Todos conhecemos a famosa “gaveta dos cabos e telemóveis”, aquele espaço esquecido onde se acumulam carregadores antigos, telemóveis avariados, baterias sem uso e pequenos aparelhos que se acumulam silenciosamente e se transformam em resíduos esquecidos que nunca chegam aos contentores de recolha seletiva. O que parece apenas acumulação doméstica é, na verdade, o reflexo de um problema global crescente: o aumento de resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos (REEE).A Semana Europeia da Prevenção de Resíduos, que decorreu entre os dias 22 e 30 de novembro, convida-nos a refletir sobre os nossos hábitos e a transformar intenções em ação. Mais do que uma campanha, é um convite para agir, repensar hábitos e dar um destino correto ao que já não utilizamos, permitindo recuperar materiais valiosos que podem ser reintroduzidos no fabrico de novos produtos.É importante desmitificar a perceção de que descartar REEE é um mero ato de “deitar fora”. A reciclagem correta transcende o gesto ambiental. É uma ação individual que contribui diretamente para a poupança de recursos naturais e para a redução da dependência de matérias-primas virgens e escassas. Ao abrir esta gaveta e reintegrar os REEE na economia, estamos a impulsionar a inovação, a fortalecer a economia circular e a gerar impacto social positivo. Ao permitir que materiais valiosos, que muitas vezes são vistos como “lixo”, sejam recuperados, estamos a conferir-lhes uma nova vida.A transformação rumo a um futuro mais sustentável, particularmente na gestão de REEE, começa na educação e na colaboração entre todos. Quando compreendemos o impacto das nossas escolhas e trabalhamos em conjunto, tornamo-nos agentes de mudança. Os mais novos, por exemplo, são impactados através de iniciativas como a Geração Depositrão, que os tornam verdadeiros embaixadores de um novo paradigma ambiental.Esta revolução local ganha força quando a comunidade se une. As parcerias com municípios e autarquias, organizações como a Refood ou a Cáritas, mostram como a cooperação local fortalece o tecido social, cria valor real e promove uma cidadania ativa e solidária. Pequenas ações, multiplicadas por muitos, têm o poder de transformar não apenas hábitos, mas também o futuro das nossas comunidades.Esta mudança, contudo, exige que cada um de nós atue: descartar corretamente, participar em iniciativas locais e incentivar outros a fazer o mesmo. O apelo é claro: a ação deve ser individual e coletiva, hoje e para o futuro. Se unirmos esforços, Portugal afirma-se como um país mais sustentável, resiliente e inovador, um líder pelo exemplo na gestão inteligente dos seus REEE.O conteúdo O tesouro que vive nas nossas gavetas aparece primeiro em Revista Líder.