Satélites transmitem chamadas, mensagens e dados militares sem proteção

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Sinais retransmitidos por satélite foram interceptados por antena simples instalada em telhado (foto: Kevin Stadnyk/Unsplash) Resumo Pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Diego e da Universidade de Maryland interceptaram e decodificaram dados de satélites sem criptografia com equipamento de US$ 800.Transmissões incluíam chamadas, mensagens de texto, dados corporativos e informações críticas de segurança e infraestrutura, como plataformas de gás e óleo e usinas elétricas.A interceptação de dados por satélites é um risco conhecido pela NSA desde 2022.Pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Diego e da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, conseguiram interceptar transmissões de satélite e decodificar os dados. Com isso, puderam acessar ligações, mensagens, comunicações corporativas e informações militares.De acordo com uma reportagem da Wired, o trabalho durou três anos e precisou de um equipamento relativamente barato, instalado em um telhado de San Diego. O custo foi de US$ 800 (cerca de R$ 4,4 mil, em conversão direta).A antena foi apontada para diferentes satélites, em um esforço que levou centenas de horas, e conseguiu coletar sinais enviados para a Terra. Eles são obscuros, mas não contam com proteção de criptografia. Assim, foi possível interpretá-los, após meses de trabalho de decodificação.Como os dados foram interceptados?Equipamento de US$ 800 foi suficiente para capturar transmissões (imagem: reprodução/UCSD)No fim do processo, os cientistas acumularam uma coleção ampla de diferentes informações. Entre elas, estão trechos de chamadas e mensagens de texto, principalmente de clientes da operadora americana T-Mobile.O conteúdo interceptado vinha de torres desconectadas do resto da rede. Instaladas em locais remotos e de difícil acesso, elas dependem de satélites para transmitir seus sinais a antenas ligadas a cabos de fibra óptica. Por isso, só foi possível captar um lado das mensagens de texto e de voz. Após ser contatada pelos pesquisadores, a T-Mobile passou a criptografar esses dados.Os pesquisadores também conseguiram captar e interpretar dados de outras operadoras, bem como a navegação de usuários do Wi-Fi em aviões comerciais.A parte mais preocupante envolve transmissões de informações críticas de segurança e de infraestrutura. Os pesquisadores conseguiram encontrar comunicações envolvendo plataformas marítimas de gás e óleo e usinas elétricas.Além disso, os cientistas interceptaram dados de forças militares e de segurança dos EUA e do México, incluindo localizações de pessoas, equipamentos e instalações.E não acaba por aí: os sinais continham também emails corporativos e registros de estoque do Walmart no México, bem como transmissões para caixas eletrônicos do Santander México, Banjercito e Banorte.Risco é conhecido há anosPor mais assustadora que pareça, a possibilidade de interceptar dados transmitidos por satélite já foi levantada pela Agência de Segurança Nacional dos EUA, a famosa NSA, em um documento de 2022. O órgão também chamava a atenção para a falta de criptografia nesses sinais.Por isso, os pesquisadores imaginam que a própria NSA e agências de inteligência da Rússia e da China vêm captando esses sinais há anos.A solução para isso passa pelas empresas e instituições: elas precisam passar a criptografar os dados transmitidos. Antes da publicação do artigo sobre a pesquisa, os cientistas entraram em contato com companhias e órgãos afetados. Alguns, como a T-Mobile, agiram rapidamente, enquanto outros não deram resposta.“Enquanto estivermos trabalhando para corrigir falhas de segurança, ficamos tranquilos com o que fazemos”, disse à Wired Aaron Schulman, professor da Universidade da Califórnia em San Diego e um dos líderes da pesquisa.Com informações da WiredSatélites transmitem chamadas, mensagens e dados militares sem proteção