Garantir a criptografia das mensagens trocadas entre usuários, nas transações em bitcoins ou na proteção de dados críticos está no topo das preocupações de empresas e consumidores. No entanto, com os avanços tecnológicos, essa segurança pode estar com os dias contados.À medida que os computadores quânticos se aproximam da realidade, os algoritmos que hoje protegem nossas informações podem se tornar inúteis – e isso pode acontecer mais cedo do que gostaríamos, afirma uma matéria da Ars Technica.Com o avanço da computação quântica, antigos algoritmos de criptografia podem se tornar ineficientes contra ataques. Imagem: Rawpixel.com/ShutterstockAvanço na proteção das comunicaçõesAté pouco tempo atrás, a principal preocupação das empresas era lidar com as ameaças cibernéticas do presente. Agora, porém, elas enfrentam um novo desafio: decidir como investir para substituir sistemas que, em alguns anos, poderão ser facilmente quebrados por computadores quânticos.Uma exceção a esse ritmo lento é o Protocolo Signal. Diferente da maioria da indústria, a equipe por trás do aplicativo vem liderando o desenvolvimento de um sistema de código aberto que sustenta a criptografia de ponta a ponta usada em mensageiros seguros, como o próprio Signal Messenger.Leia mais:Cientistas criam sistema de 3.000 qubits capaz de operar continuamenteMudou de ramo? Entenda por que a Nvidia está investindo em computação quânticaEstá provado: computadores quânticos superam os tradicionaisTornar o Protocolo Signal seguro contra ataques quânticos foi um grande desafio. O sistema, que já era extremamente complexo, precisava funcionar em perfeita harmonia para evitar qualquer falha. A nova atualização (a segunda desde 2023) foi concluída com sucesso e é considerada um marco importante na proteção das comunicações.Esta parece ser uma melhoria sólida e bem pensada para o Protocolo Signal existente.Brian LaMacchia, engenheiro de criptografia do Farcaster Consulting Group, à Ars Technica.LaMacchia destacou as otimizações feitas nos bastidores para reduzir o impacto no desempenho da rede após a implementação do novo recurso pós-quântico.Diferentemente da indústria, a equipe do Signal vem desenvolvendo um sistema de código aberto que suporta a criptografia de ponta a ponta mesmo sob ataques quânticos. Imagem: Daniel Constante/ShutterstockPassos adotados para otimizar o Protocolo SignalO antigo protocolo X3DH foi substituído por um novo modelo chamado PQXDH, que combina duas tecnologias de segurança: uma tradicional e outra resistente a ataques quânticos.Foi utilizado um novo tipo de criptografia, o ML-KEM-768, criado e aprovado por especialistas do governo dos EUA, para dificultar que computadores quânticos quebrem as chaves de segurança.O aplicativo adicionou uma terceira camada de proteção, garantindo que, mesmo que uma chave seja descoberta, as mensagens antigas e futuras continuem seguras.A cada mensagem enviada ou recebida, o Signal cria uma nova chave, impedindo que alguém decifre toda uma conversa de uma só vez.As novas chaves foram divididas em partes menores. Assim, se a conexão falhar, o app ainda consegue remontar a chave e manter a conversa protegida.Os processos de criptografia foram ajustados para ocorrer em partes e simultaneamente, tornando o sistema mais rápido e seguro.Mesmo que a internet caia, falhe ou seja monitorada, o sistema continua funcionando e mantendo as mensagens protegidas.A estrutura desenvolvida pela equipe do Signal permite que cada mensagem seja criptografada com duas chaves diferentes, que se combinam em uma chave única e mais forte. Com isso, nem mesmo um computador quântico consegue quebrar as camadas de proteção. Imagem: Panchenko Vladimir/ShutterstockMas os desafios não acabaramNeste ponto, a equipe de desenvolvimento percebeu que a nova proteção quântica era rápida demais para se manter sincronizada com o sistema antigo. Em vez de forçar uma integração completa, os engenheiros criaram uma segunda camada de segurança independente, chamada SPQR (Sparse Post Quantum Ratchet), que trabalha em paralelo com a tradicional.Essa estrutura permite que cada mensagem seja criptografada com duas chaves diferentes: uma vinda do sistema clássico e outra do novo sistema. As duas se combinam e formam uma chave única e mais forte. Na prática, isso significa que, mesmo que um computador quântico consiga quebrar uma das proteções, a outra manterá as mensagens seguras.Segundo os engenheiros da Signal, nada muda para o usuário comum. O aplicativo continua funcionando exatamente como antes. A diferença está nos bastidores: agora há uma camada extra de segurança projetada para resistir ao futuro da computação quântica.Se as mensagens criptografadas são gatos, então os textos pós-quânticos são elefantes. Temos que fazer um elefante passar furtivamente por um túnel projetado para gatos.Matt Green, especialista em criptografia da Universidade Johns Hopkins, à Ars Technica.Todas as mudanças serão implementadas nas próximas atualizações do aplicativo, de forma automática, sem necessidade de ação por parte do usuário.O post Signal se antecipa e se torna o primeiro app de mensagens à prova de computadores quânticos apareceu primeiro em Olhar Digital.