*Por Melissa Buzzatto | A noite do último sábado (8) na Vibra São Paulo começou com aquela mistura familiar de expectativa e nostalgia no ar. Antes mesmo da abertura dos portões, um público diverso se aglomerava para assistir a Billy Idol, na primeira de suas duas datas pelo Brasil — Curitiba o recebe na quarta-feira (12).Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.showNa plateia, havia de tudo: de veteranos do punk a jovens vestidos com o mesmo ar provocativo que o artista inglês carregava nos anos 80. Muitos deles já se aglomeravam nos arredores do bar externo, embalado pelo show do Undo, grupo capitaneado pelo vocalista André Frateschi.SuplaNo palco principal, a responsabilidade de aquecer o público ficou nas mãos de Supla, muito mais do que o “Billy Idol brasileiro”. Escolha certeira para a abertura do evento, desde os memes pela semelhança física à real conexão entre dois artistas que sofreram com o rótulo de “punk de boutique” — curiosamente, nome que batiza a banda de apoio do brasileiro.Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.showO “Papito”, sabe-se, não entrega um show dos mais refinados. Entretanto, compensa com energia, presença e um carisma tão autêntico que faz o público se sentir parte da festa. Com figurinos extravagantes e músicos que respiram o glam punk paulistano, ele desfilou canções conhecidas, a exemplo de “Garota de Berlim”, “Green Hair (Japa Girl)” e “Cenas de Ciúmes”, além de composições mais recentes do disco “Nada Foi em Vão” (2025), como “If You Believe in Nosferatu” e a sua releitura de “Be My Baby” (original das Ronettes). Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por Igor Miranda (@igormirandasite)Se a performance de abertura não foi memorável pela inovação, foi pelo clima de comunhão que criou. A reação efusiva aos covers de “She Loves You” (Beatles) e “Let’s Dance” (David Bowie), com uma pitada de autenticidade e o “jeitinho Papito” de ser, ilustrou isso muito bem.Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.showBilly IdolPontualmente às 21h, Billy Idol subiu ao palco com banda completa, backing vocals e a icônica figura do guitarrista Steve Stevens, seu fiel escudeiro desde os anos 1980. Além de Idol Stevens, compõem a formação Billy Morrison (guitarras), Stephen McGrath (baixo), Erik Eldenius (bateria) e Paul Trudeau (teclado) e a dupla Kitten Kuroi e Jess Kav (backing vocals). Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por Igor Miranda (@igormirandasite)O telão, repleto de imagens que revisitavam fases e eras da carreira do vocalista, funcionava como um portal: do punk cru do Chelsea e Generation X, passando pelo estouro solo em Nova York, até os dias atuais. A sensação era de estar diante de um artista que, aos 69 anos, compreende o poder do mito que construiu.Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.showO show, parte da turnê “It’s a Nice Day to… Tour Again!”, tem uma estrutura narrativa bem definida. Logo na abertura com “Still Dancing”, faixa de seu novo álbum “Dream Into It” (2025), Idol mostrou que não veio apenas para revisitar o passado. O novo trabalho apareceu em outros momentos:“77”, parceria com Avril Lavigne que parece mais uma música da artista canadense, soou surpreendentemente grudenta;“Gimme the Weight”, incluída especialmente para o público brasileiro, serviu como gesto simpático e certeiro; “People I Love” antecedeu o clímax da noite com “White Wedding”, e acabou ofuscada pelo peso do clássico que a seguiu.Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.showAinda que as novas canções tenham recebido reações mais contidas, era nítido que parte da plateia mais jovem mostrava-se curiosa e aberta ao novo. Enquanto isso, os fãs veteranos gritavam pedidos, demandando clássicos, deixando claro o que esperavam ouvir. Essa dinâmica gerou um contraste interessante: de um lado, uma reverência nostálgica; do outro, a surpresa de ver que Billy ainda tem algo a acrescentar.E toda vez que os hits chegavam, a Vibra explodia de vez. “Rebel Yell” e “Hot in the City” transformaram o espaço em um grande coral de vozes, com a plateia dançando na pista, entre as cadeiras e se aglomerando nas escadas. A cada uma das pausas marcadas por solos de Steve Stevens — um deles mais longo e com referências até a “Stairway to Heaven” (Led Zeppelin) e “Eruption” (Van Halen) —, Idol respirava fundo, retomava o fôlego e voltava com a pose inconfundível: punho cerrado, olhar desafiador e jaqueta reluzente. A idade pode ter trazido naturalmente um passo mais contido, mas jamais domou sua presença.Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.showE para além de Steve Stevens, cujos solos precisos e performáticos explicativos das razões que o consagram como um dos guitarristas mais expressivos de sua geração, as backing vocals merecem menção especial: nos covers “Mony Mony” (Tommy James & the Shondells) e “Love Don’t Live Here Anymore” (Rose Royce), Kitten Kuroi e Jess Kav brilharam com vozes poderosas, complementares ao tom teatral da apresentação.Outro ponto interessante foi o mosaico de gerações formado pelo público. Havia pais e filhos dividindo memórias, casais embalados por “Eyes Without a Face” e grupos de amigas gritando “Rebel Yell” como um hino libertário. A energia era palpável, mesmo com celulares constantemente erguidos para registrar momentos. Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por Igor Miranda (@igormirandasite)Ao fim do set de aproximadamente 100 minutos, Billy, sem malabarismos ou apelos forçados, despediu-se com a serenidade de quem sabe o valor do nome que carrega. Três anos após uma performance criticada no Rock in Rio 2022, reencontrou sua forma de mostrar ao público brasileiro o brilho que o consagrou ao longo das décadas.Do carisma intacto à voz que impressiona mesmo com as limitações naturais da idade, a apresentação do último sábado (8), serviu como lembrete de que o tempo não apagou seu fogo. Idol nem precisava provar nada para ninguém — e, ainda assim, provou.Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.showBilly Idol — ao vivo em São PauloLocal: Vibra São PauloData: 8 de novembro de 2025Turnê: It’s a Nice Day to… Tour Again!Produção: Move ConcertsRepertório:Still DancingCradle of LoveFlash for Fantasy77Eyes Without a FaceSolo de guitarra de Steve Stevens, com menções a Over the Hills and Far Away, Stairway to Heaven e EruptionMony MonyToo Much FunLove Don’t Live Here AnymoreGimme The WeightReady Steady GoBlue HighwayRebel YellDancing With MyselfHot in the CityPeople I LoveWhite WeddingFoto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.showQuer receber novidades sobre música direto em seu WhatsApp? Clique aqui!Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Bluesky | Twitter | TikTok | Facebook | YouTube | Threads.O post Billy Idol entrega show enérgico e elegante ao público de São Paulo apareceu primeiro em Igor Miranda.