Organizações de defesa de imigrantes denunciaram que crianças sob custódia federal nos Estados Unidos enfrentam cada vez mais dificuldades para obter assistência jurídica. Segundo relatos, menores de idade têm sido pressionados por agentes fronteiriços a tomar decisões sem a presença dos pais ou de advogados – decisões que podem resultar em deportação e retorno aos perigos dos quais fugiram.A falta de representação ocorre em um cenário em que o sistema já é historicamente desafiador para crianças. Dados do Transactional Records Access Clearinghouse (TRAC) da Universidade de Syracuse, referência nacional, mostram que cerca de 50% das crianças que entram no sistema de imigração não têm advogado. Nos casos em que estão desacompanhadas, essa taxa pode ser ainda maior em cortes de áreas fronteiriças.Menina de 3 anos é apresentada sozinha em corteO problema ficou evidente no caso de Lucy, uma menina de apenas 3 anos, apresentada a um juiz de imigração em Tucson, Arizona, sem qualquer assessoramento legal. Relatórios indicam que vários menores não acompanhados vêm enfrentando situações semelhantes, resultado dos recentes cortes federais que atingiram organizações responsáveis por fornecer suporte jurídico.Estudos mostram que crianças com advogado têm mais de 70% de chance de permanecer legalmente nos EUA, enquanto aquelas que enfrentam juízes sozinhas têm probabilidade significativamente menor — demonstrando o impacto direto da representação legal na vida dos menores.ICE admite retenção ilegal de centenas de criançasAlém da falta de apoio jurídico, há problemas na custódia. O Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE) admitiu que cerca de 400 crianças foram mantidas além do limite legal de 20 dias. Os atrasos ocorreram devido a falhas logísticas, trâmites judiciais e necessidades médicas.Segundo dados federais, o limite de 20 dias foi estabelecido após o Acordo Flores, que determina regras básicas para o tratamento de menores migrantes. Mesmo assim, organizações apontam que violações continuam ocorrendo, especialmente em períodos de alta no número de chegadas.Especialistas alertam para efeitos legais e humanosCom tribunais permitindo que milhares de menores enfrentem audiências sem advogado, especialistas alertam para riscos profundos.O advogado Dr. João Matheus Loyola explica que a falta de representação legal compromete direitos fundamentais, levando essas crianças a receberem ordens de deportação sem sequer compreenderem o processo. Siga o canal da Jovem Pan News e receba as principais notícias no seu WhatsApp! WhatsApp Ainda segundo advogado, até um estudo sobre a situação foi apresentado ao Congresso dos EUA e revelou que menores de 10 anos têm capacidade quase nula de entender procedimentos legais complexos, e que até adolescentes têm dificuldade em acompanhar processos de imigração.Do ponto de vista humano, psicólogos apontam que comparecer sozinho diante de autoridades pode reforçar traumas pré-existentes relacionados à violência, travessia da fronteira ou separação familiar, com consequências que podem durar anos. Leia também Trump anuncia apreensão de petroleiro venezuelano e Maduro denuncia 'pirataria' Maria Corina Machado chega a Oslo e faz primeira aparição pública em 11 meses