Dólar abre em queda após decisões esperadas de Copom e Fed sobre juros

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O dólar operava em baixa na manhã desta quinta-feira (11/12), um dia depois das decisões dos bancos centrais de Brasil e Estados Unidos sobre a taxa básica de juros das economias dos dois países.Tanto o Banco Central (BC) quanto o Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) anunciaram decisões já esperadas pela ampla maioria do mercado.A autoridade monetária brasileira manteve a taxa Selic em 15% ao ano, enquanto o Fed promoveu o terceiro corte consecutivo de 0,25 ponto percentual, levando os juros para o intervalo entre 3,5% e 3,75% ao ano.No cenário doméstico, nesta quinta-feira, o principal destaque da agenda econômica é a divulgação dos dados do comércio varejista brasileiro em outubro deste ano.DólarÀs 9h22, a moeda norte-americana recuava 0,12% e era negociada a R$ 5,463.Na véspera, o dólar terminou a sessão em alta de 0,62%, cotado a R$ 5,469.Com o resultado, a moeda dos EUA acumula ganhos de 2,5% em dezembro e perdas de 11,51% frente ao real em 2025.IbovespaAs negociações do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), começam às 10 horas.No dia anterior, o indicador fechou o pregão em alta de 0,69%, aos 159 mil pontos.Com o resultado, a Bolsa brasileira registra estabilidade no mês e acumula valorização de 32,25% no ano.Copom mantém “linha-dura”No pregão desta quinta-feira, os investidores repercutem as decisões já esperadas do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC e do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed sobre as taxas de juros no Brasil e nos EUA.O Copom manteve o tom duro no comunicado, em que são feitos comentários sobre a decisão de manter os juros básicos do país em 15% ao ano – o maior patamar desde o fim de maio de 2006. Com isso, o órgão do BC não deu nenhum sinal para o mercado sobre o eventual início do ciclo de redução da taxa.A manutenção dos juros em 15% ao ano era amplamente esperada pelos agentes econômicos. No mercado de Opções de Copom, da Bolsa brasileira, 97,5% dos investidores apostavam na permanência da Selic nesse patamar. A grande dúvida do mercado era se o Copom emitiria algum sinal sobre uma mudança de curso da política monetária. Isso não ocorreu.Os últimos comunicados do órgão do BC já vinham destacando que a “estratégia de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”. Os analistas estavam de olho se a expressão “periodo bastante prolongado” seria mantida no atual texto. E foi. Leia também EconomiaCNI critica decisão do Copom de manter a taxa Selic em 15% ao ano NegóciosCopom mantém linha-dura e não dá sinal de queda da Selic EconomiaBC segue expectativas do mercado e mantém taxa Selic em 15% ao ano NegóciosNa última reunião do ano, BC dos EUA corta juros pela 3ª vez seguida No comunicado dessa quarta-feira, o termo “período prolongado” é mencionado duas vezes nesse contexto de projeção da taxa. “Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado“, cita o texto atual.Em relação ao último encontro do Copom, em 5 de novembro, o novo documento traz uma pequena mudança na projeção de inflação do órgão para o segundo trimestre de 2027, atual horizonte relevante de política monetária. Ela, agora, situa-se em 3,2%. No mês passado, estava em 3,3%.Para Ian Lima, gestor de renda fixa da Inter Asset, o comunicado veio duro, embora idêntico aos anteriores. Ainda assim, deve afetar os contratos de juros com vencimentos mais curtos. “E a evolução da projeção de inflação deixa a porta aberta para um início de ciclo de corte em março”, diz.Rafaela Vitoria, economista-chefe do Banco Inter, diz que, apesar do cenário mais benigno para a inflação corrente e a projeção do BC ter mostrado uma nova queda no horizonte relevante da política monetária, para 3,2%, o Comitê manteve o rigor das últimas reuniões. “Ele não abriu espaço para discussão do início da flexibilização da Selic, o que vai deixar o mercado dividido para a próxima reunião”, afirma.Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, destaca que o Copom sustenta que a atividade econômica segue resiliente e permanecem pressões no mercado de trabalho. “Esses são fatores que sustentam a necessidade de manutenção de uma postura prudente”, diz o analista.Fed corta juros pela terceira vez seguidaNos EUA, o corte nos juros foi de 0,25 ponto percentual, também acompanhando as projeções da maioria dos analistas do mercado. Agora, os juros estão no patamar entre 3,5% e 3,75% ao ano.Foi a terceira redução consecutiva na taxa de juros pelo BC dos EUA. Na reunião anterior do Fed, em setembro, o corte também havia sido de 0,25 ponto percentual.A votação não foi unânime. Stephen Miran, novo integrante do Fed, indicado por Donald Trump, votou por um corte maior, de 0,5 ponto percentual, enquanto Jeffrey R. Schmid e Austan D. Goolsbee votaram pela manutenção da taxa de juros.“Ao considerar a extensão e o momento de ajustes adicionais à meta para a taxa de juros dos fundos federais, o comitê avaliará cuidadosamente os dados recebidos, a evolução das perspectivas e o equilíbrio de riscos. O comitê está firmemente comprometido em apoiar o máximo emprego e em retornar a inflação à sua meta de 2%”, diz o Fed no comunicado que acompanha a decisão.“Ao avaliar a postura adequada da política monetária, o Comitê continuará monitorando as implicações das novas informações para as perspectivas econômicas. O Comitê estará preparado para ajustar a postura da política monetária conforme apropriado, caso surjam riscos que possam impedir o alcance de seus objetivos”, prossegue o Fed no comunicado.“As avaliações do Comitê levarão em consideração uma ampla gama de informações, incluindo dados sobre as condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação, bem como desenvolvimentos financeiros e internacionais.”No comunicado, o Fed diz ainda que “o comitê busca alcançar o máximo emprego e uma inflação de 2% a longo prazo”. E alerta: “A incerteza quanto às perspectivas econômicas permanece elevada. O comitê está atento aos riscos para ambos os lados de seu duplo mandato e considera que os riscos de queda no emprego aumentaram nos últimos meses”.Segundo Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, os dados mais fracos no mercado de trabalho nos EUA foram “suficientes para corroborar esse novo corte, mas as incertezas do que pode vir pela frente deixam dúvidas sobre os próximos passos”. “No momento, as apostas no mercado de juros apontam para uma pausa até meados do ano que vem, seguida de mais dois cortes de 0,25 ponto porcentual até o final de 2026. Entretanto, existem riscos consideráveis para a materialização deste cenário”, avalia.“De um lado, crescem as preocupações com a possibilidade de uma desaceleração mais importante na atividade econômica o que permitiria um maior afrouxamento monetário, envolvendo três ou quatro cortes de 0,25 ponto percentual”, explica Igliori. “Muito tem se falado de que uma correção nos preços de ações de empresas de tecnologia seja provável, o que contribuiria para esse cenário. Além disso, teremos a mudança na presidência do Fed em maio e a expectativa é que o novo mandatário tenha uma postura mais favorável a corte de juros.”Para Igliori, também ainda existem “dúvidas sobre o cenário prospectivo para a inflação no ano que vem”. “Após importante queda até meados de 2023, os índices de inflação ao consumidor permanecem teimosamente acima da meta de 2% ao ano. O que não se sabe ao certo é quanto do impacto potencial das tarifas já está nos preços frente ao que pode aparecer nos próximos meses”, afirma. “Um eventual repique da inflação por conta de repasses das tarifas pode dificultar a redução de juros. Na fotografia atual, existe cerca de 35% de probabilidade implícita nos contratos de juros para termos, no máximo, um corte de 0,25 no ano que vem”, completa o economista.Vendas do varejo no BrasilNo cenário doméstico, os investidores repercutem os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre as vendas do comércio varejista em outubro deste ano.Segundo o IBGE, o volume de vendas do varejo brasileiro cresceu 0,5% em relação setembro, na série com ajuste sazonal, e a média móvel trimestral foi de 0,1%.Frente a outubro de 2024, o volume de vendas do varejo cresceu 1,1%. O acumulado no ano chegou a 1,5% e o dos últimos 12 meses foi a 1,7%.No comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção, o volume de vendas cresceu 1,1 % em outubro. A média móvel foi 0,7%. Na comparação com o mesmo período do ano passado, houve variação negativa (-0,3%).O acumulado no ano foi negativo (-0,3%) e o dos 12 meses ficou estável (0%).