares de esquerda e criticou o resultado.“Por que a esquerda não quer ouvir este santo homem na CPMI do INSS? Foram bloqueados R$ 390 milhões do sindicato, que, segundo o COAF, movimentou R$ 1,2 bilhão. Bilhões de reais foram roubados de idosos e pessoas com deficiência. O sindicato do irmão de Lula está diretamente ligado aos desvios, e mesmo assim não querem ouvi-lo? Por quê?”, escreveu o parlamentar na rede social.Veja na íntegra:Por que a esquerda não quer ouvir este santo homem na CPMI do INSS?Foram bloqueados R$ 390 milhões do sindicato, que, segundo o COAF, movimentou R$ 1,2 bilhão.Bilhões de reais foram roubados de idosos e pessoas com deficiência. O sindicato do irmão de Lula está diretamente… pic.twitter.com/eb1qDYpgdU— Flavio Bolsonaro (@FlavioBolsonaro) October 16, 2025A oposição esperava que o irmão de Lula fosse convocado para depor, o que, na prática, colocaria um parente do presidente no centro das investigações e aumentaria a pressão sobre o governo. O Sindnapi é uma das entidades investigadas por realizar o cadastro de aposentados junto ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e operar descontos automáticos nos benefícios.O escândalo do INSS foi revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens publicadas a partir de dezembro de 2023. Três meses depois, o portal mostrou que a arrecadação das entidades com descontos de mensalidade de aposentados havia disparado, chegando a R$ 2 bilhões em um ano, enquanto as associações respondiam a milhares de processos por fraude nas filiações de segurados.As reportagens do Metrópoles levaram à abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF) e abasteceram as apurações da Controladoria-Geral da União (CGU). Ao todo, 38 matérias do portal foram listadas pela PF na representação que deu origem à Operação Sem Desconto, deflagrada no dia 23 de abril deste ano e que culminou nas demissões do presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi. Leia também Andreza Matais Investigados do INSS compraram 1.243 cabeças de gado a R$ 2,8 milhões São Paulo INSS suspende novos consignados do Banco Inter e mais 3 instituições Brasil CPMI do INSS tem bate-boca entre líderes do PL e do PT: “Hipócrita” Brasil CPMI do INSS rejeita prisão preventiva contra presidente do Sindnapi Manifestações da oposiçãoO senador Marcos Rogério (PL-RO) também utilizou as redes sociais para criticar a decisão da comissão.“Essa semana, o sindicato teve R$ 390 milhões bloqueados por ordem do STF. E não é pouca coisa: segundo o Coaf, movimentou R$ 1,2 bilhão nos últimos seis anos. Mesmo assim, escolheram blindar. Por quê? O que querem esconder? Uma coisa é certa, quem votou contra a convocação escolheu proteger o roubo, não os aposentados”, disse o parlamentar em seu perfil no X.O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) afirmou que a rejeição foi uma manobra de parlamentares de esquerda na CPMI. “Um escárnio com os aposentados assaltados no INSS. Deputados e senadores de esquerda manobram na CPMI para blindar irmão de Lula”, publicou Jordy.O deputado Coronel Chrisóstomo (PL-AM) questionou a votação da convocação, e afirmou que o irmão de Lula segue sendo blindado pela esquerda. “Estão blindando Frei Chico! Quem não deve, não teme! Por que tanto medo?”, escreveu o parlamentar nas redes sociais.O senador Rogério Marinho (PL-RN) mostrou-se instatisfeito nas redes sociais após o fim da votação. O parlamentar afirmou que o Partido dos Trabalhadores (PT) mantém sua operação de blindagem na CPMI do INSS. “A rejeição da convocação de Frei Chico, irmão de Lula, é mais uma prova disso. A base do governo Lula barra depoimentos-chave, desvia o foco e impõe uma investigação seletiva”, diz trecho da publicação.Em resposta à publicação de Marinho, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou que a oposição irá expor “todos esses ladrões dos aposentados e pensionistas no Brasil”. “Parabéns ao nosso partido [PL] e aos parlamentares que querem defender nossos idosos dos ladroes!”, finalizou Sóstenes.CPMI rejeita convocaçãoO requerimento que mirava Frei Chico foi votado em destaque na CPMI do INSS, nesta quinta, depois do acordo entre a base do governo e a oposição aliada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Governistas foram maioria e derrubaram o pedido por 19 votos a 11.O pedido havia sido incluído na pauta pelo presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), e fazia parte do bloco de depoimentos voltado a investigar a atuação de entidades e associações no esquema de descontos indevidos em benefícios previdenciários.A oposição também queria que o sindicalista fosse em condição de testemunha, já que ele não é nominalmente investigado pelos esquemas de desvios na Previdência Social.A pressão para a convocação de Frei Chico aumentou depois da terceira fase da Operação Sem Desconto, deflagrada no início deste mês, e que teve como um dos alvos o presidente do Sindnapi, Milton Batista, conhecido como Milton Cavalo.Segundo a Controladoria Geral da República (CGU), a entidade sindical omitiu o nome do irmão do presidente para obter um acordo de colaboração com o INSS. A CPMI ainda vai votar o pedido de prisão temporária de Milton Cavalo, que compareceu ao colegiado no mesmo dia em que a operação da PF foi deflagrada.