Dividendos extraordinários do BB (BBAS3): Qual foi a sinalização dada por CFO?

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O Banco do Brasil (BBAS3) divulgou os seus números do terceiro trimestre que até ficaram dentro do esperado, mas que não foram capazes de evitar a queda na bolsa. Por volta das 12h22, o papel exibia queda de 2,98%, a R$ 22,12.Além dos lucros fracos, investidores também temem pela queda dos dividendos. O banco já cortou os payout, que chegou a 45%, para 30%, com um dividend yield (retorno de dividendos) esperado de 4% a 5%, bem abaixo dos 10% dos tempos áureos.Balanço do Banco do Brasil (BBAS3) e fim do shutdown nos EUA; confira análise no Giro do Mercado:Um sinal de alento seria o pagamento de dividendos extraordinários. A possibilidade foi levantada após o resultado do segundo trimestre. Na teleconferência com jornalistas, o CFO, Geovanne Tobias, foi questionado sobre se quantia ficou mais distante ou mais perto.Porém, o executivo afirmou que o banco só terá clareza desse pagamento ao final de 2026.“Teremos todos os trimestres do ano para atravessar e esperamos que, com todas as medidas voltadas ao equacionamento do risco na carteira do agronegócio, consigamos voltar a entregar uma rentabilidade maior do que a observada neste ano — que é o pico da inadimplência nesse setor”.SAIBA MAIS: O Money Times reuniu as recomendações de mais de 20 bancos e corretoras em um conteúdo gratuito e completo para você investir melhor.Segundo ele, caso as estratégias de cobrança e troca de garantias mostrem resultado, o banco poderá alcançar um desempenho melhor em 2026 e até crescimento no nível de capital.“Vamos olhar, ao final de 2026, para o nível de rentabilidade, o nível de capital e também as perspectivas de novas exigências regulatórias a partir de 2027. Só então avaliaremos se vale a pena distribuir um dividendo extraordinário ou se será melhor reforçar a base de capital”, disse.Tobias destacou ainda que, com as medidas já implementadas, o Banco do Brasil conseguiu manter o lucro do terceiro trimestre no mesmo patamar do segundo.“Se observarmos o que está implícito no nosso guidance, o quarto trimestre tende a apresentar um resultado superior ao do terceiro”Após o resultado de R$ 3,8 bilhões, o BB revisou o guidance. A expectativa de lucro no ano passou de R$ 21 bilhões a R$ 25 bilhões para R$ 18 bilhões a R$ 21 bilhões.Banco do Brasil: Queda naturalQuestionado sobre a queda das ações, Tobias disse que é natural que o mercado faça reajustes, muito em função da alta dos últimos dias. Antes do balanço, o BB chegou a subir 8% em um mês, ultrapassando os R$ 23.“Hoje nós estamos sendo negociados a 0,7% do valor patrimonial, um valor muito depreciado. Caiu também o nosso preço-lucro. Talvez o mercado não esperava que nós ajustássemos essas duas linhas de guidance. Aliás, nem poderia esperar, porque nós temos que divulgar equanimemente para todos”, disse.Entre os fatores que ajudaram o BB a reavaliar o guidance, está o aumento das recuperações judiciais no agronegócio.“Esse fenômeno é muito prejudicial ao setor. Até o segundo trimestre, conseguíamos manter um certo controle sobre esses pedidos, mas no terceiro trimestre observamos um aumento ainda maior de agricultores.”Tobias explicou que muitos clientes do agronegócio optaram por esperar, o que resultou em recrudescimento da inadimplência no terceiro trimestre após o lançamento da medida provisória voltada ao setor.“Acreditávamos que todo o esforço junto ao governo e com a medida provisória nos permitiria agir mais rapidamente nas agências. No entanto, a MP 1.314 foi editada apenas no final de setembro e regulamentada no final de outubro, o que não deu tempo suficiente para buscarmos os clientes.”Outro ponto de pressão veio de um evento muito específico na carteira corporativa de grandes empresas, “amplamente noticiado”, que exigiu reforço de provisão não previsto nas projeções do banco.“Esse movimento já gerou um descolamento em relação à nossa melhor estimativa de risco de crédito”, afirmou Tobias.Embora o executivo não tenha citado nomes, o caso pode envolver a Ambipar (AMBP3), que entrou em recuperação judicial com dívidas de R$ 11 bilhões.