O Vaticano publicou nessa terça-feira (4/11) um decreto aprovado pelo papa Leão XIV que reafirma a posição oficial da Igreja Católica de que Jesus Cristo é o único redentor da humanidade. O documento, divulgado pelo principal órgão doutrinário da Santa Sé, instrui os 1,4 bilhão de católicos do mundo a não se referirem à Virgem Maria como “corredentora” – título usado por alguns fiéis para expressar que ela teria colaborado de modo especial na salvação da humanidade.A nova diretriz encerra um debate teológico que se estendeu por décadas dentro da Igreja e que chegou a provocar divergências entre papas recentes. Segundo o texto, o termo “corredentora” pode “criar confusão e desequilíbrio na harmonia das verdades da fé cristã”, ao sugerir uma partilha indevida no papel redentor de Cristo.“Não seria apropriado usar o título ‘corredentora’”, afirma o decreto. “Esse título corre o risco de obscurecer a única mediação salvífica de Cristo e gerar confusão sobre o papel subordinado de Maria na obra da Redenção.”A instrução reconhece o papel singular de Maria como mãe de Jesus e “intermediária entre Deus e a humanidade”. Ao aceitar dar à luz o filho de Deus, diz o documento, ela “abriu as portas da Redenção que toda a humanidade aguardava”. Leia também Mundo Maduro agradece Lula e papa Leão XIV por pedidos de paz na Venezuela São Paulo Papa Leão XIV abraça bebê do interior de SP: “Momento especial”. Vídeo Mundo Histórico: rei Charles III e papa Leão XIV rezam juntos no Vaticano Mundo Papa Leão XIV ganha cavalo de raça árabe. Vídeo Debate histórico dentro da Igreja CatólicaA discussão sobre o título de “corredentora” é antiga e já dividiu líderes da Igreja. João Paulo II chegou a utilizar o termo em alguns discursos, mas abandonou o uso público após a década de 1990, quando o então Escritório para a Doutrina da Fé demonstrou reservas quanto à sua precisão teológica.Seus sucessores reforçaram a rejeição ao termo. O papa Bento XVI manteve a posição de que Cristo é o único redentor, e o papa Francisco, que morreu em abril deste ano, foi ainda mais enfático. Em diversas ocasiões, Francisco classificou a ideia de Maria como corredentora como “loucura”.“Nossa Senhora não quis ser uma quase-redentora”, disse o pontífice. “O Redentor é um só, e esse título não se duplica.”O decreto de Leão XIV segue essa mesma linha, afirmando que a obra redentora de Cristo é perfeita e não necessita de acréscimos. A decisão visa, segundo o Vaticano, “preservar a clareza da fé e evitar interpretações que possam desviar o sentido central da salvação cristã”.O Vaticano reforça que Maria deve ser venerada como “mãe, serva e discípula”, a mulher que conduziu os fiéis a Cristo, mas não aquela que o iguala em poder ou missão.