Império Romano: estudo revela como o “concreto autorregenerador” funcionava

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Você já parou para pensar em como o concreto muito resistente e autorregenerador da época do Império Romano conseguiu se manter firme durante milhares de anos? Qual tecnologia é essa que já existia durante o período da civilização romana, entre 27 a.C. e 476 d.C.? Novas descobertas podem trazer detalhes sobre como o material foi produzido. Pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT), liderados pelo professor Admir Masic, afirmam ter decifrado o que fazia o concreto romano resistir por milênios — e até “se curar” sozinho. Leia mais:Império Romano: mapa inédito revela 300 mil quilômetros de estradas antigasBacia de pedra monumental revela segredos da engenharia e política romanasLápide romana é encontrada em jardim nos EUAPrimeiro estudo realizado em 2023Pompeia conta com vastas estruturas de concreto (Imagem: OllyPlu/Shutterstock)A equipe de especialistas é a mesma que descreveu uma possível fórmula para o concreto romano em 2023, a qual teve como base a análise de uma muralha da cidade de Priverno, no sudoeste da Itália, a qual foi conquistada pelos romanos no século IV a.C. Assim, descobriram na época que o principal composto do concreto era a pozolana, um pó vulcânico reativo oriundo da cidade de Pozzuoli, nos arredores de Nápoles, próximo ao Monte Vesúvio. Segundo os pesquisadores, esse “ingrediente” foi misturado com fragmentos de cal e outros materiais secos. Para finalizar o processo de produção do concreto, a água era adicionada à mistura seca, que depois era aquecida, resultando em uma “mistura quente”.Conforme o concreto endurecia, o método auxiliava na preservação de bolsas de cal muito reativas em um formato de pequenos grãos brancos. Um ponto interessante é que se aparecessem rachaduras, os fragmentos de cal poderiam se recristalizar e dissolver, preenchendo as lacunas. Dessa forma, o concreto romano podia se auto-regenerar. O novo estudoO concreto romano foi encontrado em todo o território do Império Ramano, incluindo o Coliseu (Imagem: ByDroneVideos/Shutterstock)O novo estudo desenvolvido pela equipe do MIT teve como objetivo tirar uma dúvida em relação ao fato de processo identificado em 2023 ser um pouco diferente do que havia sido descrito por Vitrúvio, engenheiro romano que descreveu uma técnica no tratado antigo De architectura libri decem.Neste tratado, Vitrúvio não havia comentado a etapa de “mistura a quente”. Para explorar mais o desenvolvimento do concreto na época, a equipe de Masic fez análises de vestígios arqueológicos de um antigo canteiro de obras em Pompeia, uma cidade que foi soterrada pela erupção vulcânica devastadora em 79 a.C. Assim, notaram que os fragmentos de cal tinham sido pré-misturados com outros ingredientes em uma pilha de matéria-prima seca, mostrando que a teoria desenvolvida em 2023 foi assertiva. “Por meio desses estudos de isótopos estáveis, pudemos acompanhar essas reações críticas de carbonatação ao longo do tempo, permitindo-nos distinguir a cal misturada a quente da cal hidratada originalmente descrita por Vitrúvio”, disse Masic por meio de um comunicado. “Esses resultados revelaram que os romanos preparavam seu material aglutinante pegando calcário calcinado (cal viva), moendo-o até um determinado tamanho, misturando-o a seco com cinzas vulcânicas e, por fim, adicionando água para criar uma matriz cimentante”, completou o especialista.Publicação do estudo: Nature CommunicationsO post Império Romano: estudo revela como o “concreto autorregenerador” funcionava apareceu primeiro em Olhar Digital.