Governo da França pode financiar projeto de terras raras em Minas Gerais

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A mineradora australiana Viridis Mining & Minerals anunciou neste domingo (9), (manhã de segunda-feira (10) na Austrália), que o Projeto Colossus, localizado em Minas Gerais e rico em reservas de terras raras, foi considerado elegível para financiamento da Bpifrance Assurance Export, agência de crédito à exportação do governo francês.A agência é vinculada ao banco de investimento público francês. A informação foi divulgada pela empresa em fato relevante ao mercado.Segundo a Viridis, o reconhecimento pela Bpifrance reforça o caráter “estratégico” do projeto para a cadeia ocidental de minerais críticos, insumos essenciais para a indústria de alta tecnologia e para a transição energética.A Bpifrance Assurance Export atua como o braço financeiro do governo da França voltado a apoiar empresas e projetos considerados estratégicos ao país, seja por meio de garantias, empréstimos ou seguros de crédito à exportação. Leia Mais EUA oferecem até US$ 465 milhões para projeto de terras raras em Goiás Trump inclui cobre e urânio entre minerais críticos; Brasil deve repetir UE e China criam canal especial para garantir fornecimento de terras raras No caso do Colossus, o projeto foi incluído no programa “Garantie de Prêt Stratégique” (Garantia de Empréstimo Estratégico, em português), que oferece garantia soberana parcial sobre financiamentos bancários de iniciativas classificadas como de interesse nacional e geopolítico para a França e seus parceiros.Com a elegibilidade confirmada, o empreendimento passará agora por uma etapa de due diligence, que envolve análises técnicas, financeiras e de crédito detalhadas conduzidas pela própria Bpifrance antes da aprovação formal do financiamento.O Projeto Colossus, que abriga reservas de argilas iônicas ricas em neodímio, praseodímio, térbio e disprósio, já conta com apoio financeiro do BNDES, formalizado em julho de 2025 por meio de um plano conjunto de apoio a projetos de minerais estratégicos no Brasil.O pacote inclui financiamento e linhas de crédito voltadas à pesquisa, inovação e estruturação industrial.Com o apoio combinado dos governos brasileiro e francês, a Viridis espera concluir a decisão final de investimento e iniciar as atividades de desenvolvimento do projeto até o terceiro trimestre de 2026.Centro de pesquisaRecentemente, a mineradora anunciou a construção de um centro de pesquisa e processamento de terras raras, em Poços de Caldas (MG), sem uso de tecnologia, componentes ou equipamentos chineses.Os recursos obtidos junto ao governo francês devem ser utilizados na fase de construção do projeto, além de custear etapas burocráticas relacionadas às fases de pesquisa e licenciamento ambiental.O centro ficará localizado no parque industrial de Poços de Caldas, a cerca de 7 quilômetros das concessões minerais da empresa, e servirá como base para a produção experimental de carbonato misto de terras raras, etapa intermediária na cadeia de extração desses minerais.O início das operações está previsto para o segundo trimestre de 2026.A planta, com capacidade para processar 100 quilos por hora de minério bruto, funcionará como uma unidade de demonstração, voltada a validação de parâmetros técnicos, a otimização operacional e a preparação comercial do desenvolvimento de terras raras da empresa.Outro objetivo do centro é gerar amostras de produto para qualificação de parceiros de offtake, ou seja, empresas que poderão firmar contratos de compra antecipada da produção futura.O anúncio ocorre em meio à ampliação dos controles de exportação impostos pela China sobre as terras raras, um grupo de 17 elementos químicos essenciais para a fabricação de turbinas eólicas, veículos elétricos, chips e equipamentos de defesa.Brasil é a 2ª maior fronteira de exploração de terras raras, diz economista | Abertura de MercadoPequim domina mais de 80% do processamento global desses minerais e, em 9 de outubro, ampliou as restrições, exigindo autorização para exportação de qualquer produto que contenha até traços de terras raras. Há duas semanas, em acordo com os EUA, os chineses voltaram atrás na decisão.A medida, no entanto, acendeu alertas em países ocidentais e intensificou a busca por fornecedores alternativos, como o Brasil.A decisão da Viridis de excluir totalmente insumos e tecnologia da China foi “estratégica”.Segundo a empresa, o objetivo é evitar riscos de dependência e consolidar o Projeto Colossus, localizado no sul de Minas Gerais, como um fornecedor ocidental dentro da cadeia de minerais críticos.“Essa abordagem proativa garante que a Viridis não fique exposta a possíveis atrasos, restrições ou riscos de dependência decorrentes dos novos controles de exportação, e posiciona o Projeto Colossus como um dos poucos empreendimentos de terras raras alinhados ao ocidente capazes de avançar de forma independente da cadeia de suprimentos chinesa”, diz a empresa.A empresa informou, em nota, que o licenciamento ambiental é hoje sua principal prioridade.O estudo e relatório de impacto ambiental foi apresentado em janeiro de 2025, e a expectativa é de que a licença prévia seja concedida em breve.