A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) voltou a chamar atenção, em 2025, para o crescimento de produtos de saúde vendidos pela internet sem qualquer tipo de controle. A recente proibição do óleo de cannabis Full Spectrum Oil, da marca Leve CDB, e de suplementos como Uplife e Audioclean reforça a preocupação com itens que prometem resultados rápidos, mas não apresentam registro sanitário nem comprovação de origem, reacendendo o debate sobre a segurança do consumidor no ambiente digital.Cannabis – Créditos: depositphotos.com / BiancoBlueÓleo de cannabis Full Spectrum Oil e o motivo da proibiçãoO caso do óleo de cannabis Full Spectrum Oil, da marca Leve CDB, ilustra como o mercado digital pode abrigar produtos de origem desconhecida e sem acompanhamento técnico. O item era divulgado e vendido no site oficial da empresa como derivado de cannabis, mas não tinha registro na Anvisa, nem autorização de fabricação ou importação, tampouco comprovação de procedência da matéria-prima.Para produtos à base de cannabis, a legislação brasileira exige comprovação de qualidade, concentração dos componentes, condições de produção e rastreabilidade, garantindo padronização e segurança. Sem essas informações, não há como assegurar que o óleo tenha composição estável ou livre de contaminantes, motivo pelo qual a Anvisa determinou a suspensão imediata da comercialização e de qualquer tipo de publicidade ao público.Quais são as exigências para derivados de cannabis no Brasil?A Anvisa ressalta que derivativos de cannabis só podem ser ofertados dentro de um marco regulatório específico, com indicação para uso controlado, rotulagem adequada e monitoramento. As empresas precisam apresentar dossiês técnicos que comprovem segurança, eficácia e conformidade com boas práticas de fabricação, sob pena de sanções e retirada do mercado.Itens sem registro podem conter quantidades desconhecidas de canabinoides, solventes ou impurezas, representando risco potencial à saúde, principalmente para pessoas em tratamento de doenças crônicas. Além disso, o uso sem orientação médica aumenta a chance de interações medicamentosas e de efeitos adversos subnotificados.Por que produtos sem registro na Anvisa representam risco à saúde?Casos como o do Full Spectrum Oil e dos suplementos bloqueados é segurança, pois esses produtos não passam por avaliação oficial de qualidade nem por testes que comprovem se realmente entregam o que prometem. Isso vale tanto para o óleo de cannabis quanto para cápsulas de emagrecimento ou suplementos ditos “naturais”, muito comuns em campanhas agressivas na internet.Entre os principais riscos associados a itens irregulares, destacam-se situações que podem comprometer diretamente a saúde e mascarar problemas clínicos já existentes:Composição desconhecida: presença de substâncias em doses inadequadas ou ingredientes não declarados no rótulo.Contaminação: risco de microrganismos, metais pesados, solventes ou resíduos químicos no produto final.Interações medicamentosas: possibilidade de o produto interferir em remédios de uso contínuo, sem que o consumidor seja informado.Indicações exageradas: promessas de cura, emagrecimento rápido ou melhora imediata, sem base científica.Quais são os riscos específicos de Uplife e Audioclean?No caso do Uplife, vendido como auxiliar para emagrecimento, a própria fórmula anunciada reunia ingredientes como sene, cáscara-sagrada e outras plantas com ação laxativa ou diurética. Sem estudos clínicos e controle de doses, o uso prolongado poderia desencadear desidratação, alterações intestinais, perda de eletrólitos e dependência de laxantes.Já o Audioclean, divulgado como suplemento para saúde auditiva e clareza mental, não apresentava qualquer comprovação de benefício clínico, o que coloca o consumidor em situação de incerteza quanto aos efeitos no organismo. Nesse cenário, há o risco de o usuário adiar uma avaliação médica adequada, agravando quadros como perda auditiva, zumbidos ou alterações neurológicas.Como o consumidor pode verificar se um produto é regularizado?Diante da grande oferta de óleos, cápsulas e suplementos na internet, a verificação de registro na Anvisa torna-se etapa essencial antes da compra. A checagem é simples e deve ser priorizada especialmente em produtos que mencionam cannabis, emagrecimento ou ganhos rápidos de performance física e mental.Consultar o rótulo ou anúncio: produtos regulares costumam informar o número de registro ou de autorização da Anvisa na embalagem ou na descrição do site.Usar o portal da Anvisa: no site oficial da agência há ferramentas de busca para medicamentos, produtos de saúde e alimentos, onde é possível pesquisar pelo nome comercial, empresa ou número de registro.Desconfiar de promessas absolutas: anúncios que garantem “cura definitiva”, “resultados em poucos dias” ou “sem efeitos colaterais” tendem a fugir do padrão de comunicação de produtos regularizados.Verificar a empresa responsável: fabricantes e distribuidores precisam ter CNPJ, endereço físico e autorização de funcionamento sanitário.Como denunciar produtos suspeitos à Anvisa?Quando for identificado um item suspeito, a orientação da Anvisa é que a situação seja comunicada à Ouvidoria ou pelo telefone 0800 fornecido pelo órgão. Esse tipo de denúncia ajuda a mapear práticas irregulares, retirar produtos do mercado e reduzir o risco de novos consumidores serem expostos a substâncias sem controle sanitário.O consumidor também pode recorrer às vigilâncias sanitárias locais e aos canais de defesa do consumidor, como Procons, para registrar reclamações formais. Essas informações auxiliam na formação de bancos de dados e na definição de ações de fiscalização mais rápidas e assertivas.Fiscalização na internet e responsabilidade compartilhadaA proibição do óleo de cannabis Full Spectrum Oil, do Uplife e do Audioclean mostra como o comércio eletrônico desafia a fiscalização sanitária, dado o surgimento constante de novas marcas e promessas. Produtos podem aparecer rapidamente em sites, redes sociais e plataformas de vendas, muitas vezes com forte apelo visual, linguagem persuasiva e uso de influenciadores digitais.Nesse cenário, a proteção à saúde depende da combinação entre regulação clara, fiscalização contínua, responsabilidade das empresas e atenção redobrada do consumidor. A verificação de registro, a leitura cuidadosa de rótulos e a desconfiança diante de promessas fáceis tornam-se medidas práticas para reduzir riscos, reforçando a importância de priorizar produtos com registro na Anvisa e histórico transparente, especialmente em segmentos sensíveis como cannabis medicinal, suplementos e fórmulas voltadas para emagrecimento.O post Anvisa proíbe óleo de cannabis irregular e acende alerta no Brasil apareceu primeiro em Terra Brasil Notícias.