O Hamas se empenha, nesta terça-feira (14), para restabelecer seu controle nas regiões de Gaza de onde o Exército de Israel se retirou, à espera de novas negociações sobre o plano promovido pelos Estados Unidos, que prevê excluir o grupo islamista palestino do governo do território. Essa movimentação acontece ao mesmo tempo, em que o presidente norte-americano, Donald Trump, advertiu que o Hamas será desarmado inclusive com o uso da violência se for necessário, diante da possibilidade de que o grupo islamista se recuse a entregar as armas voluntariamente.“Se eles não se desarmarem, nós os desarmaremos. E isso acontecerá rapidamente e, talvez, violentamente”, afirmou Trump na Casa Branca, dias depois de ter visitado o Oriente Médio para celebrar o cessar-fogo entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza. “Falei com o Hamas e lhes disse ‘vão se desarmar’, e eles disseram ‘sim senhor, vamos nos desarmar'”, disse Trump ao explicar que transmitiu a mensagem ao grupo “através da minha gente” em vez de fazê-lo por contatos diretos. O líder republicano não deu mais detalhes sobre como pretende realizar o desarmamento do Hamas, a quem concede um prazo “razoável” para entregar as armas, sem precisar um período de tempo concreto. Siga o canal da Jovem Pan News e receba as principais notícias no seu WhatsApp! WhatsApp Trump lembrou também que, para avançar em seu plano de paz, é necessário que o Hamas entregue a Israel os corpos dos reféns falecidos que permanecem em Gaza. “Os 20 reféns já estão de volta e estão bem, como se esperava. Foi libertado um grande peso, mas o trabalho não está terminado. Os mortos não foram retornados como foi prometido”, escreveu Trump em sua rede Truth Social.Após sua primeira fase, com o cessar-fogo, a devolução dos reféns israelenses e a troca de prisioneiros palestinos, a continuação do projeto americano prevê o estabelecimento, na Faixa de Gaza, de um governo sem a presença de membros do Hamas. Desde a entrada em vigor do cessar-fogo, na sexta-feira, após dois anos de guerra com Israel, tem se observado a presença de membros das forças de segurança do movimento islamista em mercados e rodovias em várias cidades da Faixa de Gaza.Várias testemunhas relataram, nesta terça-feira, intensos combates no bairro de Shujaiya, na Cidade de Gaza, nos quais, segundo elas, uma unidade afiliada ao Hamas enfrentava clãs e grupos armados, alguns supostamente apoiados por Israel. Os combates ocorreram perto da chamada Linha Amarela, atrás da qual as unidades israelenses seguem controlando cerca de metade do território. A emissora de TV do movimento islamista, Al Aqsa, postou um vídeo no Telegram que mostra a execução de oito supostos “colaboradores” de Israel em uma rua da Cidade de Gaza.Por outro lado, a Defesa Civil de Gaza, organização de resgate que opera sob a autoridade do Hamas, anunciou, nesta terça, a morte de seis pessoas por disparos israelenses em dois incidentes. O exército israelense afirmou que atirou em “suspeitos” que se aproximavam de suas forças após cruzarem a “Linha Amarela”. No outro caso, também informou ter atirado contra um grupo de civis que considerou uma “ameaça imediata” para as tropas. O Hamas tem sido a facção palestina dominante em Gaza desde 2007, quando derrotou seu rival, o Fatah, em confrontos armados. Israel insiste em que o Hamas não pode ter qualquer papel no futuro governo de Gaza e deve se desarmar. Leia também Netanyahu diz que espera notícias em algumas horas sobre reféns mortos que permanecem em Gaza Israel recupera corpos de quatro reféns mantidos pelo Hamas em Gaza *Com informações da AFPPublicado por Sarah Paula