O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, continua no caminho certo para se reunir com o líder chinês Xi Jinping na Coreia do Sul no final de outubro, afirmou o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, à medida que ambos os lados buscam aliviar as tensões após novas ameaças tarifárias e controles de exportação.Um retorno à guerra comercial total entre as duas maiores economias do mundo pareceu iminente no final da semana passada, depois que a China anunciou, na quinta-feira, uma ampla ampliação dos controles de exportação de terras raras. Trump respondeu na sexta-feira ameaçando elevar as tarifas sobre produtos chineses para níveis de três dígitos, provocando turbulência nos mercados e nas relações entre EUA e China.Giro do Mercado: Inscreva-se gratuitamente para receber lembretes e conferir o programa em primeira mão Mas, após o fim de semana, Bessent e o Ministério do Comércio da China tentaram acalmar investidores dos dois lados do Pacífico, destacando a cooperação entre suas equipes de negociação e a possibilidade de um caminho adiante a partir da atual trégua tarifária.No entanto, o tom das declarações de ambos os lados continua firme.“Houve uma desescalada substancial”, disse Bessent em entrevista à Fox Business Network nesta segunda-feira (13).Segundo ele, houve comunicações substanciais entre os dois países durante o fim de semana, e haverá reuniões técnicas entre EUA e China esta semana em Washington, à margem dos encontros anuais do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI).“A tarifa de 100% não precisa acontecer”, afirmou Bessent. “O relacionamento, apesar do anúncio da semana passada, é bom. As linhas de comunicação foram reabertas, então veremos como as coisas evoluem”.“O presidente Trump disse que as tarifas não entrarão em vigor até 1º de novembro. Ele se reunirá com o presidente Xi na Coreia. Acredito que esse encontro ainda está confirmado”.Trump e Xi haviam planejado se reunir durante a cúpula do fórum da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), que será realizada na Coreia do Sul no final de outubro.Em comunicado divulgado nesta terça-feira (14), o Ministério do Comércio da China confirmou que uma reunião técnica aconteceu no dia anterior, destacando também negociações anteriores realizadas em Londres, Estocolmo e Madri, que culminaram com uma extensão de 90 dias na trégua tarifária.No entanto, o porta-voz do ministério alertou que “os EUA não podem exigir negociações enquanto simultaneamente ameaçam com novas medidas restritivas”.Durante o fim de semana, autoridades de ambos os países tentaram jogar a culpa pela retomada das tensões comerciais um no outro.O representante de comércio dos EUA, Jamieson Greer, disse no domingo que a China adiou o pedido de ligação telefônica de Washington após o anúncio chinês sobre terras raras, chamando a atitude de “jogada de poder”.No mesmo dia, o Ministério do Comércio da China criticou os EUA por colocar empresas chinesas em uma lista negra de comércio e impor tarifas portuárias sobre navios ligados à China.Os principais índices de Wall Street subiram até 2,2% na segunda-feira, após o sinal de Bessent de que as negociações comerciais seguem no caminho certo. As ações asiáticas também mostraram recuperação tímida no início da terça-feira.Os mercados ignoram, por ora, as tarifas retaliatórias portuárias mantidas por ambos os lados, com as ações da gigante chinesa de transporte marítimo COSCO — uma das mais afetadas pelas tarifas — subiram mais de 2% em Xangai, atingindo o maior nível em três semanas, impulsionadas por um plano de recompra de ações.Ambos os lados prontos para o confrontoApesar dos sinais de diálogo, os dois países continuam preparados para um confronto, com acusações mútuas de tentar desestabilizar a economia global.“A China é uma economia de comando e controle. Eles não vão comandar nem controlar a gente,” disse Bessent, acrescentando que a Casa Branca está em contato com aliados e espera apoio da Europa, Índia e democracias asiáticas.Enquanto isso, Pequim declarou que busca “manter em conjunto a segurança e a estabilidade das cadeias de produção e suprimentos globais”, defendendo seu novo regime de licenças de exportação. Alguns analistas alertam que esse regime pode afetar a produção de bens como carros e eletrodomésticos, mesmo quando nenhuma empresa chinesa está envolvida no produto final.“Os EUA rejeitarão as exigências de licenciamento da China,” disse Bessent em entrevista ao programa “Mornings with Maria”.“A posição da China é consistente: se os EUA quiserem lutar, a China responderá até o fim. Se quiserem dialogar, a porta está aberta,” afirmou o Ministério do Comércio da China em comunicado, encerrando com um tom mais conciliador.“Guiados pelo consenso importante alcançado na ligação recente entre os dois presidentes, ambos os lados devem proteger o progresso duramente conquistado nas consultas”.