Uma corrida de Fórmula 1 impõe ao corpo do piloto uma sobrecarga que vai muito além da habilidade ao volante. Estudos mostram que, durante a prova, a frequência cardíaca média pode ficar acima de 150 batimentos por minuto, alcançando picos próximos de 185 bpm.A temperatura dentro do cockpit ultrapassa facilmente os 45 °C e, em corridas mais quentes, pode chegar a 50 °C. Nesse ambiente, o piloto perde até 3% do peso corporal em líquidos, o que compromete o volume plasmático, o equilíbrio de eletrólitos e a capacidade de manter a concentração até a última volta. Leia mais Antes e depois da corrida: dicas simples para render mais e evitar lesões Galisteu diz que não conseguiu viver luto de Senna: "Tinha que trabalhar" Brad Pitt tem "dom natural" para pilotar, diz diretor de "F1" Perdas hídricas e impacto cardiovascularA desidratação é um dos fatores mais críticos. Taxas de suor entre 0,6 e 2 litros por hora foram descritas em pesquisas com pilotos de automobilismo. Essa perda reduz o volume sanguíneo e eleva a frequência cardíaca, que já trabalha entre 65% e 85% do máximo previsto para a idade. A queda de pressão arterial ao fim da prova pode provocar tontura ou visão turva, exigindo reposição imediata de água e eletrólitos.Forças G, fadiga muscular e metabolismoCurvas, frenagens e acelerações submetem o corpo a forças de até 5 G, obrigando a musculatura do pescoço, ombros, braços e tronco a trabalhar em contrações isométricas prolongadas. A vibração contínua e a tensão postural favorecem microlesões musculares e dor muscular tardia. No metabolismo, há depleção das reservas de glicogênio e produção moderada de lactato, além de estresse oxidativo, o que requer estratégias de recuperação nutricional e repouso adequado.Cérebro, reflexos e estresse térmicoO desempenho cognitivo também sofre. A desidratação e o calor reduzem a velocidade de processamento e a precisão motora, aumentando o risco de erros em momentos decisivos. Treinos específicos para atenção sustentada, hidratação planejada e controle térmico antes e depois da prova ajudam a proteger o piloto de quedas bruscas de rendimento e acidentes.Recuperação e prevençãoLogo após cruzar a linha de chegada, recomenda-se hidratação com soluções isotônicas, ingestão de carboidratos e proteínas, alongamentos e técnicas de liberação muscular. Avaliações periódicas (função cardiovascular, marcadores de estresse muscular e qualidade do sono) permitem ajustar treinamentos e estratégias de corrida. O fortalecimento cervical e do tronco, associado a treinos de resistência aeróbia e controle do calor, são aliados indispensáveis para suportar o ambiente extremo do cockpit.O desempenho seguro e consistente na Fórmula 1 depende de uma visão integrada que envolva preparo físico, foco mental, hidratação, nutrição e monitoramento médico. A medicina esportiva, apoiada na fisiologia do exercício, oferece as ferramentas para que esses atletas enfrentem o desafio das pistas, mantendo saúde e longevidade na carreira.*Texto escrito pelo médico do esporte Rafael Rivas Pasco (CRM/SC 15495 | RQE 15.008), membro da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE) e da Brazil HealthDiretor de “F1” revela por que papel de Simone Ashley foi cortado do filme