Juros futuros acompanham recuo do dólar após falas de Powell

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As taxas dos contratos de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam com leves baixas nesta terça-feira (14), acompanhando a perda de força do dólar ante o real após comentários do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell em evento nos Estados Unidos (EUA).No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2028 estava em 13,385%, em baixa de 3 pontos-base ante o ajuste de 13,415% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2029 marcava 13,35%, ante o ajuste de 13,393%.Entre os vencimentos longos, o contrato para janeiro de 2035 tinha taxa de 13,775%, em queda de 4 pontos-base ante 13,818%.O que mexeu os DIs hoje?Na manhã desta terça-feira (14), o tom dos negócios globais era dado pela busca por ativos de menor risco, como os títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries), dólar e ouro, em detrimento de opções mais arriscadas, como ações, moedas e títulos de países emergentes.Por trás do movimento estavam novamente os receios de um acirramento do embate comercial entre Estados Unidos e China, ainda que o presidente norte-americano, Donald Trump, tenha baixado o tom contra os chineses no fim de semana.Neste cenário, às 9h49 a taxa do DI para janeiro de 2028 atingiu a máxima de 13,470%, em alta de 6 pontos-base, quando o dólar mostrava força e oscilava acima dos R$5,50.No início da tarde, o cenário mudou. Em discurso proferido em reunião da Associação Nacional de Economia Empresarial na Filadélfia, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que o mercado de trabalho norte-americano permaneceu preso em um marasmo de poucas contratações e poucas demissões durante setembro, embora a economia em geral “possa estar em uma trajetória um pouco mais firme do que o esperado”.Ele observou ainda que as autoridades adotarão uma abordagem “reunião por reunião” para decidir sobre a taxa de juros, conforme equilibram a fraqueza do mercado de trabalho com o fato de que a inflação segue bem acima da meta de 2%.Powell também indicou que o fim do processo de redução do balanço patrimonial do Fed — ou seja, o aperto quantitativo (QT) — pode estar próximo.O QT vem sendo executado pelo BC desde 2022 e, na prática, remove as quantidades excessivas de liquidez no mercado financeiro injetadas durante a pandemia de Covid-19. Ao sinalizar o fim do processo, o Fed indica que pretende parar de drenar a liquidez disponível, estabilizando o sistema — o que foi bem recebido pelos mercados globais.Os rendimentos dos Treasuries seguiraam em baixa no fim da tarde. Às 16h35 o rendimento do Treasury de dez anos — referência global para decisões de investimento — caía 3 pontos-base, a 4,021%.Fiscal continua no radarEm Brasília, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou durante audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva começará a trabalhar nesta quarta-feira (15) em alternativas para compensar o impacto orçamentário do arquivamento da Medida Provisória )MP) 1.303 pela Câmara dos Deputados.Cálculos do Ministério da Fazenda apontam que a MP teria impacto fiscal de R$14,8 bilhões em 2025 e de R$36,2 bilhões em 2026, considerando as novas receitas previstas e os cortes de despesas. Sem a aprovação, o governo precisará encontrar opções para fechar as contas.Haddad também defendeu a proposta de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$5 mil mensais, tema da audiência pública no Senado. O texto, já aprovado na Câmara, também prevê desconto no Imposto de Renda (IR) devido por quem ganha até R$7.350. Para bancar a isenção e o desconto, o projeto estabelece novas regras para tributação da alta renda.Perto do fechamento da sessão a curva brasileira precificava em 98% a probabilidade de manutenção da taxa básica Selic em 15% ao ano na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, no início de novembro.Sem catalisadores relevantes no cenário doméstico, o mercado brasileiro acompanhou o tom mais brando de Powell e o recuo do DXY no exterior, movimento que resultou no fechamento da curva de juros local e na queda da cotação do dólar frente ao real”, pontuou Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, em comentário escrito.*Com informações de Reuters