A mobilidade humana é hoje um dos fenómenos que mais influenciam o crescimento económico, a inovação e a transformação social em todo o mundo. Em Portugal, os resultados são particularmente expressivos: 71,7% classificam o impacto económico da migração como positivo, com uma intensidade média de 7.0, numa escala de 10. Esta avaliação coloca Portugal entre os países com perceções mais favoráveis, destacando-se pela relação entre talento internacional, modernização económica e renovação demográfica.A conclusão consta da nova edição do estudo The Next Mindset: Mobilidade Humana, desenvolvida pela LLYC no âmbito da iniciativa Partners for What’s Next, revela que Portugal afirma a sua posição como um dos países europeus onde a migração tem efeitos económicos mais positivos, tanto pela capacidade de atrair talento qualificado, como pelo contributo direto para setores essenciais da economia.O relatório combina uma metodologia própria que integra o Radar IA, uma ferramenta baseada em técnicas de Deep Learning e em métricas de consenso inter-modelos. Este sistema analisou 1.440 respostas geradas por quatro modelos de inteligência artificial, comparando o impacto económico da migração em 12 países, incluindo Portugal.O estudo confirma o impacto positivo da migração a nível global, com exemplos em três países:Motor económico: Em Espanha, a imigração contribuiu com 80% do crescimento económico dos últimos 15 anos. O Banco Central Europeu realça que o aumento de população estrangeira em idade ativa foi uma das principais causas do crescimento na zona euro entre 2023 e 2025;Fonte de inovação: Mais de 46% das empresas da Fortune 500 nos EUA foram fundadas por migrantes ou pelos seus filhos;Inclusão produtiva: Em países como o Peru, o investimento na assistência aos migrantes gera um retorno fiscal de 2,6 soles por cada sol investido, demonstrando que a diversidade é sinónimo de crescimento. Tecnologia, inovação, turismo e hotelaria são os setores que mais florescem De acordo com o estudo, o setor Tecnologia e Inovação é aquele onde a migração gera efeitos mais claros. Os modelos analisados sublinham que cerca de 20% da força de trabalho do setor tecnológico português é composta por profissionais migrantes, que desempenham funções críticas em áreas como inteligência artificial, desenvolvimento de software ou blockchain. Casos empresariais como Unbabel, Farfetch ou Talkdesk, surgem nas narrativas de IA como exemplos de ecossistemas onde a diversidade de talento é motor de competitividade global.O relatório evidencia também o contributo decisivo da mobilidade humana para o turismo e a hotelaria, um dos setores mais relevantes para o PIB nacional. As respostas analisadas referem que a mão de obra migrante foi essencial para a recuperação pós-pandemia e destacam ainda a importância crescente do turismo VFR (Visiting Friends and Relatives), fenómeno amplificado pelas próprias comunidades migrantes residentes em Portugal. Exemplos como a Cervejaria Ramiro, ou a oferta hoteleira do Algarve e de Lisboa, surgem associados a esta dinâmica. Mas também surgem desafiosA agricultura é outro dos setores onde a migração tem um impacto estrutural, sendo considerada indispensável para assegurar colheitas de fruta, melão, olival e horticultura, bem como para modernizar práticas e técnicas de produção. Já na logística e no transporte urbano, Portugal regista um dos consensos mais elevados entre todos os países analisados: os modelos apontam que a economia de última milha, o setor do delivery e projetos de infraestrutura – como a expansão do Metro de Lisboa – dependem, em grande medida, de trabalhadores migrantes.Apesar dos benefícios generalizados, o estudo identifica também desafios num conjunto de áreas, em particular na educação, saúde e administração pública, onde surgem tensões relacionadas com capacidade de resposta e burocracia. Os modelos destacam, por exemplo, a pressão gerada pelo volume de pedidos associados à transição do SEF para a AIMA e as dificuldades de reconhecimento de qualificações, que frequentemente limitam a progressão profissional de muitos migrantes.Para Marlene Gaspar, Diretora-Geral da LLYC em Portugal, «Cada fluxo migratório, cada viagem, reconfigura as economias, redesenha geografias e dinamiza a complementaridade do talento, criando um mapa de oportunidades para aqueles que aprendem a ler o mundo em movimento. A verdadeira vantagem competitiva está na capacidade de interpretar estes grandes movimentos e poder decidir de forma informada e antecipada. O movimento transforma a economia, a sociedade, a cultura e o funcionamento dos mercados.»Aceda à análise completa aqui.O conteúdo Migração vista como positiva pela maioria. Mais de 70% elogiam impacto no país aparece primeiro em Revista Líder.