O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, vai encaminhar aos órgãos de controle (CGU e TCU) um pedido para que investiguem a conduta de diretores da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) por supostos “interesses escusos”.A decisão foi tomada após o presidente da agência, Sandoval Feitosa, pedir vista de um processo que se arrasta há quase dois anos no órgão regulador graças a sucessivos pedidos de adiamento. O diretor Fernando Mosna segurou o processo por um ano. Leia também Brasil CGU vai investigar dirigentes da Aneel após denúncias de ministro Guilherme Amado CGU suspeita de demora da Aneel para evitar apagão em São Paulo Brasil Governo Lula tem relação ruim com Aneel e outras agências reguladoras Igor Gadelha Aneel já sabia do risco de novos apagões em SP, mostra relatório Em 2023, o governo editou um decreto para regulamentar a nova governança da CCE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica). Cabe à Aneel homologar a mudança, que prevê a criação de oito cargos no conselho de administração — quatro indicados pelo governo e quatro pelo mercado — além de outros cinco na diretoria. Atualmente, são apenas cinco cargos na estrutura – o presidente e quatro conselheiros.No governo, há desconfiança de que a demora da Aneel em concluir sua parte do processo esteja relacionada ao interesse de um grupo de diretores de lotear os novos cargos, com salários que vão de R$ 100 mil a R$ 35 mil por mês.A CCE é um órgão poderoso, por onde passam todas as transações de compra e venda de energia do país, além de garantir acesso a informações estratégicas do setor.Alexandre Silveira deve deixar a pasta até abril para disputar as eleições em Minas — ele é pré-candidato ao Senado. Uma das suspeitas é que o processo só será concluído na agência após sua saída, de forma a garantir o controle dos cargos aos diretores da Aneel.Paralelamente à investigação, o ministério busca alternativas para retirar da Aneel a prerrogativa de análise do processo.Não será a primeira vez que o ministro pede investigação sobre a conduta de diretores do órgão regulador.Em outubro de 2024, ele acusou suposta “omissão” de dirigentes em fiscalizar a atuação da concessionária Enel. Até o momento, a CGU não concluiu a investigação.